Guarde por um momento o sangue ideológico que corre pelas suas veias e vamos pensar racionalmente. Em 2022 não havia um concorrente contra o então candidato a reeleição Claudio Castro, seu principal adversário Marcelo Freixo, na época do PSB, perderia até contra ele mesmo. No PDT, Rodrigo Neves, nunca conseguirá sair do cercadinho que é a cidade de Niterói, enquanto os outros, tais como o Campeonato Carioca, estavam ali apenas para fazer parte da tabela. E com a capacidade de articulação de Rodrigo Abel, braço direito de Castro, um bruxo da política fluminense, a eleição estava ganha antes de começar.
Algo me diz que o mesmo deva acontecer em 2024 na cidade do Rio. Eduardo Paes pode não ter um Abel, mas tem várias cabeças que podem ajudar a formar um. O atual prefeito praticamente não tem oposição, pela esquerda ele praticamente anulou os principais partidos, PT e PSB são parte de seu governo e dificilmente lançarão candidato. Freixo? Para passar uma vergonha ainda maior? Impossível! O único nome possível é do deputado federal Tarcísio Motta, que terá até bastante voto, mas nada que ameace Paes. Pode surgir outro do PSol, mas sempre menor que Tarcísio, que como Paes, é um avatar da carioquice.
Na direita? Quem se arriscaria? Flávio Bolsonaro? A pesquisa do Instituto Rio21 mostra que ele perderia para para Paes, apesar do empate técnico. Não é uma posição ruim de estar, mas um Bolsonaro perder para prefeito do Rio pode ter péssimas repercussões na eleição de 2026 e mostrar fraqueza política. Tem o General Pazuello, mas este é um que não quer saber de uma eleição majoritária, ao que parece, no momento quer fazer um bom mandato como deputado federal. Sobram poucos nomes fortes pela direita conservadora, especialmente para fazer frente a Paes.
Aí temos a centro-direita, especialmente com o apoio do governador Claudio Castro, que vai ter de entrar em uma queda de braço com Paes para mostrar quem tem mais força no estado, até para a luta que será a eleição de 2026. Há dois nomes possíveis, o senador Carlos Portinho (PL) que pontuou bem na pesquisa do Rio21, e vem fazendo um bom mandato, e o deputado federal, Dr. Luizinho (PP), atual secretário de Saúde.
Talvez Luizinho seja o que representa mais perigo para Paes. O PP é o que tem mais maleabilidade para pegar tanto votos da esquerda, quanto da direita, a nível federal caminha com Lula, estadual com Castro, não gera a mesma antipatia que o PL e o Bolsonarismo de Portinho. Paes, por outro lado, bateu forte demais nos eleitores de Bolsonaro e pode perder alguns votos importantes neste segmento. Luizinho também é querido por muitos políticos e grupos, coisa que não pode ser dita sobre Eduardo, cuja arrogância acaba o afastando de certas pessoas, aquelas que não veem a hora de enfiar um punhal por suas costas.
Claro, Dr. Luizinho tem como base Nova Iguaçu, e os cariocas dificilmente elegeriam alguém da Baixada. Algo muito difícil para ele superar, e ainda vai ter de superar o canto da sereia de Paes, que vai tentar de tudo para tirar um de seus principais adversários da corrida de 2024. E, se tirar, aí sim, Eduardo Paes será imbatível e falo isso faltando mais de um ano.
Se errar invento uma desculpa…
Esse prefeitinho de m… que fez o L, com certeza vai perder para qualquer poste que o Bolsonaro colocar pra disputar com ele.
Não adianta esse panfleto comuna ficar lambendo as bolas do “dudu”.
Se isso fosse uma bolsa de apostas, Eduardo Paes teria retorno negativo, porque a casa não perderia dinheiro com uma aposta tão certa de ganhar. É preciso encarar os fatos de que estamos numa entressafra. E o Bolsonarismo matou o que poderia surgir, como sempre acontece quando chega a extrema direita.
Sério que o Dudu merece todos esses elogios? Olho para a cidade e não é esse tsunami de realizações e méritos que estão aí.
Não faço elogios. Apenas observo e expresso minhas percepções. A diferença é que cada pessoa sente a cidade de formas diferentes. Eu consigo ver coisas ótimas nela que poucos lugares revelam.
… E já que estamos falando sobre fazer as coisas certas, cabe-me fazer justiça ao Diário do Rio que, apesar dos antagonismos internos, se apresenta como um órgão democrático tanto para admitir o jornalismo positivista de um Felipe Lucena quanto as agressivas e rascantes de seu Diretor-Executivo, que muitas vezes resvalam no preconceito e elitização que deveriam ser banidos da sociedade carioca. Minha maior crítica ao citado Diretor é que ele trata a exceção como regra, estendendo à toda a cidade as mazelas que observa em alguns aspectos pontuais de seu cotidiano.
…Neste ponto o que se sabe é que não há gestor que não cometa erros, alguns até graves. Mas uma coisa é erro de rota, aquela de natureza técnica e outra bem diferente é o moral, o de caráter, de interesse e desvio de função para ganhar poder, e esse perfil eu não vi em nenhum momento da trajetória de Paes.
Não sou cidadão de julgar político por preferência pessoal, razão para nunca ter tido “político de estimação”. Apenas uso conhecimento e análise para ampliar a visão sistêmica sobre o resultado das movimentações políticas. Daí que ao comparar Paes com os políticos que assumiram o executivo no Rio nos últimos 50 anos – notadamente o antecessor, Marcelo Crivella – salta aos olhos o esforço do atual prefeito em melhorar as condições da cidade enquanto legado, e não apenas para impressionar eleitores. A passagem de Crivella pela prefeitura foi um flagelo para a cidade! Ele conseguiu destruir em 4 anos o que todos os outros juntos tentaram fazer ao longo de pelo menos meio século nas suas sucessivas gestões. O que fica claro é que o amor de Paes pelo Rio é autêntico, e não propaganda eleitoral: ele se integra, encara as críticas de frente, sem se esconder por traz de notinhas de jornal, enfrenta adversários com com argumentos consistentes e determinação, e não apenas inventando desculpas e, o que é mais importante, ao final de sua gestão mostra o pau com que matou a cobra fazendo um acompanhamento minucioso e preciso de suas realizações. Diante de fatos que convencem, meras opiniões não fazem mais que confundir. Então não tenho a menor dúvida de que Paes – como provou nos dois primeiros mandatos e agora o confirma neste terceiro – ainda é a melhor opção para o Rio, pelo menos neste atual – e tenebroso – cenário político do país de forte atuação da extrema direita reacionária, fisiológica e eleitoreira. Um fato a mais que merece registro é que o Paes – diante de todos os escândalos que surgiram depois dos grandes eventos do Rio – foi o único dos políticos que estiveram à frente das ações que passou incólume pelo rastro de corrupção que marcou aquele período, inclusive o governador réu-confesso, condenado a mais de 400 anos pelos desvios cometidos.