Uma obra de rotina estava em andamento no velho Edifício Lellis, um ícone da arquitetura eclética em plena orla de Copacabana, sobre o qual até já escrevemos aqui no DIÁRIO. O condomínio havia contratado a recuperação da marquise da edificação, que começou a ser construída no final dos anos 20, e se localiza na princesinha do mar, esquina da Avenida Atlântica com uma de suas ruas mais tranqüilas, a Rua Barão de Ipanema.
Ao começar a já terminada recuperação da bela marquise cheia de detalhes e afrescos, localizada bem acima da portaria, um dos pedreiros sentiu que alguns tijolos estavam fofos, logo acima da marquise. Preferiu retirar os tijolos danificados para trocar por novos, e aí apareceu a surpresa. Uma grade quase que centenária, em estilo Art Déco, estava por trás deles (foto).
O edifício foi projetado pelo famoso arquiteto paulista Cristiano Stockler das Neves – que também foi prefeito de São Paulo – autor também do projeto do Palácio Duque de Caxias, aqui no Rio, e da Estação Julio Prestes, onde fica a Sala São Paulo, hoje sede da Orquestra Sinfônica Paulista. Após encontrar a bela grade original, a decoradora Kátia Peres, encarregada pelo síndico para trazer a portentosa entrada do prédio de volta à glória de outrora, conseguiu levantar no acervo de uma universidade paulista o desenho original dos portões de entrada do edifício, há décadas perdidos. Também foi possível restaurar a grade original.
A planta original revelou que a grade ficava acima dos portões de entrada e da marquise do prédio, gerando mais uma comunicação da portaria com a parte de fora do prédio, mais uma ventilação, e, claro, mais um detalhe charmoso para a quase centenária portaria.
A descoberta do “tesouro” animou o Condomínio a não só restaurar a grade, como também a encomendar à uma serralheria paulista a produção dos portões originais, de acordo com o projeto do famoso arquiteto. Medindo quase 3 metros de altura, os portões foram instalados há uma semana, chamando atenção de passantes, que assistiam o Lellis voltar no tempo.
Segundo o administrador do prédio, Adriano Nascimento, “o Lellis chama a atenção de todos que caminham pela Barão de Ipanema e pela Atlântica, e estamos tocando várias obras importantes de atualização do prédio”. Para Nascimento, os prédios de Copacabana precisam investir mais em manutenção: em breve o Lellis estuda repintar sua linda fachada. Ainda segundo ele, não foi difícil convencer os moradores a investir na confecção dos portões conforme o projeto original do edifício. A um custo de aproximadamente 30 mil reais, o Condomínio conseguiu fazer uma viagem no tempo. Uma bela viagem que deve valer a cota extra.
Onde meus pais moraram por mais de 40 anos. Edifício São Paulo. Cuidou como ninguém. Ele foi sindíco por mais de 20 anos e pintava esses prédios de cor mais clara. E por isso meu filho se chama Rian. Cinema, padaria e restaurante com esse nome. Na verdade era NAIR ao contrário. Saudades.
Imagino que o projeto original do edifício está arquivado ou na Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie ou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Por que não citar o nome da Universidade?
Luiz, curiosidade histórica: quando foi isso? Sua resposta ajuda no sentido de se descobrir o período do “crime”!
Alguns dos comentários trataram do uso de determinados materiais como a madeira nas janelas; da construção de garagens; do “blindex”. Vamos à história. O prédio foi projetado em 1928 e nessa época a liga alumínio ainda não existia; a liga só começou a ser usada a partir da década de 50 em alguns países do hemisfério norte; no Brasil, praticamente na década de 60. Quanto às garagens, vamos lembrar que “em 1919, a filial Ford da Argentina transfere um capital de 25 mil dólares para o Brasil para a criação da Ford Motor Company brasileira, que daria seus primeiros passos em nosso país a partir de um pequeno depósito de dois andares na Rua Florêncio de Abreu, em São Paulo, onde iniciou-se a montagem de automóveis Modelo T”. Nessa época, havia algum planejamento para o uso do automóvel? Na realidade, a obrigatoriedade de garagens nos edifícios condominiais foi estabelecida, no rio de Janeiro, em 1975. Finalizando: o prédio não tem estrutura externa para colocação de aparelhos de ar condicionado!
