William Bittar: Espaços urbanos para lazer infantil no Rio

Colunista do DIÁRIO DO RIO relembra espaços urbanos projetados para a turma infantil, no Aterro, em 1965 e a Cidade das Crianças, em Santa Cruz

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Parque Aquático, Cidade das Crianças, Santa Cruz Acervo Prefeitura

Era uma vez… Esta expressão utilizada desde a antiguidade, em vários idiomas, que deixava a criançada ávida pela continuação da história, já não exerce o mesmo encantamento. Substituída por É agora!, revela o imediatismo e impaciência treinados diariamente nos jogos eletrônicos e parafernálias tecnológicas. Outro texto saudosista?

Talvez sim. Para provocar reflexões na criança que fomos, na semana que se comemora seu dia, criado por decreto do presidente Artur Bernardes em 1924, tornando o Brasil o primeiro país a dedicar uma data para a garotada. Tempos depois, a ONU criou o Dia Universal das Crianças em 20 de novembro, data da aprovação de Declaração de seus Direitos.

Mesmo com data oficial, a sociedade brasileira não demonstrava importância para essa faixa etária, principalmente em relação aos espaços urbanos de lazer. A rua era nosso quintal, palco da realização de brincadeiras diversas, principalmente para os meninos. As meninas deveriam permanecer em casa, com suas amigas, brincando de casinha ou boneca. Simplesmente era assim, com raras exceções para as brincadeiras de roda ou a amarelinha. Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar!

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A efeméride não implicava numa corrida desenfreada às lojas de brinquedos, que eram poucas e caras. Bonecas de pano eram confeccionadas em casa, sob orientação das mães e avós. Os garotos fabricavam seus próprios artefatos de diversão: carrinhos de rolimã, bolas de meia, pipas, botões de galalite ou tampinhas de relógio.

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Os carrinhos de bilha ou rolimã
Acervo Folha Metropolitana

Em 1955, uma marca conhecida lançou uma campanha publicitária para vender uma linha de bonecas, atrelada à data, prática que se disseminou pelas décadas seguintes, consolidando a ocasião como incentivo ao consumo de brinquedos.

Tal prática permanece nas primeiras décadas do século XXI, quando os grandes magazines oferecem produtos eletrônicos, celulares, computadores, tablets, jogos em profusão, incentivando, subliminarmente, a necessidade desses objetos de desejo.

As “brincadeiras de nosso tempo”, presentes até a década de 1970 em nossas ruas, são colocadas em baús de esquecimento, ainda que aquelas práticas fossem indispensáveis instrumentos da prática de civilidade e solidariedade. No entanto, além das escolas, onde e como praticá-las fora das cidadelas dos playgrounds?


Havia praças com seus brinquedos simples, mas eficientes como gangorras, balanços, escorregas, respeitados pelos próprios usuários e seus familiares. Ali também era possível os jogos de bolinha de gude, mata-mata, triângulo ou bulica, a mesma bolinha que foi utilizada como defesa contra os cavalos da repressão na ditadura militar.


As calçadas e ruas com poucos veículos eram o paraíso do lazer infanto- juvenil.


Para as meninas, Amarelinha, Cantigas de Roda, Passa Anel, Berlinda (que poderia ser compartilhada com os meninos, sempre “insuportáveis”), Cabra-cega, Passaraio- passaraio. Para os garotos, uma plêiade de brincadeiras, incluindo algumas violentas,
como Baleia, Garrafão ou Carniça. Outras, quase sempre testando habilidades ou resistência física, como o pique-tá (pega-pega), pique-bandeira, pique-esconde, queimado, linha-de-passe, “time contra” na rua, com gol definido por chinelos, pedras o tijolos, incentivavam a importância do coletivo. Rodar pião ou soltar pipa dependiam da capacidade individual, assim como a bolinha de gude. Ping-pongue ou totó (pebolim) já dependiam de uma mesa específica, que era menos acessível. Jogo de botão poderia acontecer no piso da sala, mas para campeonatos também precisava de uma boa mesa, onde os próprios jogadores dublavam o ruído das torcidas.

Movimento puro, energia latente que aguardava o momento de encontrar os companheiros e ganhar as ruas, principalmente na zona norte da cidade. Voltar para casa com as roupas imundas, os joelhos ralados, prontos para as próximas façanhas.

