- * Atualização e Errata – Na verdade o imóvel da Rua da Constituição está novamente invadido porém não mais por um ferro velho ilegal – constatamos que trata-se de uma Serralheria em funcionamento clandestino. O risco de incêndio é uma preocupação.
Apelidado por freqüentadores e comerciantes locais de ‘ROUBERJ‘, o ferro velho clandestino que funciona na Rua da Constituição, 25, no Centro, e que foi fechado por ação das autoridades municipais mais de uma vez, funciona agora de portas fechadas. Ano passado, o DIÁRIO DO RIO fez reportagem, com exclusividade, sobre o caso. Segundo vizinhos, o estabelecimento clandestino recebe dezenas de entregas todos os dias, por pessoas que aparentam estar em situação de rua.
O prédio pertence ao Governo Estadual, e, na ocasião da primeira reportagem, era guardado por policiais civis, que trabalhavam como seguranças do estabelecimento ilegal que funciona exatamente em frente à sede da Subprefeitura e da GEL do Centro. Moradores e comerciantes locais têm dificuldade em entender por que razão o funcionamento do ferro velho num imóvel público invadido, com direito a caçambas e mais caçambas de lixo.
Anteriormente, o imóvel – que se encontra invadido criminosamente – já teve a luz cortada, e a água também, quando da operação. Quando da primeira operação, o então secretário municipal de planejamento urbano, Washington Fajardo, esteve pessoalmente no local, que foi fechado, e limpo, apenas para ser invadido novamente, sem qualquer reação do Governo do Estado, que alega ter, com o projeto Centro Para Todos, aumentado o efetivo policial na região.
O apelido ‘ROUBERJ‘, é uma alusão ao nome de algumas estatais fluminenses, como LOTERJ e BANERJ, pois o estabelecimento clandestino funciona tranquilamente em um imóvel público, sem qualquer reação do governo estadual. Isso depois de diversas denúncias que vivem sendo publicadas, e comentários em grupos de vizinhos, e de comerciantes do Centro. Uma lei municipal foi recentemente aprovada ameaçando tirar os alvarás de ferros velhos que agem ilegalmente. Mas e quando são clandestinos? Têm carta branca?
“Será que o governador Claudio Castro vai, após as 15 nomeações de ontem, finalmente nomear um Presidente para a ROUBERJ? Oficializada ela já está“, disse na época à reportagem um conhecido comerciante do Centro, em alusão à impunidade e à passividade do governo estadual face ao uso de bem público para a prática de crimes. Difícil não compreender a indignação.
O pior é que o negócio clandestino tem também filiais. Uma incursão da reportagem no local em 2022 pôde levantar muito acerca do modus operandi dos criminosos. Na ocasião, o catador de lixo que se identificou como Júnior, explicou que o estabelecimento irregular teria até “filiais” na Frei Caneca e junto à Central, perfazendo um total de 3 pontos receptadores constantes de material furtado; os três estabelecimentos se juntariam para custear as imensas caçambas. Júnior disse que um outro imóvel invadido na Visconde do Rio Branco, 19 – este pertencente ao Rio Previdência, segundo levantamos – também seria utilizado pelos criminosos como depósito de material furtado e base para o cometimento de outros crimes. Na ocasião, tentamos nos aproximar da “filial” da Frei Caneca, mas nossa reportagem foi abordada por “seguranças” que informaram que seria “proibido” tirar fotos no local. Segundo um atendente de um bar localizado nas proximidades, seria de propriedade de um “casal” de milicianos. A “filial” do estabelecimento que criminosamente recepta materiais metálicos, fica na Rua Frei Caneca, e é outro foco de crime no Centro da Cidade, dominado pela desordem e pelas gangues de invasores de imóveis.
As invasões e depredações são uma realidade. Foi assim com o histórico Convento do Carmo, nesta última semana. A grande atração que era a iluminação externa cênica do antigo prédio se apagou, antes mesmo da obra completar um ano: bandidos arrancaram, um a um, todos os holofotes de luz modernos que haviam sido enterrados com todo o cuidado em meio ao calçamento de granito histórico que fica na frente do Convento. Com fio, lâmpada, vidro e tudo, os cracudos – que já destruíram mais de uma vez a estátua do General Osório, restaurada completamente mais de uma vez em 10 anos – vandalizaram toda a iluminação, e novamente a bonita edificação perde seu destaque e protagonismo por conta do abandono e desprezo à história no Rio de Janeiro.
Parabéns pelo atino, pela excelência jornalística!
Depois a polícia diz que não sabe quem rouba e quem recebe as cargas roubadas e que é “impossível” solucionar esses crimes, blá blá blá…Assim aconteceu com as vigas da Perimetral…Só resolve fechando a polícia e criando uma nova com 100% de novos agentes concursados.
Excelente reportagem. Feita com apuro e coragem. Parabéns ao jornal.