Sinônimo de samba e com um vasto cardápio especializado em frutos do mar, o restaurante Sobrenatural, no bairro de Santa Teresa, na região central do Rio, anunciou que irá fechar a casa, localizada próxima ao Largo dos Guimarães, a parte mais movimentada da região.
O estabelecimento, com 30 anos de tradição e “carioquice“, é um dos grandes responsáveis pelo ressurgimento das rodas de samba e choro nos anos 1990 na cidade, e está ameaçado de fechar, conforme informou o jornalista Ancelmo Gois.
O motivo principal para o encerramento das atividades é a crise que, apesar de existir antes mesmo da pandemia, se intensificou com ela e já fechou outros lugares do bairro boêmio como o Espírito Santa, noticiado em primeira mão pelo DIÁRIO DO RIO, em maio. Assim, a frequência do espaço não tem sido mais a mesma e as contas estão estrangulando as finanças.
“Aqui em Santa Teresa, ninguém está tendo lucro e eu não estou conseguindo honrar com os meus compromissos, a conta não fecha. Não consigo pagar FGTS dos funcionários e agora remandei fazer o auxílio deles para 50%. A conta de luz foi parcelada com ajuda de amigos e o aluguel, que é R$ 10 mil, o proprietário está fazendo por R$ 6 mil e eu não consigo pagar nem R$ 4 mil“, relatou ao jornal Extra, Sérvula Amado, proprietária do Sobrenatural.
Por conta do momento, o mundo do samba já está se articulando para ajudar o restaurante. Na próxima terça-feira (03/11), a partir das 19h, bambas como Paulão Sete Cordas, Mart’nália, Pedro Miranda, Dorina e outros farão uma live onde será lançada uma vaquinha para que o restaurante possa pagar as suas contas e, assim, fazer com que o samba por lá não morra. Zeca Pagodinho, por exemplo, gravou um vídeo em solidariedade ao restaurante especializado em frutos do mar e anunciou que, durante a a transmissão ao vivo de terça, será sorteado um CD seu com Beth Carvalho enviado por ele mesmo.
“Tomara que dê certo e eu estou até mais felizinha com esse carinho. Eu não consigo me ver em outro lugar e tudo aconteceu ali. A Beth, por exemplo, “morava” lá. Se ela tivesse viva, estaria com a bandeira na frente”, afirma a dona, que lembra de um “causo” envolvendo a madrinha do samba:
“Uma vez, a gente estava em obra, a casa começou a vibrar por causa da música e um tijolo acabou caindo na cabeça dela. Depois, ela ficava dizendo: “aqui é o único lugar em que recebi uma tijolada e que eu volto“.