Contam os amigos em qualquer lugar do mundo que se vá, sempre se encontrará um morador da Ilha do Governador, que carinhosamente chamamos de insulanos, e um cearense.
No caso daqueles que são da “República” de Nova Russas, um pequeno município do sertão do Ceará, temos essa concentração de expatriados que acontece bem aqui no coração da cidade do Rio de Janeiro, no meio da Baia de Guanabara.
O município de Nova Russas, com pouco mais de 30 mil habitantes, fica no Ceará e encontra-se no chamado polígono das secas, uma região com clima tropical, quente e semiárido, e com estações de chuvas e de secas muito bem definidas.
Este município do Ceará, que faz parte da Bacia dos rios Acaraú e Parnaíba, tem como origem um cortume que existia no século passado e tem uma vegetação típica de caatinga, arbustiva e que marca bem a cara do sertão brasileiro do Ceará.
O interessante desse curioso município é que é um extrato da vida e rotina de muitos locais do interior do Brasil, que formam as comunidades distantes, que se unem nos seus laços e que acabam se transformando em um polo de resistência das suas raízes e o desenvolvimento da união e da cultura daqueles que se identificam por suas origens.
Em grande parte dos serviços do Rio de Janeiro, especialmente na área de alimentação e gastronomia, tivemos grande contribuição daqueles que vieram do Ceará. Podemos certamente afirmar que os melhores cozinheiros franceses, de comida japonesa do mundo, que estão no Rio de Janeiro, e possivelmente vieram do interior do Ceará, pois desenvolveram grande habilidade gastronômica não só na Carne de Sol, Baião de dois ou macaxeira, mas na culinária fina servida em escala e com rapidez.
Neste cenário, na região da Ilha do Governador, no bairro do Moneró, onde há o Corredor Esportivo, foi fundada uma República avançada, quase uma Embaixada de Nova Russas em forma de um pequeno restaurante surgido de um quiosque, chamado Crepe Cevada, onde diversos moradores daquela longínqua cidade nordestina passam sua simpatia e desfilam suas habilidades gastronômicas e até desenvolvem a rivalidade entre os times do Ceará e o Fortaleza. Muitos vieram no sonho de trabalhar em uma cidade grande, quem sabe só para juntar um dinheirinho e comprar uma moto, mas hoje já compõe o nosso mosaico social local e se integraram a nossa cidade como se cariocas fossem.
A ideia de criar uma Embaixada é positiva e ainda um sonho para o futuro, mas na prática acaba já existindo, pois em todas as conversas informais daqueles que são de lá e se unem em uma jornada com muita simpatia, o Ceará se faz presente e também as lembranças de Nova Russas se colocam até no novo bolinho que se cria para agradar os amigos.
Alguns que confundem a sonoridade do município chegaram até na beligerante invasão a Ucrânia, achando que aqueles simpáticos, onde grande parte vieram no passado do DNA da colonização portuguesa do Ceará, tivessem alguma relação com qualquer derivada comunista. O jeito daqueles que nos servem, colocados no tripé de sócios, Régis, o mágico João e pelo grande Cheff Lourival, compensa toda a agressividade que estava entre nós nessa Russas que não é nem nova e nem beligerante aos povos vizinhos.
O bacana dessa relação com o nordeste e desse mosaico de formação cultural que temos em nossa cidade é como eles conseguem se integrar tão perfeitamente e contribuir para a nossa sociedade, além de virarem amigos.
Portanto, um dia se quiseres conhecer Nova Russas, não precisa cruzar e equivocadamente sobrevoar a cortina de ferro ou o oceano ou sequer ir ao Ceará! Basta conhecer a Embaixada da Nova Russas que fica bem ali no Corredor Esportivo da Ilha do Governador onde se vê o por do sol, que desce no horizonte na linha do sertão do Ceara e onde se come a melhor carne de sol com risoto de camarão do planeta.