Ação civil pública ‘impede’ venda do histórico Edifício A Noite, no Centro do Rio

O processo, em curso no TRF-2, foi ajuizado pelo MPF contra a União em 2016 e trata da falta de cuidado com o emblemático prédio da Praça Mauá

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Prédio Joseph Gire, também conhecido como Edifício A Noite - Foto: Diogo Vasconcellos de Almeida

Segundo informação publicada no blog do jornalista Lauro jardim, uma ação civil pública que envolve o icônico Edifício A Noite, na Praça Mauá, no Centro do Rio, vem travando o cronograma estabelecido para venda do imóvel, que seria leiloado proximamente pelo governo federal.

O edital publicado há um mês atrás pela Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU), vinculada ao Ministério da Economia, previa o início do leilão, com preço mínimo de R$ 98 milhões, para o próximo dia 13 de abril. No entanto, a SPU só foi informada da ação civil pública após a publicação do documento.

O processo, em curso no TRF-2, foi ajuizado pelo Ministério Público Federal contra a União em 2016 e trata da falta de zelo com o patrimônio público. Já houve sentença condenatória obrigando o governo a fazer obras de conservação e reparação do imóvel. “Uma decisão no mínimo curiosa. Se um investidor comprasse o prédio, a solução estaria dada. Empurrar pra quem quer vender a realização de obras de conservação, em um imóvel que obviamente será objeto de um retrofit é algo completamente desprovido de lógica“, disse ao DIÁRIO DO RIO o investidor imobiliário Gid Lebanon, da Vabrad, que tem vários edifícios no Rio.

Inativo desde 2012, quando passou por uma reforma mas nunca mais foi ocupado, o Edifício A Noite foi inaugurado em 1929, tornando-se, à época, o primeiro arranha-céu da América Latina. O prédio foi projetado arquiteto francês Joseph Gire – também responsável pelo Copacabana Palace, que acabou sendo homenageado dando nome ao local.

Para Claudio Castro, da Sergio Castro Imóveis, especialista no mercado da região central da cidade, o valor pelo qual o prédio seria leiloado, 98 milhões de reais, não está de acordo com o mercado atual. “No presente momento do Centro do Rio e da pandemia, não acredito que haveria cliente por este valor. Os prédios que vêm sendo vendidos no Centro com a finalidade de retrofit têm alcançado valores de metro quadrado nunca superiores a R$ 1.500/m2. 98 milhões de reais significa mais que o dobro do que o prédio vale. Com ou sem ação judicial, não seria vendido. O imóvel valeu este preço ou até mais há 7, 8 anos atrás. Mas agora, é muito difícil, apesar de ser indiscutivelmente um edifício especial, com uma vista única. Só que com 90 anos de idade.”.

De propriedade do Governo Federal, o prédio ficou conhecido por ter sido a sede da Rádio Nacional, considerado o veículo de comunicação mais importante do país no período de auge do radialismo. Já o termo ”A Noite” refere-se a um jornal homônimo, também sediado no local, pertencente a Irineu Marinho, pai de Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo. Em maio de 2015, inclusive, o DIÁRIO DO RIO contou a história do edifício.

Vale lembrar que a atual gestão da Prefeitura do Rio de Janeiro tem como um de seus pilares a  revitalização da região central da cidade, incluindo a Zona Portuária, onde está localizado o histórico prédio. Com isso, o leilão, seguido da possível reativação do edifício, serão passos importantes para a retomada econômica e turística da área.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Que me desculpe o Sr. Altair Alves, autor da matéria, Mas seu erro histórico não pode passar em branco. Irineu Marinho nem conheceu esse prédio. Quando de sua inauguração em 29, Irineu já tinha falecido há 4 anos. E a venda de A Noite para Geraldo Rocha, construtor do prédio, há 6. Nem em fotografia, Irineu viu esse prédio!

  2. Esse é o problema de ficar empacando as vendas de imóveis públicos: a oportunidade passa, o governo fica sem a grana, a cidade fica com um imóvel não utilizado acumulando baratas e a sociedade com menos bens prestando serviços gerando renda.

    Todo mundo perde: EXCETO os bacanas do Ministério Público que interpõem essas ações malucas aí para ganhar um holofote. Afinal, a ação judicial é totalmente gratuita pro promotor! E o salário dele é religiosamente pago sem conexão a resultados práticos, ainda que a sociedade toda morra de fome para sustentar a papelada.

  3. Se esse prédio for para as mãos do governo, eles vão mandar pintar o prédio e olha lá, se alguma empresa comprar vai investir no prédio, retroft, melhorias ou até mais.

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