De março de 2020 a março de 2021, o relatório De Olho no Transporte, produzido pela Casa Fluminense (organização que debate políticas públicas para a redução das desigualdades no Rio de Janeiro), aponta que no início da pandemia, apenas 55% da frota de ônibus determinada estava em circulação e no mês passado foi registrada a média de 40%. As normas da Prefeitura determinam que haja pelo menos 80% dos veículos em circulação, ou seja, apenas metade da frota de ônibus definida por contrato atendeu a população em março de 2021.
“A reação das empresas em relação ao decreto de isolamento social, no começo da pandemia, foi reduzir a quantidade de ônibus em circulação. Isso agravou um dos problemas históricos enfrentados pelos passageiros nos transportes públicos que é a superlotação. Por isso, queremos cobrar pela garantia de pelo menos 80% da frota nas ruas, cumprindo com o direito contratual e constitucional ao transporte”, declara Vitor Mihessen, coordenador executivo da Casa Fluminense e um dos autores da pesquisa do Relatório.
O sumiço das linhas marcou este primeiro ano de pandemia e prejudicou bastante a população carioca, principalmente nos bairros e favelas da periferia onde vive quem mais depende do sistema de transporte público para acessar oportunidades de emprego e atendimento de saúde.
Em fevereiro de 2020 eram 81 linhas fora de circulação, um ano depois, eram 118. Nestes 12 meses, sumiram 37 linhas de ônibus regulares. Entre as linhas mapeadas estão a 366 e a 398, que ligam Campo Grande ao Centro, exemplo de os moradores da Zona Oeste encaram custos ainda mais altos para se deslocar. Quem dependia destas linhas, atualmente tem a opção de utilizar as linhas mais caras como a 2336 e 2339.
Dividido em quatro seções, a pesquisa também traz experiências de campanha de mobilização popular que lutam por um novo horizonte para a mobilidade urbana na Região Metropolitana do Rio, como a Queimados Integrada e o Movimento Contra o Aumento da Passagem.
A primeira campanha construiu uma proposta de lei popular para unificar a tarifa no município da Baixada e a segunda foi fundada no início de 2021 para impedir o reajuste da passagem dos trens operados pela Supervia e mais recentemente do Metrô do Rio.
Representantes das duas experiências são convidados na transmissão ao vivo do lançamento do relatório nesta quarta-feira, dia 21 de abril, às 10h, na página do facebook e canal do youtube da Casa Fluminense.