William Siri: A geração de emprego e de melhores condições de trabalho tem que ser para todos

Crescimento da população desempregada acentua desigualdade entre regiões da cidade e demanda políticas públicas urgentes

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Imagem meramente ilustrativa da Carteira de Trabalho e Previdência Social - Foto: Reprodução

Os desafios para a geração de emprego e a melhoria das condições de trabalho são grandiosos, mas encará-los é mandatório para quem está na gestão pública. O povo brasileiro vem sentindo na pele a falta de oportunidade e os dados não mentem sobre o tamanho do problema. 

No biênio 2020-2021, a taxa anual média de desemprego no Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou acima dos 13%. Isso representa quase o dobro do registrado em 2014, quando a taxa foi de 6,9%. 

Obviamente, a pandemia da COVID-19 contribuiu para o aumento da população desempregada no mundo todo, não sendo esse um fenômeno exclusivamente brasileiro. No entanto, por aqui a taxa média de desemprego vem ultrapassando a casa dos dois dígitos desde 2016, não sendo algo recente ou restrito ao período da crise sanitária global. 

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O Brasil vive um cenário de grande desocupação da sua força de trabalho há anos e, de acordo com estudos recentes, o desemprego tende a permanecer em patamares elevados: para este ano, está previsto ficar em 13,7%. E, infelizmente, a cidade do Rio de Janeiro tem seguido a tendência. Se a economia carioca já estava bastante debilitada antes da pandemia, com o número de demissões em alta, a Covid agravou o cenário já ruim.

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Saldo de Postos de Trabalho na Cidade do Rio de Janeiro

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O mais preocupante é que a situação não apresenta sintomas de melhora. A cidade do Rio de Janeiro não tem conseguido criar postos de trabalho suficientes para superar as baixas acumuladas. Se o crescimento da população desempregada em toda cidade já é alarmante, sob o ponto de vista da Zona Oeste a questão é ainda mais séria.

Historicamente, a região, que corresponde a quase metade do território municipal (48,4%) e possui cerca de 1,5 milhões de habitantes, nunca esteve no centro das políticas públicas. De forma inexplicável, nunca foi priorizada no orçamento da cidade ou na elaboração de contratos para melhorias de infraestrutura. Um quadro que persiste e que, por isso, tem sido objeto de denúncias do nosso mandato dia após dia.

Hoje, quando falamos da distribuição de empregos formais (daqueles de carteira assinada, que asseguram os direitos do trabalhador, mesmo que com muito menos direitos do que considero justo), os dados mostram que há uma concentração de vagas no Centro/Zona Sul, com 46%, seguida pela Zona Norte, com 27%. A Zona Oeste aparece só depois, com 23%.

Outro ponto importante de jogarmos luz é em relação aos trabalhadores sem carteira assinada. A menor participação dessa população é residente do Centro/Zona Sul, enquanto a maioria mora justamente na Zona Oeste. Ou seja, trabalho e emprego são questões ainda mais urgentes para quem mora nesta parte da cidade.

Para mudarmos essa realidade, a gestão municipal precisa elaborar projetos de superação da crise que a cidade vive a partir da Zona Oeste. Quando a Prefeitura pensar em alguma política pública para dinamizar o comércio e os serviços, tem que ter em mente que na região esses setores empregam, de forma conjunta, cerca de 80% da população. 

E não é só isso. Quando a Prefeitura elaborar planos que envolvam créditos aos empreendedores, tem que lembrar que na Zona Oeste quase 96% dos estabelecimentos são de micro e pequeno porte. Da mesma forma, quando ela “liberar” orçamento para melhorias de infraestrutura, precisa recordar que o Distrito Industrial de Santa Cruz (que gera mais de 18 mil postos de trabalho) precisa urgentemente de obras de pavimentação, drenagens, entre outras. 

Nas discussões sobre mobilidade urbana, a Prefeitura também precisa entender que quem mora na Zona Oeste faz grandes deslocamentos utilizando o transporte público. Hoje, os trajetos demoram de duas a três horas até o trabalho, em ônibus e trens lotados e sucateados. 

Tentando compreender todos esses desafios, nosso mandato realizou uma audiência pública neste mês de maio para dialogar com a sociedade civil e o Poder Executivo. Nela, cobramos projetos que abram frentes de trabalho na nossa região que visem também os jovens, as mulheres e as pessoas com deficiência física.

Cabe lembrar que temos uma excelente oportunidade de amenizar a preocupante situação de desemprego: em 2023 a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai instalar a maior fábrica de vacinas da América Latina no Distrito Industrial de Santa Cruz. Esse Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde tem previsão de gerar mais de 5 mil postos de trabalho. Faz-se urgente que o Poder Executivo Municipal crie um programa onde a seleção e contratação priorize trabalhadores desempregados da própria Zona Oeste, assegurando condições dignas de remuneração, treinamento e capacitação profissional.

Nosso mandato segue firme nas fiscalizações e nas cobranças à Prefeitura e totalmente empenhado na luta por mais investimentos, políticas públicas, geração de empregos e melhorias nas condições de trabalho para todos.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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