O grande objetivo do programa das UPP´s nunca foi acabar com o trafico de drogas, e sim com o domínio armado dessas regiões. Diga-se de passagem, acabar com o trafico de drogas é virtualmente impossível pois onde há a capacidade de exploração altamente lucrativa haverá tal atividade. O objetivo declarado era o de retomar estes territórios das gangues armadas que impunham um estado paralelo.
Funcionou bem por um tempo. As experiências passadas de destacamentos avançados nunca tinham alcançado tamanha eficácia e nem escala. O resultado foi a soma de diversos fatores: a vigilângia ativa da sociedade e imprensa, o interesse da reeleição e certamente também a competência de quem estava por trás do programa (especificamente o seu principal mentor, o secretário Beltrame).
Mas, como em qualquer programa complexo, falhas apareceram. Por um tempo foram sanadas. Uma UPP corrupta foi praticamente reiniciada. Outros pontos de conflito menor receberam maior policiamento e atenção. O conjunto de fatores que levou ao sucesso da UPP minguou. Os jornais se cansam. Se em 2009, tiroteio em uma favela pacificada era matéria de jornal, hoje é necessária uma guerra aberta com feridos e mortes. Tiros em área pacificada já são “tolerados”.
Vivemos hoje uma situação em que o programa das UPP´s está à beira da morte. Das quase 40 unidades listadas no site da Polícia Militar poucas continuam seguras. Algumas delas foram reocupadas por traficantes armados exatamente como antes das UPP´s. São UPP´s apenas no papel, na prática foram silenciosamente (des)inauguradas.
É evidente a todos que a solução definitiva está muito além do trabalho da Policia Militar. Porém, está na hora de se perguntar se vamos fazer um ultimo esforço para salvar este projeto, que tem benefícios claros mesmo que limitados, ou se nos contentamos com a sua morte por completo.
A responsabilidade sobre essa decisão não recai exclusivamente sobre o governador ou o secretário. A sociedade tem que se fazer ouvir nessa questão. A meu ver a UPP é um programa limitado, mas entre todos foi o que teve os melhores resultados. Voltar à estaca zero é jogar fora o que foi conquistado até esse momento. Seria uma pena deixar o “paciente” que mostrou tanto potencial morrer na maca.