Na última segunda-feira (16/10), foi realizada a entrega oficial do Oratório da Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança, situado na Rua do Carmo, 38, no Centro do Rio de Janeiro. A reinauguração deste monumento histórico, pertencente à Venerável e Arquiepiscopal Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, representa um marco significativo para a cidade e seu patrimônio cultural. Esta é uma associação pública de fiéis católicos leigos, mas tem gestão completamente independente da Arquidiocese, que apenas fiscaliza entidades assim.
Este monumento, construído no final do século XVIII, em estilo colonial barroco, com materiais importados da Europa, é considerado uma relíquia católica e sofreu com o descaso e abandono, por mais de 25 anos, conforme denunciado pelo DIÁRIO DO RIO, no início deste ano. Ele se encontra sobre um arco de pedra na parte superior da passagem que ligava as Ruas Primeiro de Março e do Carmo, que encontra-se fechada com portões em ambas as extremidades, reservada exclusivamente para o uso das duas igrejas erguidas em homenagem à Nossa Senhora do Carmo.
De acordo com informações obtidas pelo jornal, o restauro do belo oratório custou cerca de R$ 500 mil reais. Este oratório era de grande valia aos brasileiros que iam, naquele tempo, viajar de navio. O porto era logo ali, na Praça XV, e era a Nossa Senhora do Cabo que se pedia proteção e uma viagem segura e tranquila.
O processo de revitalização do monumento, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), teve início em 10 de julho deste ano de 2023, após 60 dias de investigações diagnósticas e a aprovação do projeto de restauração pelos órgãos competentes, incluindo o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro (Inepac) e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). E infelizmente, os sobrados históricos azulejados localizados à esquerda do monumento, pertencentes à mesma ordem leiga, estão em muito mau estado de conservação, entretanto formam um lindo conjunto com o monumento.
O oratório em questão é o único remanescente dos 73 oratórios que existiam na cidade na época dos vice-reis. Essa condição foi destacada pelo arquiteto Augusto Silva Teles, que baseou-se em documentos históricos em 1979 para atestar essa singularidade, como por exemplo a presença da fachada com ornamentos em alvenaria, pedra, azulejos holandeses e alemães brancos e azuis, além de cantaria em blocos de rocha talhados.
A entrega do Oratório da Nossa Senhora do Cabo da Boa Esperança à comunidade é um retorno à época em que estes serviam como pontos de encontro e guias para a população, especialmente durante períodos em que a iluminação pública era escassa, e eles eram a única coisa que ficava acesa à noite. Na solenidade, a histórica imagem da santa com sua linda coroa de prata foi colocada no local, e logo após, foi substituída por uma imagem de gesso de Nossa Senhora de Fátima.
Na cerimônia, marcaram presença o Padre Silmar Fernandes e Daisy Ketzer, ambos da Comissão de Patrimônio da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o diretor da Sergio Castro Imóveis, o empresário Cláudio Castro, que é provedor da Irmandade dos Mercadores, o superintendente do Iphan, Paulo Vidal, e o Prior da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, Aurélio Teixeira Moutinho, a entidade responsável pelo oratório e pela igreja adjacente, que atualmente está interditada devido a riscos de incêndio, conforme relatado pelo DIÁRIO, necessitando de reformas urgentes.
Em seu rápido discurso, o Prior expressou seu desejo de que este evento seja o primeiro passo em direção ao processo de restauração da igreja. E além dos citados, diversos servidores do Iphan também prestigiaram o marco e a benção ao oratório, que teve direito a água benta e salva de palmas.
