No próximo dia 07/08 vai acontecer uma “Audiência Pública Virtual” da Comissão Estadual de Controle Ambiental do Rio de Janeiro (CECA), órgão da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA), para debater a construção de um autódromo na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro de Deodoro, na Floresta do Camboatá. A Audiência online e a ideia do desmatamento para que a obra seja realizada estão mobilizando posições críticas de ambientalistas, urbanistas, intelectuais e artistas ativistas de pautas ambientais. O assunto está na dianteira das discussões que envolvem a cidade do Rio de Janeiro nos últimos dias.
Segundo ambientalistas, a proposta da construção do Autódromo ameaça desmatar 200 mil árvores, sendo um dos últimos fragmentos planos de Mata Atlântica da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, a área é ocupada pelo Exército.
“Embora o Rio de Janeiro ainda abrigue significativas extensões de matas de encosta nos seus três grandes ‘pulmões verdes’ – Pedra Branca, Tijuca e Gericinó-Mendanha –, as espécies típicas de baixada contam com poucos refúgios possíveis”, informa André Ilha, que foi presidente do Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro.
Em maio deste ano, o Movimento SOS Floresta do Camboatá, o Movimento Baia Viva e mais 10 organizações comunitárias e grupos ecológicos, encaminharam uma Representação Judicial ao Ministério Público Estadual, que conseguiu uma Liminar da Justiça Estadual, suspendendo a audiência publica virtual que o GOERJ, a Prefeitura do Rio e a Federação Internacional de Automobilismo queriam fazer às pressas, sem participação popular, por via remota, em plena pandemia do covid -19. No último dia 16/07, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Antônio Dias Toffoli, cassou a liminar obtida pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ).
“É mais um capítulo do jogo de cartas marcadas diretamente influenciado pelos interesses de poderosos grupos econômicos, como da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Essa Audiência Pública virtual, em plena pandemia do covid-19, pretende requerer às pressas e ao arrepio da legislação ambiental e urbanística vigente no país, a absurda Licença Prévia para a construção do predatório Autódromo de Deodoro, à Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro”, afirma Sérgio Ricardo, membro fundador do Movimento Baía Viva.
Desde 2011, existe o movimento “Pela preservação da Floresta do Camboatá! Que o autódromo seja em outro lugar”.
“A infeliz decisão do Presidente do STF nos faz repensar e ver que o escândalo do desmatamento na Amazônia não é senão um reflexo de uma cultura geral. A ignorância no qual se funda o escândalo do desmatamento se repete por todo o País, nos restantes fragmentos florestais espalhados pelas cidades. A esperança era de que, no Rio, na Cidade dita Maravilhosa, e culta, fosse diferente. O Ministro Toffoli, em pleno século XXI, ainda pensa diferente. Lamentável, porque este projeto é também um escândalo internacional!”, opina a jurista e professora Sonia Rabello.
De acordo com estudos do Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IJBRJ), a Floresta do Camboatá trata-se de “uma área de elevado potencial para marcação de árvores matrizes de espécies nativas de floresta atlântica para coleta de sementes e produção de mudas para restauração de áreas degradadas”.
O estudo sobre a região também pontua que apesar de relativamente pequeno, possui grande relevância para a manutenção da viabilidade genética de populações de animais e plantas nativas nas áreas naturais do município do Rio de Janeiro. Além disso, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável da cidade considera aquela área como “Sítio de Relevante Interesse Ambiental e Paisagístico”; ela integra um projeto da própria prefeitura denominado “Corredores Verdes”, por potencialmente viabilizar a conexão dos maciços da Pedra Branca e do Mendanha; e o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica do Rio de Janeiro indica como áreas prioritárias para a conservação ambiental, na forma de unidades de conservação, as florestas de terras baixas como aquela.
Além de tudo isso, a Floresta colabora para melhor qualidade do ar e controle da temperatura da região ao redor dela.
Artistas como Caetano Veloso, Marcos Palmeira, Maitê Proença, entre outros, aderiram o Movimento SOS Floresta de Camboatá.
“É bem simbólico que uma Prefeitura sem noção de como gerir uma cidade como o Rio queira desmatar para dar espaço a um esporte que polui bastante, como é o automobilismo. Existem outros locais para construir esse Autódromo. Onde era o antigo Autódromo da cidade, onde fica o pouco utilizado Parque Olímpico, é uma das tantas opções”, conta o urbanista Marcelo Brito.
A Prefeitura do Rio informou, em uma edição do Diário Oficial do Município, no ano passado, que estima impacto econômico anual de R$ 625,6 milhões (US$ 160,3 milhões) para a cidade, além da geração de cerca de sete mil empregos diretos e indiretos, de acordo com estudos feitos pela empresa de consultoria Crown.
A Prefeitura citou, ainda, a parceria com os governos estadual e federal para a construção do Autódromo. Em uma página inteira do Diário Oficial dedicada ao tema nenhuma linha citava o desmatamento e os impactos ambientais que o mesmo pode causar.
“Desde o início, considerando todo o contexto, essa é uma ideia muito ruim, ultrapassada”, finalizou Marcelo Brito.
Tbem concordo seria lindo
[…] do problema presente, as coisas podem piorar no futuro. A possibilidade de construção do autódromo em Deodoro vai derrubar mais de 200 mil árvores, acabando com um dos últimos trechos de mata atlântica […]
Essa obra do novo autódromo pode ser feita dentro do parque olímpico da barra da tijuca com um traçado inedito no mundo circundando as áreas e se estendendo por dentro da lagoa num sistema elevado, dando uma aprazível visão bem superior a do trajeto de Monaco, um dos mais lindo do mundo, seria algo espetacular…