Depois de passar os últimos quatro anos em obras que restauraram suas antigas características arquitetônicas, o Convento do Carmo foi reinaugurado nesta quinta-feira (24/03). A Procuradoria Geral do Estado (PGE) investiu R$ 30 milhões na recuperação do prédio, que foi residência de D. Maria I, rainha de Portugal, depois que a corte portuguesa mudou-se para o Brasil, em 1808, e vai instalar ali o Centro Cultural da Procuradoria, com biblioteca, salão de exposições e um bistrô, abertos ao público.
Durante a cerimônia que marcou a conclusão das obras de restauro do convento e a inauguração do Centro Cultural da PGE, o procurador-geral do Estado, Bruno Dubeux, e o secretário de estado de Educação, Alexandre Valle, assinaram um termo de cooperação pelo qual os alunos da rede estadual de ensino poderão fazer visitas guiadas ao local.
“A PGE tem muito orgulho de ter recuperado esse patrimônio histórico e cultural da cidade. A conclusão da obra de reforma deste prédio, que viu o Rio de Janeiro nascer e foi residência da única mulher que assumiu o trono português, simboliza o renascimento do Centro da Cidade”, destacou o procurador-geral do Estado, Bruno Dubeux, referindo-se às atrações da programação do Centro Cultural da PGE, como mais uma opção de lazer cultural na cidade.
A reforma
O principal foco do projeto de reforma do antigo Convento, construído pelos frades carmelitas em 1620, foi a restauração de esquadrias, pisos, forros, e pinturas, elementos da arquitetura colonial. Ao mesmo tempo, foram incorporadas novas soluções de acessibilidade, conforto ambiental, acústico e de instalações prediais, que possibilitaram agregar um projeto contemporâneo, sem perder de vista as características históricas do prédio.
No andar térreo da construção de três andares, a obra resgatou a originalidade dos arcos que emolduram os dois grandes ambientes, onde serão instalados o bistrô e o salão de exposições. No primeiro andar, os aposentos que serviram à D. Maria I tiveram o piso, com tábuas de pinho de riga trazidas em navios da Europa, completamente restaurado, assim como a cor das paredes e as pinturas que adornam o ambiente.
A reforma também revelou a estrutura das paredes internas do primeiro piso, com vigas de madeira entrelaçadas, que lembra a preocupação dos europeus com os abalos sísmicos que devastaram Lisboa em 1755. Ao lado dessa lembrança trágica, a obra também descortinou uma delicada pintura na parede que imita uma divisória em madeira – técnica artística conhecida como trompe l’oeil (em francês), que cria uma ilusão de ótica e transforma a figura em três dimensões. Há, ainda, paredes erguidas com pedras coladas com óleo de baleia.
As escavações feitas no prédio para a instalação de novos sistemas de água e esgoto desenterraram dezenas de achados arqueológicos utilizados no dia a dia pela família real portuguesa: louças francesas e inglesas, garrafas de vinho, talheres de prata, moedas, pentes, cachimbos e fragmentos de cerâmica. Esses utensílios da família real serão reunidos e organizados para uma exposição no próprio convento ainda este ano.