Felipe Lucena: Bolsonarismo faz (ou já fez) quase tudo o que diz que os adversários vão fazer ou fizeram

O bolsonarismo atacando adversários parece o meme do Homem Aranha apontando para outro Homem Aranha (foto em destaque)

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Foto: Reprodução Internet

A política de porão é uma marca registrada do bolsonarismo. Não é de hoje. Acontece desde o início da ascensão política deste grupo. Notícias mentirosas, ataques violentos a adversários, tentativas de calar imprensa e outros poderes, admiração por ditadores e indícios de corrupção estão muito presentes nos últimos anos. Esses são só alguns exemplos. Exemplos que o bolsonarismo tenta jogar no colo de Lula, da esquerda e quem se oponha a eles – mesmo quando são de centro ou de direita. O bolsonarismo atacando adversários parece o meme do Homem Aranha apontando para outro Homem Aranha (foto em destaque).

Comecemos pelas mentiras. É constante a propagação de textos, vídeos e memes dizendo que caso vença, Lula e o PT vão fechar igrejas e perseguir evangélicos, católicos, cristãos em geral. Lula e o PT governaram o país recentemente e não chegaram nem perto de fechar templos religiosos. De qualquer religião. Muito pelo contrário. Para citar apenas um exemplo, em 2003, o governo Lula sancionou a lei nº 10.825, que define organizações religiosas e partidos políticos como “pessoas jurídicas de direito privado”. O texto garante que instituições de qualquer religião sejam criadas, sem que o Estado possa negar seu registro.

Em meio ao culto ao bolsonarismo, evangélicos não bolsonaristas estão sendo calados dentro das igrejas. Perseguição que fala? A BBC News Brasil fez uma reportagem mostrando que recebeu mais de 100 relatos de cristãos, principalmente evangélicos, que narram episódios de pressão ou intimidação dentro dos templos na reta final da eleição. Em Aparecida do Norte, no dia da Padroeira do Brasil, apoiadores de Bolsonaro apareceram consumindo bebidas alcoólicas, vaiando pregações e perseguindo profissionais de imprensa – até mesmo da TV Aparecida, uma rede católica. Eles sabem o que fazem, sim.

Falando em perseguição, o bolsonarismo gosta de dizer o PT vai implantar uma ditadura no Brasil, prender e até fuzilar opositores. Lembram quem disse que iria “fuzilar a petralhada do Acre”, em 2018? Ele mesmo, Jair Bolsonaro. Sobre o apoio a ditaduras, toda ditadura deve ser condenada, inclusive a militar que dominou o Brasil por mais de 20 anos com declarado apoio do atual presidente, o mesmo que também já elogiou sanguinários ditadores da América Latina, como Fujimori, do Peru, e Pinochet, do Chile. Ele também falou bem de Hugo Chávez. Em 1999, o então deputado federal disse que Chávez era uma “esperança para América Latina” e que gostaria que sua “filosofia chegasse ao Brasil”. Bolsonaro até homenageou Alfredo Stroessner Matiauda, que oprimiu o Paraguai por 35 anos e além de ditador era abusador de meninas menores de idade. Pedófilo.

Tocando neste delicado tema, o bolsonarismo, sobretudo na campanha de 2018, mas ainda com essa prática em dia, acusou a campanha do PT de sexualização de crianças nas escolas. Todavia, quem teve que explicar a declaração do “pintou um clima” com meninas de menos de 14 anos de idade foi Bolsonaro, que ou prevaricou ao ver crianças se prostituindo e não fez nada ou mentiu. Matérias publicadas na imprensa mostram que onde Bolsonaro passou de moto, voltou, tirou o capacete e olhou para as moças antes de “pintar um clima”, funciona um espaço de ação social, bem diferente do que ele afirmou.

Mas e a imprensa? É comum bolsonaristas vociferarem que Lula vai censurar a imprensa. Como jornalista, obviamente sou contra censura. O que precisa ser feito no Brasil é uma regulação econômica, capitalista, dos meios de comunicação para que não fiquemos reféns de grupos empresariais dominantes, ainda que a Internet com veículos independentes ajude a trincar esse grande aquário de proteção e dominação de mercado. Um debate sobre isso precisa ser feito. Diversos países da Europa e os Estados Unidos têm mídias reguladas de alguma forma. Por aqui, quem tentou calar a imprensa foi o bolsonarismo. Recentemente, o senador Flávio Bolsonaro (PL) comemorou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) que tirou do ar duas reportagens do portal de notícias UOL sobre a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro.

Ainda sobre imprensa e jornalistas, foram muitas as situações nas quais Bolsonaro foi hostil, agressivo, violento com repórteres e apresentadoras – quase sempre mulheres. Quando o assunto são os outros poderes, o bolsonarismo também não se segura e sempre atropela (de moto?) a harmonia democrática. Não esqueçamos das intrigas com o Congresso Federal – até Jair cair nos braços do centrão – e o desejo quase efetivado de fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro do ano passado. Por mais que Bolsonaro tenha negado depois, a possibilidade foi amplamente denunciada pela imprensa e defendida por apoiadores.

“Vai para a Venezuela” é o “Vai para Cuba” 2.0 do bolsonarismo. Sim, a crise no país vizinho é grave. A fome é triste em qualquer lugar do mundo. Temos aqui no Brasil também, onde, segundo dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), e divulgados em junho deste ano, 33 milhões de brasileiros estão totalmente sem ter o que comer ou em insegurança alimentar. Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes negam esses números. Talvez, eles tenham que ouvir: “Vai para a periferia de uma capital brasileira”; “Vai para a região do Semiárido, no Nordeste”; “Vai para o extremo norte do país”. Vai, só vai. Vai e veja.

