Luiz Felipe Gomes: Eventos, turismo e insegurança pública

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre os episódios de insegurança nos recentes megaeventos sediados na cidade

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Nesta semana, testemunhamos mais um capítulo da temporada de insegurança pública na cidade do Rio, com arrastões ocorrendo na zona norte, nas proximidades do estádio do Engenhão, durante os dois dias do evento musical da banda RBD. O detalhe é que, desde o primeiro dia, o público já havia reclamado dos furtos e roubos que ocorreram até dentro da estação de trem do Méier. Como aceitar dois dias seguidos de aparente ineficácia do aparato de segurança pública planejado para o local do evento?

O Rio, com suas belezas naturais e cultura vibrante, ainda permanece sendo um dos destinos turísticos mais populares do país, e parte significativa desse sucesso vem da realização de eventos que atraem turistas nacionais e internacionais. Contudo, esse enorme magnetismo atrativo enfrenta cada vez mais o complexo desafio da insegurança nas ruas da cidade.

O turismo de eventos, com sua notável diversidade, tem o poder de projetar globalmente a imagem do Rio. Para o bem ou para o mal. A incansável missão de ganhar a confiança de potenciais visitantes milita contra a violência e as imagens da violência que, muitas vezes, rodam todo o Brasil e o mundo.

Os agentes econômicos do segmento, ao fazerem o seu “dever de casa”, também cobram a solução desse problema que, nos últimos anos, parece ter piorado. Porém, eles também, como constitucionalmente responsáveis pela segurança pública, devem ser parte de uma solução compartilhada. É fundamental que os eventos continuem a gerar desenvolvimento socioeconômico, mas ficou evidente que o fator segurança pública emergiu como a variável principal na equação para o aumento do turismo no Rio. No entanto, a inseparável relação entre eventos e a insegurança parece estar subestimada pelas autoridades.

Mesmo assim, o Rio se supera, dia após dia, no empreendimento de eventos inéditos para o turismo carioca. No próximo ano, teremos Rock in Rio 2024 e o G20 (fórum de cooperação econômica internacional que reúne as principais economias desenvolvidas e subdesenvolvidas do mundo), e também receberemos, em abril, pela primeira vez no Brasil, o maior torneio latinoamericano de golfe profissional, o PGA Tour Américas.

No meio do ano, será a vez do agronegócio mundial desembarcar no Rio para o maior fórum de inovação e agronegócios da América do Sul, o Fórum Internacional do Desenvolvimento Agroambiental Sustentável, prometendo ser o indutor e a sinergia que faltavam para que o Brasil seja a maior potência agroambiental sustentável do planeta. Mais uma vez, o Rio de Janeiro foi o cenário escolhido como moldura desse importante evento.

Só esses dois novos eventos internacionais previstos para 2024 trarão aproximadamente 35.000 mil visitantes de todas as partes do mundo, impulsionando ainda mais a economia carioca, gerando empregos, renda, e arrecadação de tributos.

Entretanto, a questão crucial da segurança permanece e preocupa. Como trazer mais eventos se a atual estrutura operacional de garantia da segurança já não dá “conta do recado”? O tal cobertor curto das polícias e guardas municipais deveria ser solucionado de alguma forma. O manejo prévio e inteligente da regulação de datas coincidentes dos grandes eventos pode ser uma saída bem pragmática, já que não há o milagre da multiplicação dos recursos humanos da lei e da ordem.

Os agentes do turismo regional e o poder público, executivo e legislativo, precisam conjuntamente estudar e analisar essa questão. Cito como exemplo a necessidade de uma atualização realista da anacrônica Lei nº 5.146/2010, que vem se tornando uma verdadeira colcha de retalhos, na tentativa de consolidar o Calendário Oficial de Eventos da cidade do Rio.

Precisamos definir prioridades e instituir métodos no trabalho de preparação de infraestrutura e organização de grandes eventos. Tornou-se imprescindível um planejamento operacional prévio e matricial, com ambos os setores, público e privado, criando rotinas e um plano de trabalho padrão bem definidos, aos quais produtores, organizadores e demais apoiadores e envolvidos se atenham, para a otimização de bons resultados na área de ordenamento e segurança pública.

Em suma, todos precisam atuar juntos, corresponsabilizando-se por uma solução real, viável e adequada para minimizar a insegurança e a sensação de insegurança, que, mesmo sem serem convidadas, insistem em participar dos grandes eventos em toda a cidade do Rio.

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