Nesse universo lúdico, houve a tentativa de implantar alguns projetos de maiores dimensões para as crianças, incentivados pelo poder público, em momentos distintos. Dois deles podem ser destacados:


O primeiro foi construído no recém-inaugurado Parque do Flamengo que, segundo sua idealizadora Lota Soares, estava destinado a contribuir para melhoria da qualidade de vida e propiciar o reencontro dos cidadãos com sua cidade. O projeto foi desenvolvido por uma equipe qualificada que contava com profissionais como o arquiteto Affonso Eduardo Reidy, Roberto Burle Marx e outros, como a educadora Ethel Bauzer Medeiros, responsável pelos equipamentos e áreas de recreação, como o parque infantil, inaugurado em 1965, com uma área de 30.000m², planejado como espaço aberto, seguro, com programação recreativa e fácil manutenção.


Ali estava a Cidade das Crianças ou Aldeia das Meninas, projetada pela arquiteta Maria Laura Osser, uma minicidade em blocos de concreto colorido, em escala reduzida, representando diversos edifícios comuns numa cidade tradicional. Os acessos se faziam por um labirinto, projetado por Carlos Werneck de Carvalho, incentivando as descobertas e os estímulos sensoriais.

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Projeto da arquiteta Maria Laura Osser para a Aldeia das Meninas, Flamengo
Revista Módulo, n. 37, 1964

Todo o conjunto, denominado Recreio Infantil Lota Macedo Soares, localizado à Avenida Beira-mar, entre as ruas Buarque de Macedo e Ferreira Viana, inserido no Parque do Flamengo, recebeu proteção federal, com inscrição no Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em 1965 e municipal, em 1995.

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Labirinto na Cidade das Crianças
Acervo Particular

Muitos cariocas sequer tem conhecimento de sua existência, mas o espaço, uma atração para pais e filhos, por conta de diferentes fatores como a manutenção e segurança pública, certamente jamais atrairá a mesma quantidade de usuários de décadas atrás. Várias iniciativas municipais tentaram recuperar aquele setor do parque, nem sempre bem-sucedidas, mas necessárias para devolvê-lo ao público infantil.

Quase quatro décadas depois, em 2004, o governo municipal inaugurou um parque urbano em Santa Cruz, com a mesma denominação de seu antecessor, no Flamengo, Cidade das Crianças, numa grande área onde funcionava a fábrica de escolas, os CIEP’s, construídos durante o governo de Leonel Brizola.

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Portal de acesso à Cidade das Crianças, Santa Cruz
Acervo Prefeitura

Tratava-se de um grande equipamento, na zona oeste da cidade, com cerca de 185.000 m² de área, contando com diversas instalações destinadas à cultura, esporte e lazer: praças, teleféricos, praça de alimentação, teatro, biblioteca, quadras, piscinas e parques temáticos.

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Parque Aquático, Cidade das Crianças, Santa Cruz
Acervo Prefeitura

Alguns anos após a inauguração, a Cidade das Crianças enfrentou diversos problemas relativos à falta de manutenção dos equipamentos e questões de acesso e segurança pública, diminuindo a frequência diante do abandono e deterioração da área.

Em fevereiro de 2019, o parque foi reaberto após fechamento para obras de recuperação, porém sem o perfil original para atender predominantemente ao público infantil.

Sem novos projetos de áreas públicas para crianças, insegurança nas ruas e praças abandonadas, avanço das atrações digitais, o resgate da cultura das antigas brincadeiras é um exercício e desafio para pais e educadores, que pode ser implementado nos cimentados dos playgrounds nas cidadelas urbanas.

São práticas que possibilitam vivenciar novas (antigas) experiências, assim como o fizeram seus avós, desenvolvendo emoções, renovando o contato social através de aprendizados que resgatam e consolidam valores de companheirismo e cidadania que as cidades teimam em abandonar no cotidiano infantil.

