O histórico Arco e Oratório de Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança, na Rua do Carmo, região central do Rio de Janeiro, passará por processo de restauração.
Ele está localizado nos fundos da tradicionalíssima Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, que tem sua entrada principal pela Rua Primeiro de Março.
Conforme denunciado pelo DIÁRIO DO RIO em janeiro deste ano, o oratório, do século XVIII, é o último remanescente de um total de 73 existentes na cidade na época dos vice-reis e ficou em total estado de abandono por cerca de uma década.
Ele pertence à Ordem Terceira do Carmo, que, após procura da reportagem, informou que ”a revitalização do Arco e Oratório já está contratada e em andamento, sob responsabilidade da empresa Restauro Carioca”.
A referida empresa, por sua vez, também contactada pelo DDR para comentar o assunto, optou por ainda não se manifestar a respeito.
Vale destacar que o Arco e Oratório de Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que atua como órgão fiscalizador em todo o território brasileiro.
Procurado, o Iphan explicou que, ”no caso de propriedades tombadas públicas ou privadas, o proprietário é responsável por promover obras de conservação e restauro, bem como zelar pela manutenção do monumento’‘.
Ainda segundo a autarquia, ”de acordo com o Decreto-lei 25/1937 e a Portaria 187/2010, cabe ao Iphan fiscalizar o bem cultural, aprovar projetos de intervenções e orientar o proprietário na conservação do bem tombado”.
Por fim, o instituto afirmou que ”o projeto de restauro do Arco e Oratório da Rua do Carmo foi protocolado no Iphan e analisado pela área técnica. Muito em breve, a aprovação será encaminhada ao requerente”.
Ex-diretor do Museu Histórico Nacional, o doutor em História Paulo Knauss de Mendonça critica o descaso com o monumento.
”O oratório da Rua do Carmo é um documento histórico especial do tempo em que a devoção católica era vivida nas ruas da cidade. Seu estado de conservação exemplifica como o patrimônio religioso do Rio de Janeiro tem sido destratado. Nada justifica seu abandono”, diz.
Importância além da fé
Antigamente, quando o Rio não dispunha de iluminação pública, a população da cidade costumava se reunir em torno dos oratórios, que ficavam acesos à noite, com suas imagens católicas iluminadas, tanto para rezar quanto para colocar o papo em dia.
Os oratórios funcionavam como uma espécie de ”guia” para as pessoas, que, à exceção de uma ou outra janela aberta iluminada, precisavam deles – situados em arcos, esquinas e até mesmo paredes de prédios – para se locomover.