Por André Delacerda.
O Rio é uma cidade formada por homens notáveis. Isso é indiscutível. Sergio Besserman, ex presidente do IBGE, economista, professor, pesquisar, ambientalista e atual presidente do Instituto Pereira Passos; é um destes, que compõe a nata de pessoas com profunda sabedoria, e que por certo ajudam a construir os alicerces do Rio do futuro, que começa a se desenhar através de estudos científicos e muito planejamento.
Besserman nos concedeu a honra de uma importante entrevista sobre o tema Mudança Global do Clima e suas implicações na cidade do Rio de Janeiro.
Este cidadão carioca, estudioso e gestor; traz importantes revelações sobre o que vem sendo feito em âmbito local, na busca por soluções contra o Aquecimento Global.
A nossa conversa com ele, é divida em duas reportagens.
Diário do Rio -Visando a apresentar inicialmente o Instituto Pereira Passos aos Cariocas. O senhor poderia fazer um breve relato sobre a Instituição?
Sergio Besserman – O Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos tem sua origem na Fundação RioPlan. Criada em 1979 e posteriormente transformada em Empresa Municipal de Informática e Planejamento, a IplanRio desempenhava atividades de informática, planejamento urbano, projetos urbanísticos, produção de estatísticas gerenciais, além de ser responsável pela base cartográfica do Município do Rio de Janeiro. Em 1998, a empresa IplanRio foi desmembrada e continuou responsável pela área de macroinformática da Prefeitura. As funções relativas ao planejamento urbano e à produção de informações gerenciais e cartográficas do município passaram para o novo Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP.
IPP é uma autarquia criada pela Lei nº 2689 de 01/12/98 e vinculada à Secretaria Municipal de Urbanismo, é responsável pelo planejamento urbano, pela produção de informações estatísticas, geográficas e cartográficas, pelo desenvolvimento de projetos estratégicos que subsidiam políticas setoriais e estudos socioeconômicos. O IPP desenvolve uma visão sistêmica de projetos de renovação, revitalização e reestruturação urbanas, integrando objetivos sociais, econômicos e culturais. Aqui, pensamos e planejamos o Rio de Janeiro do futuro.
Diário do Rio – Quais os principais projetos em andamento no IPP?
Sergio Besserman – O IPP apenas elabora os projetos e faz o acompanhamento em conjunto com outras secretarias municipais.
Projetos que permanecem em curso em conjunto com diversas secretarias da Prefeitura do Rio de Janeiro:
- Estudos de Viabilidade Econômico-Financeira do Plano de Requalificação Urbana para a Região Central, em cooperação técnica com o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, o Atelier Parisiense de Urbanismo – APUR e o Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM;
- Acompanhamento das obras do novo acesso rodoviário ao Porto do Rio, no Caju;
- Plano de Reabilitação Integrada de São Cristóvão – PRI;
- Estudos para identificação de áreas para a implantação de Plataformas Logísticas;
- companhamento do processo para implantação da Via Light (entre a Pavuna, Av, Brasil e Madureira);
- acompanhamento do detalhamento do Parque Madureira, dentro das obras da Via Light e estudos para conexão da nova via com os bairros de Cascadura e Cavalcanti;
- estudos para reforçar a centralidade dos bairros da Pavuna e de Santa Cruz;
- estudos para ligações hidroviárias nas lagoas da Cidade;
- estudos para implantação de teleféricos no Morro dos Cabritos e no Maciço da Tijuca;
- apoio nas intervenções urbanas na Colônia Juliano Moreira;
- apoio nos estudos para implantação de ônibus elétricos na Cidade;
- estudos para adequação da sede do IPP ao conceito de edificação ambientalmente sustentável;
- estudos para aproveitamento de galpões e imóveis subutilizados nos bairros do Jacaré e do Rocha;
- estudos para implantação de cortinas verdes nas Linhas Amarela e Vermelha;
- detalhamento do Parque Linear dos rios Acari e Sapopemba;
- apoio na obtenção de financiamento para a implantação de Escola de Restauro e Escola de Audiovisual nos Galpões da Gamboa;
- acompanhamento da elaboração da Agenda 21/COMPERJ;
- apoio ao Grupo de Trabalho da Orla, com a elaboração de projetos pontuais;
- acompanhamento da implantação dos diversos mobiliários urbanos, especialmente os novos indicadores de logradouros e bicicletários;
- estudos para a implantação de novas ciclovias.
