A Justiça do Estado do Rio de Janeiro deu autorização para a transferência do criminoso Rogerio Avelino da Silva, também conhecido como ‘Rogerio 157‘, o líder do tráfico, da Penitenciária Federal de Porto Velho, Rondônia, de volta para o território fluminense. A decisão foi tomada pela 6ª Câmara Criminal do Rio e contou com o apoio unânime dos três desembargadores: Luiz Noronha Dantas, Fernando Antonio de Almeida e Marcelo Castro Anatocles. Esta medida tem como objetivo trazer de volta para a cidade o antigo chefe da facção Comando Vermelho (CV) na comunidade da Rocinha.
A decisão enfrentou críticas do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, que destacou a escalada de violência que o estado do Rio de Janeiro enfrenta atualmente. Ele expressou sua preocupação em relação a essa transferência, sem mencionar nomes, enfatizando a necessidade de cooperação no combate ao crime organizado. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), o acórdão da 6ª Câmara Criminal ainda está sujeito a recursos e só se tornará definitivo após esse processo.
Rogerio 157, atualmente detido por tráfico de drogas desde 2018, já foi um dos criminosos mais procurados do estado do Rio de Janeiro. Sua notoriedade aumentou após liderar uma guerra pelo controle da comunidade da Rocinha, localizada na Zona Sul. Inicialmente, ele ocupou uma posição destacada na hierarquia da organização da Rocinha, atuando como chefe da “parte baixa” da comunidade e como segurança do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, também conhecido como ‘Nem’, na época líder do tráfico na região.
Em setembro de 2017, Rogerio 157 assumiu o controle da Rocinha, após uma invasão à comunidade com o apoio de outra facção criminosa. Esse confronto resultou em uma série de confrontos na área. Atualmente, Rogerio 157 possui nada menos que quatro condenações judiciais por crimes como tráfico de drogas e corrupção, acumulando uma pena total de 61 anos de prisão.
No início deste ano, a Polícia Civil desmantelou um plano para trazer o traficante de volta a um presídio no Rio. A ação resultou na prisão de três suspeitos por oferecer vantagens indevidas a funcionários públicos. Os alvos da operação incluíam o advogado Josué Ferreira dos Santos, o policial civil Mário Augusto Bernardo Junior e Rogerio 157.
Segundo as investigações, o policial e o advogado tentaram subornar um agente da SSINTE para atrasar o envio de um documento que renovaria a permanência de Rogerio 157 em uma unidade prisional federal em Rondônia. O advogado pretendia usar esse atraso como base para um pedido judicial para que o traficante fosse transferido de volta ao Rio de Janeiro.
Por lei, quando um preso é transferido para o sistema penal federal, o estado de origem do detento deve anualmente fornecer um parecer sobre os riscos de sua transferência de volta a uma prisão local. Esse parecer, conhecido como “ofício de renovação“, é submetido à Vara de Execuções Penais e contém informações sobre a periculosidade do preso, sua influência e sua rede de aliados. Com base nesse relatório, a Justiça decide se o detento permanece em uma prisão federal ou se pode ser transferido de volta.
O plano conspirava para fazer com que o estado não cumprisse esse prazo, que para Rogerio 157 expiraria no final do mês. Em depoimento, o agente da SSINTE revelou que o advogado e o policial o pressionaram, oferecendo-lhe uma quantia significativa de dinheiro para atrasar o envio do documento dentro do prazo estabelecido pela Vara de Execuções Penais. O agente da SSINTE também relatou que houve encontros com os suspeitos, onde Josué foi identificado como a pessoa que intermediava os assuntos em nome de Rogerio 157.