Leitores evolucionistas, amantes da ciência, agora vocês tem um dia até para pedir que se torne feriado no meio de tantos dias religiosos. Foi aprovada na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, o Dia de Darwin, que passa a fazer parte do Calendário Oficial da Cidade.
O dia escolhido é o dia 4 de Abril, data em que o naturalista britânico aportou no Rio de Janeiro em 1832, ficando até o dia 5 de Julho de 1832. Tendo passo por no Centro, Botafogo, Flamengo, Praia Vermelha, Santa Teresa, Corcovado, Igreja da Penha, Palácio de São Cristóvão, Lagoa Rodrigo de Freitas, Ipanema, Leblon, Jardim Botânico, Horto (Fazenda dos Macacos) e Gávea. Além do interior do Rio.
Assim que chegou ao Rio, Darwin mostrou entusiasmo pela cidade, como consta em seu Diário:
Mal posso esperar o grande prazer de passar algumas semanas neste lugar muitíssimo calmo e belo. O que se pode imaginar de mais delicioso do que observar a natureza em sua forma mais grandiosa nas regiões dos trópicos
Mas, já naquela época, o Rio não era muito afeito a tratar bem seus visitantes, como esta história entre ele e o dono de uma pensão, que aconteceu ali perto de Jaconé:
A venda fica num pátio, em que se alimentam os cavalos. Costumávamos, ao chegar, desarrear os animais e dar-lhes a ração de milho. Em seguida, curvando-nos reverentemente, pedíamos ao senhor que nos fizesse o favor de ar qualquer coisa que comer.
– Qualquer coisa que quiserem, senhores! Era a sua resposta habitual.
Nas primeiras vezes, dei em vão graças à providência, por nos haver guiado à presença de tão amável pessoa. Prosseguindo o diálogo, porém, o caso invariavelmente assumia o mesmo aspecto deplorável:
– Pode fazer-nos o favor de servir peixe?
– Peixe! Não, senhor.
– Sopa?
– Não, senhor.
– Carne seca?
– Oh! Não, senhor! Se tivéssemos sorte, esperando umas duas horas, poderíamos conseguir frangos, arroz e farinha. Não raro, tivemos que, pessoalmente, abater com pedradas as galinhas que nos iam servir para o almoço. Quando extenuados de cansaço e de fome, dávamos a entender que ficaríamos satisfeitos de ver a mesa posta, a resposta pomposa usual, se bem que verdadeira, mas assaz desagradável, era:
– Fica pronto, quando estiver pronto. Se ousássemos insistir mais, mandar-nos-iam seguir viagem, por sermos tão impertinentes
Vale saber mais sobre Darwin no Rio neste texto da geóloga Kátia Leite Mansur e neste da revista Scientific American Brasil.
A Lei n° 5.809/2014, é de autoria dos vereadores Edson Zanata e Marcelo Arar. E, espero, que neste dia as escolas façam atividades especiais para difundir a ciência em nossa cidade.