Localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, a Vila da Penha é considerada um dos bairros mais charmosos do Subúrbio carioca. Há quem diga, inclusive, que morar na ”VP” (como é carinhosamente chamada) é melhor do que viver, por exemplo, em bairros como o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, que é cercado por praias. E, pensando justamente nos habitantes locais e em seus hábitos, o DIÁRIO DO RIO lista 9 coisas que só os moradores da Vila da Penha entendem. Confira.
1 – Vila da Penha, Penha Circular e Penha: não são ”tudo a mesma coisa”
Não dá pra começar essa matéria sem ser por esse assunto. Geralmente, quem é totalmente de fora do eixo Vila da Penha-Penha Circular-Penha pensa que são ”tudo a mesma coisa”. Porém, diferentemente, por exemplo, da região composta por Afonso Pena-São Francisco Xavier-Saens Peña, que são localidades pertencentes a um só bairro (Tijuca), a VP e suas respectivas adjacências citadas são 3 bairros diferentes – embora sejam interligados praticamente da mesma forma que a referida região tijucana. E quando os moradores da Vila da Penha ouvem alguém da Penha Circular dizer que mora na VP?! Rapaz, o bicho pega. Cada qual no seu quadrado, né?!
2 – Carioca Shopping: eu posso criticar, mas você, não
Único empreendimento comercial desse porte na Vila da Penha, o Carioca Shopping é composto por estabelecimentos tradicionais de diversos segmentos, como Smart Fit, Renner, Riachuelo, C&A, Cinemark, Mc Donald’s, Spoletto e até Outback. O local, embora não seja, digamos, completo, tem bastante coisa. Mas sabe aquele velho ditado de que ”a grama do vizinho é sempre mais verde”?! Então, a população da VP não costuma lá dar muito valor ao empreendimento. Há diversas críticas, principalmente em relação ao tamanho – embora o local esteja sempre tentando se expandir. Agora, vai você, de fora da Vila da Penha, falar mal do shopping?! Nem se atreva! Essa é uma atribuição exclusiva dos moradores locais, que defendem com unhas e dentes quando algum ”forasteiro” critica o local. E tenho dito!
3 – Cortar caminho pela entrada da C&A do Carioca e dar uma voltinha no shopping: quem nunca?
Ainda falando de Carioca Shopping, é tradição entre os moradores da Vila da Penha cortar caminho pela entrada da C&A localizada na Avenida Vicente de Carvalho. Quem faz isso, principalmente, são os moradores do bairro que saltam na estação Vicente de Carvalho – bairro vizinho – tanto do metrô quanto do BRT e utilizam essa ”passagem alternativa” para chegar à VP. A maioria trabalhadores voltando do trabalho, aproveitam para dar uma passadinha no shopping antes de chegar em casa. Errado não tá, né?!
4 – Oliveira Belo: a ”orla” da Vila da Penha
A Vila da Penha, por não estar localizada na região ”litorânea” da cidade, obviamente não possui nenhuma praia. Entretanto, o bairro tem uma certa localidade específica que é ”quase” isso: a Avenida Oliveira Belo (que, inclusive, o DIÁRIO DO RIO já falou especificamente sobre, em novembro do ano passado). Mas o que tem a ver, de fato, a Oliveira Belo com as praias cariocas? Pois bem, a avenida, dividida em mão dupla por meio de um rio, serve como uma espécie de ”calçadão” para os moradores da região. Caminhar ou correr na Oliveira Belo é, para o morador da Vila da Penha, como estar passeando na Vieira Souto, em Ipanema, ou na Delfim Moreira, no Leblon. E, assim como nos calçadões cariocas, em que há os quiosques, a Avenida Oliveira Belo é munida de diversificados bares para ”refrescar” os frequentadores locais. Certamente, a Oliveira Belo é a ”orla” da Vila da Penha!
5 – Academia popular da Oliveira Belo: ”Um dia vou malhar aí”
Ainda falando de Oliveira Belo, o local é tão bacana que possui uma academia popular. E não estou falando de algumas barras de musculação que têm nas praias do Rio, não, mas sim de uma academia, mesmo, com aparelhos para malhar braços e pernas, com pesos e tudo mais. E isso tudo ao ar livre! Embora não seja um espaço grande – longe disso -, dá tranquilamente para fazer musculação. Quem nunca passou por lá, ficou observando a academia e pensou, pelo menos uma vez: ”Um dia vou malhar aí”?! Agora só falta botar a ideia em prática, né?