Resgatar essa cultura é um rico exercício, pois possibilita às crianças conhecer e vivenciar novas experiências, além de uma
reflexão empática de como brincavam as infâncias de outrora.Ao abordar e praticar as brincadeiras dos tempos dos pais e avós, amplia-

[4] O parque foi reinaugurado no dia 21 de fevereiro de 2019 após alguns meses fechado por conta de obras de revitalização em algumas áreas. [2]

A Cidade das Crianças Leonel Brizola foi uma tentativa frustrada do então prefeito da época Cesar Maia, de trazer uma opção de lazer ao bairro. Contando com diversasinstalações, dividido em setores, são eles:

Nos anos seguintes à inauguração, a Cidade das Crianças teve problemas relativos à falta de manutenção de seus equipamentos. [4] O parque foi reinaugurado no dia 21 de fevereiro de 2019 após alguns meses fechado por conta de obras de revitalização em algumas áreas. [2]

setor A (Cidade/Cultura): composto por ruas, praças, píer, estação de teleférico, lojas, praça de alimentação, parque de diversão, teatro com 300 lugares, chafariz, biblioteca e brinquedoteca;

setor B (Esporte): quadras poliesportivas, campo de futebol soçaite, quadra de tênis, anfiteatro e piscinas (adulto e infantil);

setor C (Campo): lago e brinquedos temáticos.

A Cidade das Crianças Leonel Brizola é um parque urbano situado no bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Com cerca de 186 mil m² de área, localiza-se no km 0 da Rodovia Rio—Santos.

parque foi inaugurado em 2004, durante o segundo mandato de Cesar Maia como prefeito da cidade do Rio de Janeiro. [1] A construção custou na época cerca de R$ 30 milhões. Nos anos seguintes à inauguração, a Cidade das Crianças teve problemas relativos à falta de manutenção de seus equipamentos. [4] O parque foi reinaugurado no dia 21 de fevereiro de 2019 após alguns meses fechado por conta de obras de revitalização em algumas áreas. [2]


A Cidade das Crianças Leonel Brizola foi uma tentativa frustrada do então prefeito da época Cesar Maia, de trazer uma opção de lazer ao bairro. Contando com diversas instalações, dividido em setores, são eles:

setor A (Cidade/Cultura): composto por ruas, praças, píer, estação de teleférico, lojas, praça de alimentação, parque de diversão, teatro com 300 lugares, chafariz, biblioteca e brinquedoteca;

setor B (Esporte): quadras poliesportivas, campo de futebol soçaite, quadra de tênis, anfiteatro e piscinas (adulto e infantil);

setor C (Campo): lago e brinquedos temáticos. Era previsto na época uma média de 25mil pessoas por mês, gratuitamente e para todas
as faixas etárias.

Mas porque tendo tudo isso o parque encontra esse abandono? Podem ser por vários fatores:

Nome: Labirinto da Cidade das Crianças
Data de Inauguração: Out/1965
Autor: Carlos Werneck de Carvalho
Fundição/Atelier:
Propriedade: Pública

Tombamento: Tombamento Federal pelo processo nº 748-T-64 inscrição nº 39, Livro Arqueológico, etnográfico e paisagístico, folha 10, 28/0765 Bem tombado pelo DGPC pelo Decreto 13 590 de 9 de setembro de 1995. Ano (tombamento): 1965

as Crianças ou Aldeia das Meninas, as quadras esportivas, a área de brinquedos e a quadra de Gateball. A construção da biblioteca prevista em projeto, não foi re Aldeia das Meninas (Cidade das Crianças)

  • Projeto da arquiteta Maria Laura Osser
  • Mini-cidade em concreto colorido
    representando diversos edifícios existentes
    numa cidade como: prefeitura, escola,
    escritório, casas interligadas com área e
    tanques, móveis e bar

resgatar essa cultura é um rico exercício, pois possibilita às crianças conhecer e vivenciar novas experiências, além de uma reflexão empática de como brincavam as infâncias de outrora.Ao abordar e praticar as brincadeiras dos tempos dos pais e avós, amplia-

Em 1953, Reidy desenvolve o projeto para o Museu de Arte Moderna e em 1961, o Governador Carlos Lacerda cria um Grupo de Trabalho, com a função de coordenar o projeto do Parque do Flamengo. Reidy foi convidado por Lotta11 de Macedo Soares, presidente do grupo, para elaborar o projeto para a área do aterrado

No projeto do parque os principais elementos estruturadores foram o sistema viário e o paisagismo. Para Lotta, o Parque estava destinado a contribuir para a melhoria da qualidade de vida, conter a ofensiva da especulação imobiliária e possibilitar a reconciliação dos cidadãos com sua Cidade (Figura 13)

dealizado e planejado por um grupo de trabalho multidisciplinar, o projeto foi coordenado por Lotta Macedo Soares, personagem importante no processo de formação desse grupo de profissionais e peça-chave que influenciou posteriormente o seu processo de tombamento. O Parque do Flamengo foi projetado por uma equipe que tinha à sua frente o arquiteto Affonso Eduardo Reidy. A equipe contou com um grupo de especialistas em cada área específica do projeto e toda uma estrutura de profissionais de apoio. A ficha técnica destaca os principais representantes do projeto

