A vida pede pausas…
Mês de Julho começando, vejo os movimentos de férias escolares se iniciando e, consequentemente, de muitas famílias que em seus papéis de pais também pausam nessa época do ano acompanhando seus filhos.
É um cenário que conheço bem. Quando era executiva do mercado corporativo, passava 11 meses aguardando ansiosa pelo único mês que eu viveria de fato. Onze por um? Que conta é essa? Viver ou sobreviver?
Outro padrão comum é o famoso: Sextou! Para a alegria de quem passa a semana toda esperando por esse momento de descanso ou divertimento. E, na outra ponta, temos também a vinheta do programa Fantástico, da TV Globo, que chega anunciando que o fim de semana acabou e que um novo ciclo de trabalho está para começar.
Mais uma vez me coloco no papel de trazer reflexões sobre os padrões estabelecidos e crenças adquiridas ao longo de uma vida. Dois pontos considero extremamente relevantes para uma vida saudável e feliz.
O primeiro é viver bem todos os dias, e não somente nos finais de semana ou no mês de férias. Viver sob a espera de algum acontecimento gera ansiedade e não permite que vivamos o presente para aproveitar o que existe de melhor no aqui e agora
Para para pensar. 11 x 1. Essa conta não fecha. Se avaliarmos o estilo de vida de muitas pessoas que vivem no mercado de trabalho, elas vivem muito mais dentro do que fora dele. Seria assustador pensar que fomos felizes e plenos só fora dele ou das obrigações. Que conta daria no fim de uma vida de uns 90 anos? Quantos anos você teria sido você? Feliz e em paz?
A segunda é a necessidade de pausa. Estamos em um mundo onde cada dia mais somos estimulados a acelerar, recebendo inúmeros estímulos para nos entreter, para nos mantermos ocupados. Ocupados com o quê? Do que nos ocupamos? Nossas ocupações nos trazem paz? Nossas ocupações têm um propósito maior que ultrapasse os desejos do meu ego para me auto afirmar? Ou de ser acolhido? Aceito pelos outros? Nossas ocupações são escolhas ou são fugas? Nossas ocupações nos permitem contemplar? Viver verdadeira e puramente?
Por fim, nossas escolhidas pausas que muitos de nós chamamos de férias tem sido realmente um descanso ou apenas uma fuga da realidade? Indago você e indago a mim.
Como tudo na vida, as pausas são parte integrante do todo. E se vamos contra o que deve ser natural, algo acontece para nos ajudar a perceber isso. Você pode julgar negativo ou não. E isso não vai mudar aquilo que é natural de acontecer, só vai atrasar ou não o seu processo de entendimento.
A respiração tem uma pequena pausa entre a inspiração e a expiração. O enxergar dos olhos tem o piscar como pausa. A música tem pausas.
A pausa pode servir como uma ponte para te levar mais rápido aonde sua alma anseia ir e o corpo físico ainda não alcança.
A pausa, traz uma breve ausência de algo. E qual seria o sentido dessa ausência? Se recompor, se reprogramar, se reintegrar?
Trilogias e séries se ausentam durante o período dos seus lançamentos. Entre um filho e outro o tempo também deixa um espaço. Piscou e – quando percebeu – a criança cresceu e já está quase da sua altura.
Em todos estes casos, houve um espaço de tempo regido pela ausência. Pela pausa. Então hoje convido você a praticar pequenas pausas durante o seu dia, experienciar reprogramar seu sistema fisiológico para se restabelecer.
Desejo que você tire férias de forma consciente, se entregando ao desconhecido, ao novo. Quebrando velhos padrões. Desconstruindo. Quebrando paradigmas. Absorvendo, ampliando a forma de enxergar o mundo. Vendo sob outras lentes.
E não como fuga da própria vida cotidiana.
Pause conscientemente.