Parabéns ao pedreiro que foi magnífico e sensato em levar adiante essa maravilhosa descoberta, poderia ter sido incluso seu nome também na matéria mas enfim e não esquecendo dos condôminos que levaram adiante essa belíssima empreitada, todos os envolvidos vocês foram fantásticos, parabéns.
Na minha opinião, essa obra para “esconder” os elementos do projeto original da fachada deve ter sido de algum síndico alienado! O prédio teve sua construção iniciada em 1928 e concluída em 1931. Essa obra maluca de alteração da fachada deve ter ocorrida antes de 1964. Com a Lei dos Condomínios em Edificações e as Incorporações Imobiliárias (Lei 4.591, de 16/12/1964) ele não poderia alterar a fachada. Pelo Código Civil de 1916, ele não poderia alterar “a coisa comum sem o consenso dos outros”. Será que procurou obter esse consenso?
Me lembro dessa grade, quando ia pra praia eu sempre admirava o prédio todo, mas tinha algo naquela grade que me deixava mais encantado, minha namorada morava na Constante Ramos e eu na Dias da Rocha, as vezes saiamos do Rian e íamos fazer lanches e tomar sorvete ali perto ou passávamos para a Colombo mas adiante, e eu olhava aquela grade curioso. Um dia passei e não vi mais. Não sei porque fecharam ali e cobriram a grade. Pensei até que tivessem retirado de vez a grade. Que boa noticia. Esse é o mais belo prédio da Av. Atlântica.
Luiz, curiosidade histórica: quando foi isso? Sua resposta ajuda no sentido de se descobrir o período do “crime”!
Que maravilha! Linda a grade e decisão acertada dos condôminos. Parabéns ao pedreiro que andou uma milha a mais, possibilitando essa preciosa descoberta.
A materia exalta a descoberta de uma grade, mas esquece de lembrar que a fachada do predio foi completamente desnaturada com aqueles blindex que até aparecem na foto. O predio nem pode ser tombado por causa desses horrores. Um dos responsáveis é o morador e sindico Claudio Castro, dono deste jornal.
Olá Luiz?
Você já pensou em passar cinco horas mamando uma rôla como se fosse um bezerro?
Saudações.
O senhor também é morador do Lellis? Os “blindex” deram um ar de moderno ao edifício, não acha?
Hahahaha Bonito mesmo são as janelas de alumínio . Vai estudar, amigo. Todos os retrofits de predios deste tipo usam grandes vidros ou janelas de madeira. Os grandes vidros simbolizam as janelas quando abertas.
Que maravilha!!! Que sorte o pedreiro ter investigado aquele oco na parede!!! E parabéns ao condomínio que restaurou esse belíssimo prédio!!!
Parabéns ao pedreiro! Valeu camarada!
Belíssimo ornamento…
Precisam conhecer o prédio da rua julio de castilhos 57, copacabana. Mantém, inclusive, um elevador original dos anos 30. https://www.facebook.com/201622759984912/posts/656165211197329/
Muito legal poder entender mais sobre este maravilhoso lugar,Copacabana têm muito mais coisas para serem exploradas, poderiam fazer um documentário moderno sobre o bairro.rs
Não sei como ainda não fizeram isso?! Seria maravilhoso.
Grade linda, que estava escondida e agora poderá ser admirada , investimento bem feito , parabéns aos moradores .que toparam investir na revitalização desta peça histórica .
Belíssimo trabalho Respeito ao condomínio pela decisão.
Delícia de matéria, Quintino!
Um belo exemplo de preservação de prédios históricos (não necessariamente patrimônios tombados) que valorizam o imóvel e são um gesto de gentileza com a paisagem.
Naquele tempo não faziam garagem para automóveis, algo muito necessário nos dias de hoje.