Lotta Macedo Soares Coordenadora
Affonso Eduardo Reidy Projeto Arquitetônico
Jorge Machado Moreira Projeto Arquitetônico
Berta Leitchic Engenharia
Ethel Bauzer Medeiros Recreação
Carlos Werneck de Carvalho, Sérgio Bernardes e
Hélio Mamede
Desenvolvimento de projetos de arquitetura
Luiz Emygdio de Mello Filho Botânico
Roberto Burle Marx e Associados Projeto Paisagístico

O Parque Infantil – Playground O Parque Infantil, inaugurado em 1965, ocupa uma área de 30.000m². Projetado pelo Grupo de Trabalho, o Parque foi planejado para oferecer um espaço livre amplo, seguro,atrativo e moderno. Foram previstos além da qualidade das instalações, seus aspectos de fácilmanutenção, sua programação recreativa e uso com as instituições do entorno.

O equipamento de recreação projetado teve a programação recreativa desenvolvida por Ethel Bauzer Medeiros, coordenadora membro desta disciplina no Grupo. Segundo Medeiros (1971), as diretrizes de projeto elaboradas foram atendidas em praticamente sua
totalidade

Harmonia com o conjunto arquitetônico do parque;
? Economia, facilidade de manutenção e simplicidade;
? Diversidade e atendimento ao maior número de pessoas com segurança;
? Planejamento flexível em função das condições mutantes de vida que costumam
exigir
adaptações ou alterações;
? Amplo contado com a natureza e conforto de acordo com as atividades propostas;
? Brinquedos que possam oferecer desenvolvimento global: físico, intelectual,
emocional e social;
? Possibilidade uso em todas as épocas do ano;
? Setorização bem definida. Prever espaços livres, de movimento e entretenimento e
de
aconchego;
? Manutenção periódica;
? Proteção e segurança, inclusive nos acessos. Instalar “borboletas” para controle e
acessos de pequena abertura para proteção. Prever travessia de pedestres no acesso;
? Instalação de piso colorido e antiderrapante no espelho d’agua e piso com material
de
areia ou de composição entre a cortiça ou borracha nas áreas de brinquedos, para
proteção de quedas;
? Previsão de atividades distintas e em lugares separados para crianças a partir de
doze
anos, pois não apresentam o mesmo interesse de lazer;
? Prever em cada parque de recreação um pavilhão central dotado de ampla área
coberta, para atividades manuais, danças ou jogos de salão, ocupações muito
procuradas nos dias de chuva ou de intenso calor. Nele ficarão ainda localizados os
depósitos para a guarda do material, bem como a saleta do recreador (com um
recanto
para socorros urgentes), além dos sanitários.
? O pavilhão destina-se não apenas a acomodar os frequentadores mas a facilitar a
32

Cidade das Crianças ou Aldeia das Meninas, as quadras esportivas, a área de brinquedos e a Fonte: revista Módulo nº37, p39, ano 1964, www.parquedoflamengo.com.br (acesso em 10 out. 2017)

A Cidade das Crianças Leonel Brizola é um parque urbano situado no bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Com cerca de 186 mil m² de área, localiza-se no km 0 da Rodovia Rio—Santos.

A Cidade das Crianças tem como finalidade prover lazer aos moradores de Santa Cruz e de outras localidades nas imediações. O espaço conta com: piscina; quadras de esporte; praça; área de recreação; teatro com capacidade para 300 pessoas; biblioteca infantil; brinquedoteca; viveiro para aves; e posto de saúde. São oferecidas aulas de natação, hidroginástica, balé e futebol, dentre outras opções, para pessoas de todas as idades. Aos finais de semana, famílias costumam fazer piquenique no local. [1][2] Anexo à Cidade das Crianças, situa-se o Museu Cósmico, também conhecido como Planetário de Santa Cruz, um museu dedicado à Astronomia inaugurado em 2008. [3]

O parque foi inaugurado em 2004, durante o segundo mandato de Cesar Maia como prefeito da cidade do Rio de Janeiro. [1] A construção custou na época cerca de R$ 30 milhões. Nos anos seguintes à inauguração, a Cidade das Crianças teve problemas
relativos à falta de manutenção de seus equipamentos. [4] O parque foi reinaugurado no dia 21 de fevereiro de 2019 após alguns meses fechado por conta de obras de revitalização em algumas áreas. [2]

