Na manhã da última sexta-feira (5/5) o auxiliar administrativo Lucas Estrela, de 20 anos, acordou com uma bala perdida fincada em suas costas na Vila Kosmos. Dois dias depois, no Palácio Laranjeiras, quem tomou bala nas costas fomos nós, os fluminenses. O governador Cláudio Castro, como mostrou nesta quarta-feira o site Metrópoles fez mais uma festinha, regada a caviar e vinhos caros, agora para comemorar o aniversário da primeira-dama. E agora está flanando em Nova York.
Fizeram um grande conluio para tirar o governador Wilson Witzel e instalar a República da Festança. Em dois meses, Castro já viajou a Lisboa, Londres e Nova York, com seus house-organs oficiais exibindo supostos benefícios para o estado do Rio que jamais virão.
O governador não está nem aí. Afinal vivemos um tempo em que um suposto cartão de vacinação fraudado é mais grave do que uma festa na qual o governador não respondeu ao “Metrópoles” de onde saiu o dinheiro para bancar o furdunço.
Não tem uma pessoa nesse governo, nem na pífia comunicação, nem no gabinete, para dizer que essas ostentações absurdas não combinam com o cargo de governador?
A sensação que se tem é que Cláudio Castro curte as benesses do poder como uma oportunidade única de curtir a vida, numa espécie de governo faz de conta. Faz de conta que cuida das pessoas, faz de conta que a violência está controlada, faz de conta que o estado está em sua melhor fase econômica.
Nada disso existe. A rejeição de mais de 51% dos cariocas, tanto na pesquisa Prefab Future quanto na Brasmarket, mostra que o castelo de areia de Cláudio – eleito em rejeição a Marcelo Freixo e com a máquina torrando dinheiro do loteamento da Cedae – ruiu.
E ruiu rápido.
Quando Castro anunciou que não moraria no Palácio Laranjeiras, passando uma mensagem pública de gestão sem ostentação, não imaginaríamos que um dos lugares mais clássicos e tradicionais do poder virasse uma cafona casa de festas de grã-fino.
Viagens e festas sempre foram sinais de governos sem propósito. O estado do Rio de Janeiro está largado às traças como nunca se viu. E o governador segue em cima do palco sendo aplaudido por bajuladores. Esse palco pode ser qualquer um, o do Jockey Club, em 2022, quando reuniu milhares de pessoas em torno de si, o do Palácio Laranjeiras, ou a Quinta Avenida. Nesses momentos gloriosos, de bacana, é só felicidade.
Tristeza mesmo só vive o menino da bala nas costas na Vila Kosmos.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.