6 – Futebol e crianças brincando nas praças da Cetel, Volta ou Viseu
5: Se você mora na Vila da Penha, gosta de jogar futebol e nunca praticou a atividade – ou nunca levou seus filhos para brincar – nas praças da Cetel, da Volta ou do Viseu, olha, tá precisando rever seus conceitos. As 3 são points do bairro e vivem diariamente cheias de jogadores amadores e de crianças brincando – antes da quarentena, claro.
7 – ”Carnabicão”: o Carnaval mais famoso (e perigoso) da Vila da Penha
Quando chega a época do Carnaval, o cidadão carioca, de maneira geral, já pensa logo no desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí ou nos blocos do Centro ou Zona Sul. Entretanto, o morador da Vila da Penha que não deseja ir para longe curtir a folia, tem sua própria festa. Trata-se do popular ”Carnabicão”. É impossível morar na VP e não ter pelo menos ouvido falar do Carnaval de rua realizado no Largo do Bicão, uma espécie de ”sub-bairro” da região. Anualmente, a redondeza fica cheia de barracas e tomada de foliões. É bem verdade que o Carnabicão não é lá uma das festas mais seguras do Rio de Janeiro (como mostra a foto acima – que é uma brincadeira e não uma programação de verdade, ok?), mas certamente faz parte da cultura do bairro.
8 – Olimpo: “templo” eterno da região
Apesar de oficialmente estar endereçado como Penha Circular, os moradores da Vila da Penha frequentaram por cerca de 15 anos uma das casas de show mais famosas de todo o Rio de Janeiro, o Olimpo, inaugurado em 1999. O espaço encerrou as atividades em 2015 e, após 8 anos fechado, reabriu em 2023, repaginado e trazendo de volta a sensação que até então era apenas nostálgica em seus frequentadores. A casa contou inicialmente com shows de artistas consagrados da música nacional, como Roberto Carlos, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Zeca Pagodinho, Charlie Brown Jr., O Rappa, Pitty, entre inúmeros outros. A partir de uma determinada época, o Olimpo reformulou sua programação e passou a investir mais em programações semanais repetidas, como, por exemplo, eventos de ”pagofunk” – com direito a banho de espuma – matinês e as conhecidas festas Planet e Gênesis, deixando um pouco de lado os shows de grande porte. A cerveja e os bilhetes de entrada costumavam ser baratíssimos, e isso acabava fazendo o local ter público todos os dias em que estava aberto – até se fosse segunda-feira. Para a vizinhança do Olimpo, principalmente, ou os moradores da Penha Circular, VP e adjacências que não gostavam da casa, era um tormento o barulho causado pelas festas, a tradicional bagunça na porta e o trânsito no entorno do local. Entre prós e contras, fato é que o Olimpo, com certeza, está na história da região e luta para voltar aos seus melhores dias.
9 – Balle/Sir. Walter Pub: o bar que trouxe um ex-Iron Maiden à Vila da Penha e que viralizou por causa de Neymar
Para encerrar, e ainda falando num sentido de lazer, a reportagem traz o Sir. Walter Pub (que anteriormente se chamava Balle Pub), um bar de rock (atualmente fechado) que recentemente entrou para a história da Vila da Penha devido a 2 fatos. O primeiro deles, quando ainda era Balle, ocorreu em junho de 2016, quando um dos ex-vocalistas do Iron Maiden, Blaze Bayley, fez um show solo na casa. É isso mesmo, amigos: um ex-integrante de uma das maiores bandas de heavy metal de todos os tempos se apresentou na Vila da Penha, e num espaço de pequeno porte como é a casa. O outro fato, agora já como Sir. Walter, aconteceu cerca de 2 anos depois, durante a Copa do Mundo de 2018. Na época, o atacante Neymar, da seleção brasileira, vinha sendo muito criticado por cair muitas vezes no chão durante as partidas, como se estivesse fazendo um drama desnecessário. Então, o Sir. Walter prometeu que, no jogo seguinte, que seria pela última rodada da fase de grupos, daria shot de bebida gratuitamente aos clientes a cada tombo de Neymar. A notícia viralizou – inclusive a nível mundial – e na referida partida a casa ficou completamente lotada, sendo necessário até agendamento prévio para os clientes garantirem seus lugares. E promessa é dívida, né? A cada vez que o camisa 10 da Seleção caiu, os clientes ganharam seus shots.
E aí, morador da Vila da Penha, o que ficou faltando?
Faltou a Adega da Costelinha com 59 anos de tradição .
Faltou falar da adega Duas Nações,tradicional no nairro
Amei essa reportagem!
Sou cria da Vila da Penha, morei toda minha infancia e adolescência lá. Fui morar longe quando casei. Mas morro de saudades e tenho ótimas lembranças.
Morei na Oliveira Belo, quando nem tinha calçamento ainda em 1969. Depois na Flamínia e Marco Polo.