William Bittar: Infinito Poder Feminino – Dia Internacional da Mulher

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre a Força Feminina, princípio gerador de todas as coisas viventes

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Guerreiras africanas Agoji do Reino de Daomé, no século XIX - Bilhete postal

O ser humano é hóspede não convidado do planeta Terra e desde seus primórdios tenta explicar essa estranha relação com a Mãe Natureza.

Mãe! Mulher! A Força Feminina, princípio gerador de todas as coisas viventes, imediatamente observada por aquele homo habilis que vagava pelas planícies há cerca de dois milhões de anos.

Afinal, era do ventre materno que surgia a descendência e a garantia de sua permanência entre campos e savanas desconhecidos.

Surgiriam as sociedades organizadas, a necessidade de compreensão dos mistérios do universo e a figura feminina naturalmente destacava-se nas primeiras manifestações religiosas ou tentativas de compreender a criação do mundo.

Para os gregos, uma divindade feminina simbolizava a Terra: Gaia, a mãe de todos os deuses, nascida depois de Caos. Era a própria força elementar da Natureza.

Depois viria Artêmis ou Diana, a caçadora. Havia também as Amazonas, audazes guerreiras…Mulheres.

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Representação grega das Amazonas

Os povos nórdicos também elegeram uma divindade feminina, Jord, para personificar a Terra, além da força das Valquírias.

Para muitos cultos africanos, Iemanjá é a mãe dos principais orixás e uma das mais poderosas iabás, em conjunto com Iansã, Oxum e Nanã.

O próprio cristianismo conta com a importância da força feminina, pois segundo sua própria tradição, Jesus foi gerado por Maria, ungida pelos céus. Ave Maria, cheia de graça!  Depois preterida pelo poder masculino expresso nos evangelhos, escritos pela mão do…homem.

Por tudo isso e muito mais, em 08 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, pouco demais para representar o Infinito Poder Feminino amplamente distribuído pela história e machistamente relegado a planos secundários, terciários ou inexistentes. Afinal, grande parte da história foi escrita pelos vencedores… homens.

Indispensável registrar que a data foi conseguida com muita luta feminina e não se trata de uma concessão. Após diversos episódios que vitimaram mulheres trabalhadoras desde meados do século XIX, em 1910 a ativista alemã Clara Zetkin, propôs sua criação.

Foi em 1917, no centro efervescente de uma Rússia czarista, antecipando a Revolução de Outubro, que mulheres operárias do setor de tecelagem entraram em greve, conclamando camaradas do setor de metalurgia. Era dia 08 de março e a data assinala a importância do papel feminino em grandes episódios do século XX, tornando-se referência para tal celebração.

É uma modestíssima forma de homenagear a grandeza da trajetória feminina, pois cada mulher representa todas aquelas que já vieram: orientais, ocidentais, indígenas, africanas, iabás, guerreiras, cativas, santas, deusas, avós, filhas, mães, todas anunciando que estão prontas para seguir a caminhada.

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Guerreiras africanas Agoji do Reino de Daomé, no século XIX

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Carioca, arquiteto graduado pela FAU-UFRJ, professor, incluindo a FAU-UFRJ, no Departamento de História e Teoria. Autor de pesquisas e projetos de restauração e revitalização do patrimônio cultural. . Consultor, palestrante, coautor de vários livros, além de diversos artigos e entrevistas em periódicos e participação regular em congressos e seminários sobre Patrimônio Cultural e Arquitetura no Brasil.

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