A Cidade das Crianças Leonel Brizola foi uma tentativa frustrada do então prefeito da época Cesar Maia, de trazer uma opção de lazer ao bairro. Contando com diversas instalações, dividido em setores, são eles: setor A (Cidade/Cultura): composto por ruas, praças, píer, estação de teleférico, lojas, praça de alimentação, parque de diversão, teatro com 300 lugares, chafariz, biblioteca e brinquedoteca; setor B (Esporte): quadras poliesportivas, campo de futebol soçaite, quadra de tênis, anfiteatro e piscinas (adulto e infantil); setor C (Campo): lago e brinquedos temáticos. Era previsto na época uma média de 25mil pessoas por mês, gratuitamente e para todas as faixas etárias. Mas porque tendo tudo isso o parque encontra esse abandono? Podem ser por vários fatores:

21/02/2019 12:17:00

A Cidade das Crianças, parque público de 186 mil m2 em Santa Cruz, na Zona Oeste, maior do que a Quinta da Boavista, foi reinaugurada oficialmente nesta quinta-feira (21/2), com muita festa, em evento que reuniu cerca de 300 pessoas. Ali a Prefeitura
oferece gratuitamente atividades de lazer e cultura para pessoas de todas as idades. O local, que voltou a funcionar no último fim de semana, costuma receber 3 mil frequentadores aos sábados e domingos e mantém atrações também em dias úteis

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Carioca, arquiteto graduado pela FAU-UFRJ, professor, incluindo a FAU-UFRJ, no Departamento de História e Teoria. Autor de pesquisas e projetos de restauração e revitalização do patrimônio cultural. . Consultor, palestrante, coautor de vários livros, além de diversos artigos e entrevistas em periódicos e participação regular em congressos e seminários sobre Patrimônio Cultural e Arquitetura no Brasil.
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1 COMENTÁRIO

  1. Temos um dilema aqui:

    Como oferecer segurança para que os pequenos voltem a ocupar e se socializar nas ruas, se estas estão tomadas por motoqueiros entregadores, sempre apressadinhos para chegar logo ao local de entrega, inclusive desrespeitando regras básicas de trânsito seguro? Essa pressa começa nos entregadores ou vem dos clientes, especialmente aqueles que estão esperando comidinha? O marketing de entrega de comida à domicílio não destaca, além da conveniência, justamente a rapidez do serviço? A quantidade de motos e o excesso de velocidade dos veículos incentiva ou inibe a ocupação das ruas?

    Como oferecer segurança para que os pequenos voltem a ocupar e se socializar nas ruas, se estas estão tomadas por carros de transporte por aplicativos, também apressados para chegar logo ao local do cliente? E porque essa pressa? Quem mais se irrita se o carro demorar um pouco para chegar, o motorista ou o cliente passageiro? Quem ganha avaliação negativa se o carro demorar um pouco mais para chegar, o cliente ou o motorista? Aliás, por que se dá tanta prioridade ao transporte individual por aplicativo, em detrimento do transporte coletivo ou alternativo de baixo risco (ex. bicicletas NÃO MOTORIZADAS!!!)? A quantidade de carros e o excesso de velocidade dos veículos incentiva ou inibe a ocupação das ruas?

    Há outros fatores que tiram pessoas das ruas (insegurança, excesso de entretenimento digital em casa, etc), mas a truculência do trânsito tem um grande peso. A questão é: em nome da conveniência e da rapidez no atendimento de certas demandas da vida moderna, estamos abrindo mão da interação entre pessoas e da socialização saudável, e o espaço público fica cada dia mais inóspito. Queremos aprofundar esta tendência? É possível voltar? Para retomarmos a convivência social segura, devemos obrigatoriamente abrir mão de praticidades tecnológicas? Quem se dispõe a deixar o celular de lado e caminhar até um ponto de ônibus ou até a lanchonete mais próxima, como quase todos nós fazíamos até bem pouco tempo atrás?

    Nosso estilo de vida afeta o estado de coisas. Se algo incomoda, é preciso entender como surge, e tentar atuar nas causas. Caso contrário, vamos apenas continuar reclamando dos sintomas ao invés de combater a infecção.

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