Diário do Rio – Sendo presidente do IPP, e também cidadão Carioca. Como vem observando as mudanças climáticas nos últimos anos?
Sergio Besserman – Como servidor público e funcionário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social , agora trabalhando cedido a prefeitura, na presidência do Instituto Pereira Passos.
Eu tive oportunidade profissional de na Rio 92, coincidência simbólica, tomar conhecimento mais detalhadamente do tema Mudança Global do Clima. Eu era chefe de gabinete do BNDES e lá na Rio 92, fui as reuniões da convenção sobre quadro de mudança climática e passei a me interessar tanto como professor, como funcionário do BNDES, pelo tema. E a estudar e trabalhar nele.
Eu tenho essa felicidade de já há 16 anos, acompanhar principalmente através de estudos, a produção cientifica, a discussão do tema Mudança Global do Clima. E como cidadão Carioca, uma percepção muito clara que o Aquecimento Global tem um impacto significativo em qualquer cidade do mundo, mas numa cidade de 6 milhões e duzentos mil habitantes, costeira e que tem merecidamente uma imagem consolidada no mundo como uma cidade engajada e preocupada com a questão do Aquecimento Global. Para mim é uma benção ter a oportunidade de na presidência do IPP, poder inclusive, acumular a Secretaria Geral do Protocolo do Rio, que é o engajamento de toda a prefeitura da cidade na luta da humanidade contra o Aquecimento Global.
Diário do Rio – Quais as ações que o IPP vem desenvolvendo sobre o tema Aquecimento Global?
Sergio Besserman – Nós temos no IPP em conjunto com várias secretarias e com destaque para a participação e coordenação da Secretaria de Meio Ambiente. Procurado desenvolver os três eixos do Protocolo do Rio, quais são eles:
Um, a cidade fazer a parte dela. Tem havido uma aceleração, com a retomada do reflorestamento, este nunca foi interrompido, ele crescia ano a ano. Depois estabilizou-se em um determinado patamar e com o Protocolo do Rio, reiniciou-se um movimento de aceleração, cada ano reflorestando mais que no ano anterior. Da melhor forma que a arborização da cidade foi intensificada. A Comlurb tem feito um trabalho para a questão do lixo. Os aterros sanitários da cidade emitem 3% do total de gases do efeito estufa. A Comlurb conseguiu realizar uma licitação de qualidade excepcional para assim que for possível retirar o aterro sanitário de Gramacho. O novo aterro sanitário seja qual for, será nas condições mais modernas possíveis do ponto de vista da redução de emissão de gases. Há um esforço bastante intenso na área de transporte, procurando dinamizar o uso de bicicletas e planejar melhor a integração dos vários modais de transporte tendo como objetivo não só atender ao usuário de maneira mais eficiente. Mas reduzir as emissões da cidade de gases de efeito estufa. O eixo é fazer a sua parte.
O outro eixo onde o IPP se engajou mais fortemente, é internalizar as variável Mudança Climática Global, principalmente o conhecimento sobre seus impactos, nas instâncias técnicas da prefeitura. Porque o prefeito muda, há eleições, os dirigentes como aqui a presidência do IPP muda. Mas o corpo técnico da prefeitura, que é altamente qualificado, mais ainda se comparado ao funcionalismo municipal de todo o Brasil. Se absorver esse conhecimento, se interessar pelo tema, assegura trabalhos técnicos e principalmente o planejamento de uma forma duradoura no tempo, considerando todos os impactos e as ações que são necessárias para enfrentar o Aquecimento Global.
Neste contexto tivemos inúmeras atividades, que se destaca um seminário – Rio Próximos 100 anos – no qual com a participação de técnicos da RioÁguas, GeoRio, da Comlurb, da Secretaria da Educação, e de Saúde.
O IPP e a Secretaria de Meio Ambiente contrataram papers, trabalhos da academia carioca, Federal do Rio de Janeiro, FioCruz e outros. E trouxemos convidados de outras cidades do mundo. Ali procuramos detalhar uma primeira rodada de impactos do aquecimento global na cidade.
O terceiro eixo do Protocolo é difundir informação, ai cabe principalmente a Secretaria Municipal de Educação, que a Rede Pública atinge as crianças da cidade, mas também nós através do site, inúmeras palestras em escolas, comunidades e outros. Temos procurado disseminar a informação do conhecimento sobre o Aquecimento Global.