Em meio a extensa vegetação da Floresta da Tijuca, as ruínas esquecidas do Hotel Tourist Gávea, abandonado há décadas na Zona Sul do Rio, parece que terão finalmente um destino. Isso porque, a atual gestão do local, que assumiu a área há mais de 10 anos, em 2011, garantiu que o hotel vai sair do papel. A informação foi divulgada inicialmente pelo portal G1.
“Em 2011, quando nós assumimos, tomamos alguns sustos em relação a esse empreendimento que estava abandonado. Encontramos pessoas morando aqui, algumas carcaças de automóveis. Tudo isso foi resolvido, e o terreno, limpo”, afirmou ao G1, Marcos Cumagai, conselheiro da nova administradora, a Gávea Residence e Corporações.
A expectativa é de que o empreendimento, batizado de Gávea Boutique & Extended Stay Hotel, esteja em funcionamento a partir de 2026, mas de forma mais compacta.
Os 440 apartamentos do projeto inicial serão transformados em 80 de um hotel-boutique e 150 unidades de acomodação “long stay” – em que a hospedagem oferece comodidades semelhantes às de um apartamento residencial.
Por se tratar de uma área de preservação, a nova administradora precisou adquirir as licenças ambientais Licença Municipal Prévia (LMP) e Licença Municipal de Instalação (LMI) – elas autorizam o início das obras de recuperação do empreendimento.
A empresa já tinha conseguido, durante o processo de aprovação do projeto, o parecer favorável do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que apontou “a inexistência de atividades potencialmente causadoras de danos ao meio ambiente”.
As próximas etapas para que o projeto ganhe vida serão:
- A recuperação e revitalização de toda a estrutura; projeto arquitetônico e de interiores, montagem dos apartamentos modelo e apresentação ao mercado especialista para validação do conceito dos produtos – hotel + residencial;
- Instalação dos projetos especiais: elétrica, hidráulica, elevadores, ar-condicionado, automação predial e revisão do projeto arquitetônico;
- Mobiliário e decoração de interiores baseado no projeto arquitetônico e interiores.
Esqueleto virou atração turística
O hotel começou a ser construído em 1953, pelo arquiteto Décio Silva Pacheco. A ideia foi concebida com o intuito do imóvel ser um dos mais requintados do Brasil, mas após alguns anos, e a falência da incorporadora Califórnia, responsável pela edificação, em 1972, o local, ao longos dos anos, foi se transformando em ponto turístico e cenário para selfies e produções audiovisuais.
O “hotel fantasma”, que nunca chegou a receber hóspedes, possui 30 mil quadrados, com quase 125 metros de comprimento. Possui 16 andares ao longo dos seus 272 degraus, que juntos atingem uma altura de 50 metros. Lá, inclusive, existia um teleférico projetado. O complexo hoteleiro iria abrigar 500 quartos, além de restaurantes e uma grande área de lazer.
Uma curiosidade em relação ao Tourist Gávea é que, em 1965, enquanto as obras continuavam, ocorreu uma festa de réveillon no grandioso prédio, que acabou sendo sede de uma balada chamada Sky Terrace por alguns anos no andar térreo, ou seja, o local não foi 100% inutilizável, afinal.