Há 93 anos, uma inovação tecnológica marcou o comércio carioca de maneira inesperada. Localizada na Rua Sete de Setembro, no Centro do Rio, a tradicional loja Casas da Criança se destacou não apenas pela sua vasta oferta de artigos infantis, mas também por introduzir um elemento de modernidade que até então era desconhecido no Brasil: as escadas rolantes. A novidade, que mais tarde se tornaria comum em shoppings centers, fez sua estreia em terras brasileiras muito antes do que se imaginava.
Criadas em Londres em 1906 para facilitar o acesso ao metrô, as escadas rolantes chegaram ao Brasil apenas 25 anos depois, em 1931. O primeiro registro dessa tecnologia no país não foi na grande loja de departamentos Sears, em Botafogo, como muitos acreditam, mas sim nas Casas da Criança. O responsável por trazer foi o proprietário da loja, o Sr. Garcia, que contratou técnicos americanos para instalar o equipamento.
Em uma edição do jornal “O Globo” da década de 30, a loja foi elogiada pela inovação, que à época era descrita como “escada roulant”. Segundo o jornal, a escada rolante da Casa da Criança tinha a capacidade impressionante de transportar até 4 mil pessoas por hora, uma verdadeira sensação para os cariocas da época, comparável às novidades que surgiam em Nova York.
Na época da instalação das escadas rolantes, as Casas da Criança era uma das maiores e mais influentes lojas de artigos infantis da cidade. O estabelecimento ocupava três imóveis contíguos, os números 151 e 153 da Rua Sete de Setembro, e sua grandeza refletia o dinamismo comercial da região. No entanto, ao longo das décadas, a loja foi se adaptando às mudanças que o Centro sofreu e perdeu parte de sua grandiosidade inicial, passando a ocupar um único casarão. Parte de sua estrutura foi convertida em uma joalheria, que permanece ativa até hoje.
Hoje, as Casas da Criança, que está fechada temporariamente, pertence à arquiteta Fabiana Castro e ao empresário Tiago Gomes, que enfrentaram desafios significativos com a pandemia e as obras de intervenção na Rua Sete de Setembro. No entanto, a dupla promete revitalizar o espaço e reimaginar o magazine com novas ideias, alinhando-se aos esforços da Prefeitura do Rio para revitalizar a região.
Revitalização da Região
A via, que liga a Praça Tiradentes à Praça XV, foi transformada em um “calçadão” compartilhado para pedestres e VLT durante as obras para as Olimpíadas de 2016. A intervenção foi apontada por muitos como um dos grandes motivos para a queda do movimento na rua. Atualmente, o logradouro está passando por um processo de revitalização urbana e comercial. O polo da Rua da Cerveja (Rua da Carioca), a poucos metros dali, promete trazer um novo vigor ao comércio local, com iniciativas que visam atrair mais visitantes e revitalizar a área.