E a corrupção? Muita gente ainda abriga o apoio a Bolsonaro nessa sapata. Contudo, essa casa, que nunca foi muito firme, está cheia de rachaduras, ou rachadinhas, desde sempre. O rombo da vez é o orçamento secreto. Para quem está por fora, o orçamento secreto, também chamado de emenda do relator, é uma prática legislativa brasileira iniciada em 2020 para destinação de verbas do orçamento público a projetos definidos por parlamentares sem a identificação destes. Nos sistemas do Congresso não aparecem os nomes dos parlamentares que são beneficiados, somente o nome do relator. Daí a expressão orçamento secreto. O dinheiro, que sai do poder executivo, passa pelo legislativo e se espalha sem controle para deputados e senadores de todo o território nacional. A imprensa vem denunciando movimentações suspeitas dessas verbas. Em apenas uma operação da Polícia Federal, realizada na última sexta-feira, 14/10, R$ 57 milhões foram bloqueados. É só deixar de ser secreto que aparece. Quem precisa de tantos sigilos de 100 anos? Sigilos até para gastos nos cartões corporativos.

Todas as informações citadas neste artigo de opinião são facilmente encontradas na Internet. É só pesquisar e não fechar os olhos. Afinal, o pior cego é aquele que não quer ver. E segue o Homem Aranha olhando e apontando para outro idêntico Homem Aranha. Um espelho. Um rachado espelho. E um país rachado por tais práticas.

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14 COMENTÁRIOS

  1. VÁ SE F U D E R LUCENA, JORNALECO DE MERDA, NÃO IRIA ASSINAR E AGORA AINDA VOU TIRAR DA MINHA NEWSLETTER… COLUNISTA DE JORNALZINHO ESQUECIDO ! CONTINUE NESSE MESMO PARA SOBREVIVER.

  2. N tem mto jeito não… os bolsonaristas estão muito cegos e não enxergam mesmo o que se passa. N adianta mostrar… esclarecer… comparar… sintonizaram com um rancor contra o PT e só enxergam isso. Qualquer tentativa de mostrar algo diferente e retornam pro papo que o PT destruiu o Brasil e ponto final.

    É muito simples saber que roubo na máquina pública, sempre houve e provavelmente sempre haverá… ao menos, nas próximas décadas. A questão é que só no governo do PT, tudo veio à tona. E por que? Pq só o PT fortaleceu o sistema anti-corrupção… e atingiu a eles mesmos também… pq de fato, tudo está misturado.

    Agora… louvam a um ditador disfarçado de cristão… que não dá a mínima pro ser humano… que manipula os poderes pra se beneficiar… esconder seus atos … e age como detentor da verdade. Cresceu e ganhou a base de mentiras e ataques… nunca fez nada de útil em mais de 30 anos como deputado e acham que como presidente, fará?

    Estão muito.. absurdamente cegos e não conseguem compreender o buraco em que estão se enfiando.

    Enfim… pobre povo.

  3. Tendencioso é pouco para começar a análise do jornalista e a “noticia”. Ao criticar o perfil do Bolsonaro o faz desqualificando quem o vê como opção, ao perfil de seu adversário. Poderia elencar tudo que o PT já fez de ruim como “gestores” deste país, mas não perderei meu tempo com quem consegue condensar fatos isolados e sob investigação, com aqueles com magnitude muito maior e que levou dezenas a prisão e, do que pode recuperar, devolverem quantias absurdas, frutos da corrupção compulsória que assolou seus governos, etc, etc. Sugiro fazer uso do seu último parágrafo, principalmente, “o pior cego é aquele que não quer ver”. Idiotia tem limites e, para um jornalista não ter ideia do que seja proporções, sua análise Bolsonaro x bolsonarismo foi sofrivel. No mais, o leitor Márcio Bastos foi mas objetivo e conclusivo em seu comentário.

  4. Sua contribuição como jornalista informado e consciente foi feita, Felipe. Já convencer bolsominions do que eles não querem saber é uma missão impossível. É querer curar cego que escolheu ser cego. Siga em frente, amigão! Abs.

  5. Podia até ser. Mas prefiro reeleger alguém que só esteve 4 anos no poder do que uma quadrilha que governou o país por 4 mandatos consecutivos, aparelhando estatais, judiciário, classe artística, escolas e universidades. Pensem bem: o próximo presidente poderá escolher mais 2 ministros para o STF. Preferem eleger alguém que já tem quase toda a suprema corte nas mãos ou diluir esse poder? A Venezuela é um exemplo do que pode acontecer do Brasil. E não estou falando da crise econômica do país vizinho, mas do controle absoluto que o povo deu ao Chavismo e do qual agora não tem mais como se livrar.

  6. Sempre intrigou o fato de um insubordinado ser aliviado e gratificado com promoção e boa renda mensal. E, pior, mais adiante ser obedecido com fidelidade como se ele, o infrator, fosse o dono de tudo e de todos ao redor.
    Fiquei esquentando a cabeça por longo tempo, até que pintou um clima.
    Éééé . . . tudo tem um preço . . .
    Afinal entendi o que uns e outros e tinham (têm) em comum . . .

  7. Felipe Lucena, não querendo desmerecer a profissão , mas você está mais para jornaleiro do que jornalista.
    Pelo texto você é um papaguaio que repete o que a grande mídia e imprensa corrupta, quer o nosso dinheiro de impostos a serem aplicados em propagandas em emissoras . Meu imposto eu não autorizo ser aplicado nessas merdas. Quem não gostou que vá para PQP.

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