Chico Alencar: Suprema demora suprime direitos

O colunista do DIÁRIO DO RIO comenta sobre as questões do "Marco Temporal"

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Fachada do STF, em Brasília - Foto: Reprodução

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, teve muito tempo para analisar a questão do “Marco Temporal” assim como os seus demais pares da Corte. Mas, terrivelmente insensível à vulnerabilidade dos 305 povos indígenas do Brasil, pediu vistas no processo. O julgamento pode se arrastar por mais 90 dias (ou até mesmo ficar engavetado por prazo indeterminado).

Evangélico, o magistrado podia ter ouvido o Conselho Indigenista Missionário (CIMI). E, sobretudo, organizações dos povos indígenas, como a APIB. E o clamor daqueles ameaçados em seus direitos às próprias terras, culturas, cosmovisões e vidas!

O ministro se disse “impressionado” pelo voto do colega Alexandre de Moraes. Mas, em vez de seguí-lo e votar contra o tal “Marco” desmarcador, “Temporal” destruidor de conquistas, após séculos de abusos e genocídio sobre o(a)s brasileiro(a)s originários, pediu mais tempo para “refletir melhor”.

Setores do agrotrogloditismo comemoraram, senadores ruralistas querem acelerar a votação na dita “Câmara Alta”.

Rosa Weber, presidenta da Corte, alertou o colega: “Não gostaria de deixar esse colegiado antes de votar essa matéria” (forma delicada de dizer “não senta em cima”). Rosa se aposenta em 2 de outubro próximo.

Enquanto a Suprema Corte não decide, cada dia que passa facilita invasões de áreas protegidas, derrubada de florestas, garimpo ilegal, envenenamento de rios, destruição e morte, inclusive em territórios dos 105 povos isolados!

Para mim, isso é terrível. E nada cristão. Tampouco republicano.

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