Ex-prefeito do Rio, criador do “prefeitinho”, os subprefeitos por região, Cesar Maia tentou o Senado por 3 vezes e foi derrotado nas 3, a última em 2018, atropelado pelo bolsonarismo. Uma das figuras mais eminentes da política carioca, Maia é sempre um personagem a ser ouvido, seja pela habilidade na arte da conversa, seja pela visão conceitual e estatística das eleições. Nesse papo rápido com o DIÁRIO DO RIO via WhatsApp, Maia diz que o eleitorado fluminense em 2022 está em busca de alguém com mais experiência política e administrativa.
MARIO MARQUES: Para quem acompanha política fluminense há muito tempo vê-se claramente a sua influência no modo de governar de Eduardo Paes. Mas vocês estiveram em lados opostos por muito tempo. Acha que está próxima uma reaproximação mais profunda em 2022?
Cesar Maia: Estamos no mesmo partido. E a relação dele com o deputado Rodrigo Maia é fraterna.
MM: Vivemos tempos de debates acéfalos na política de nosso estado. Em vez de ideias, em vez de inovação, o que temos para hoje como salvação são os recursos do loteamento da Cedae. Como o senhor enxerga o futuro do estado do Rio?
CM: Com muita preocupação. A montagem do atual governo estadual é preocupante.
MM: O senhor disse recentemente que Bolsonaro poderia nem ser candidato. Mas, independentemente da situação desconfortável do presidente, ele segue na faixa dos 20 a 25% de ótimo e bom. Não seria jogar fora um eleitorado firme?
CM: Creio que pela personalidade dele será vencer ou não concorrer. 25% não resolvem.
MM: Vê-se no estado do Rio uma tentativa do governador Cláudio Castro de vencer a eleição por WO, sem adversário, agregando uma enormidade de partidos ao seu governo. Isso já foi feito em tempos de Sérgio Cabral e deu no que deu. Para onde vai a eleição Fluminense?
CM: Somar partidos e não projetos não resolve. Aos 3 nomes lançados agora serão agregados mais uns 4 ou 5 conforme a dinâmica política do RJ. Há que se aguardar.
MM: Em pesquisas recentes que fizemos na LabPop, quando colocados o nome do senhor ou do vice-presidente Hamilton Mourão, ambos viram líderes ou vice-líderes. Isso de certa forma não mostraria que o eleitorado fluminense busca uma alternativa de centro a Claudio Castro?
CM: Certamente busca nomes com maior experiência política e administrativa.
MM: Temos uma possível candidatura de André Ceciliano ao senado. Mas Lula também pensaria nele como um possível candidato ao governo do estado, tentando unir a esquerda. Como o senhor vê isso?
CM: Há que aguardar. Ele seria um forte candidato tanto ao governo quanto ao senado.
MM: O Cesar Maia sempre teve estatura para ser senador, deputado federal ou governador. Mas segue vereador. Poderíamos dizer que o senhor perdeu a ambição política que o movia no passado ou poderemos nos surpreender em 2022?
CM: Rodrigo Maia na Câmara de deputados e Eduardo Paes como prefeito sinalizam que o trabalho político anterior valeu. Estou feliz como vereador e 3 mandatos. Com os de prefeito são 6 mandatos na cidade do RJ.
MM: Como o senhor reagiu, internamente, às suas derrotas ao senado?
CM: Eram previsíveis porque faltavam votos fora da capital.
MM: Está completamente descartada uma candidatura ao governo do estado? É zero a chance?
CM: Não penso nisso. Mas o futuro “a Deus pertence”.
MM: Essa polarização Direita Bolsonaro versus Esquerda Lula pode se refletir na eleição fluminense em 2022?
CM: Acho que não. Trabalho com a hipótese de que ambos ficarão fora do segundo turno.
MM: O senhor viveu a época de grandes líderes e grandes eleições. Lembro-me de sua vitória sobre sua criatura, Luiz Paulo Conde, em 2000, uma eleição apertada e emocionante. O senhor acha que a política carioca perdeu o charme, a relevância nacional?
CM: A política carioca tem se afirmado continuamente. Crivella é que foi um ponto fora da curva.
MM: Qual seria o melhor candidato a presidente para o Brasil de hoje? Quem mais se adequaria a esse papel?
CM: Prefiro aguardar a dinâmica política dos próximos 7 meses. E então opinar.
MM: Caso não seja candidato a nada em 2022, existe a possibilidade de apoiar Cláudio Castro? Como você o define?
CM: O bolsonarismo certamente não me atrai.
MM: Tem em mente um possível nome para o futuro na política de nosso estado na sua visão?
CM: Aguardemos os próximos 6 ou 7 meses.
MM: Quem foi o melhor prefeito da história do Rio de Janeiro depois do senhor?
CM: Melhor de todos: PEDRO ERNESTO
César Maia aparelhou a Riotur e a Setur num claro interesse eleitoreiro. Dessa forma o turismo da cidade está sendo destruído por técnicos de gabinete.