O Rio de Janeiro se prepara para receber a 18ª edição do Congresso RedPOP, maior evento de divulgação científica da América Latina, que ocorrerá no Museu da Vida Fiocruz, em Manguinhos, e também em outras instituições parceiras, entre os dias 10 e 16 de julho. O tema deste ano é “Vozes Diversas: diálogo entre saberes e inclusão na popularização da ciência”, e mostrará a importância das diferentes culturas, perspectivas e contextos para o campo da popularização e divulgação da ciência no mundo.
Convidados e palestrantes
Cientistas, políticos e ativistas já confirmaram presença no encontro, como o líder indigenista, filósofo e escritor Ailton Krenak. Ele trará sua rica bagagem cultural e intelectual para a mesa de abertura “Ciência, conhecimento e meio ambiente em perspectiva”, no dia 10 de julho, das 18h às 20h, no Museu do Amanhã.
Outra confirmada é a antropóloga Maria Paula Meneses, da Universidade de Coimbra, em Portugal. Na mesa “Diversidade, decolonialidade e inclusão”, no dia 11, a partir das 9h, ela falará sobre suas pesquisas e experiências que dialogam com os temas de patrimônio, ciência e decolonização.
O físico Alan Alves Brito, vencedor do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica de 2022, também marcará presença. Ele irá palestrar na mesa-redonda “Diálogo e Cidadania”, dia 12, onde contará detalhes sobre suas perspectivas em relação à educação e divulgação das áreas de astronomia e física, sempre a partir de questões decoloniais, étnico-raciais e de gênero.
Da Argentina, Carina Cortassa vem ao evento para palestrar na mesa-redonda “História da Divulgação Científica na América Latina”, no dia 12. A pesquisadora trabalha com compreensão pública da ciência e da tecnologia na Universidad Nacional de Entre Ríos. Outra confirmação para a mesma sessão é a brasileira Luisa Massarani, coordenadora do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT).
Já no dia 13, o painel “Políticas de Divulgação Científica” reunirá Ernesto Fernández, responsável pelo escritório da Unesco em Lima (Peru); Angela Ramírez, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação da Colômbia; Inácio Arruda, novo Secretário Nacional de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, entre outros pesquisadores.
Ao longo do evento, temas que percorrem a desinformação científica no dia a dia de milhares de cidadãos, a polarização política, a construção e manutenção de políticas públicas para a área, bem como apresentação de trabalhos científicos e artísticos, farão parte da semana dos congressistas.
Ciência para todos na Quinta da Boa Vista
A programação do RedPOP também inclui um dos maiores parques urbanos da cidade do Rio de Janeiro – a Quinta da Boa Vista, para onde são esperadas diversas atividades públicas e gratuitas, que acontecerão nos dias 15 e 16 de julho (sábado e domingo), com atrações científicas e artísticas tanto de participantes do evento, como de instituições parceiras.
Um dos destaques é o Ciência Móvel, um museu itinerante que busca não apenas difundir informações científicas, mas também aproximar a ciência do cotidiano dos visitantes, oferecendo um espaço de descoberta e reflexão por meio de atividades interativas, onde discute-se de maneira problematizadora a vida e sua diversidade, a promoção da saúde e a intervenção do homem sobre o ambiente.
Outra atração confirmada é o Museu Ponto UFMG, um espaço científico-cultural adaptado em uma unidade móvel com seis salas interativas que relatam a história do homem e sua relação com o universo, além de uma exposição externa com cerca de 30 experimentos divididos em três galeras: energia, desafio e home; e o espetáculo “Vozes do Oceano”, uma performance teatral feita totalmente por mulheres que mostra a vida marinha e a destruição após a chegada do plástico nas águas.
Para o encerramento do Congresso RedPOP, no domingo (16), e em comemoração pelo Dia Nacional da Ciência, está prevista ainda uma programação de atividades especiais realizadas por instituições de ciência e tecnologia do país inteiro com organização da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e apoio da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.
Para Diego Vaz Bevilaqua, vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da Casa de Oswaldo Cruz e coordenador-geral da comissão organizadora, a América Latina vem passando por transformações nos últimos anos que têm evidenciado a importância de valorizar a diversidade dos povos originários. Nesse sentido, o tema é um chamado às diferentes vozes na construção do conhecimento científico associado aos saberes populares e a outras culturas historicamente excluídas.
“Por outro lado, temos um forte movimento da Fiocruz de valorização do diálogo com a sociedade, o que certamente contribuirá muito para a discussão”, afirma.