Sem fiscalização por falta de um engenheiro na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE), os puxadinhos da Rua Pareto (número 5) seguem em obras, atormentando moradores da Tijuca, que continuam preocupados com o aumento de gabarito de um prédio, onde já funcionou uma das franquias da academia de lutas do ex-campeão de UFC Shogun até 2023. A construção foi, recentemente, embargada por falta de licença pela própria SMDUE, que só retornou ao local após nova procura do DIÁRIO DO RIO ao órgão.
Antes, moradores da região tentaram procurar autoridades e ainda ouviram de funcionários que a Secretaria não tinha engenheiro para fiscalizar a segurança da obra, erguida em cima de um muro velho de um quintal de um dos apartamentos de térreo. É sabido que com o advento do “home office”, conhecido no setor público como “home vacations”, o número de fiscais da prefeitura andando na rua diminuiu.
Enquanto isso, a estrutura, já pronta desde janeiro, permaneceu, segundo a SMDUE, com obras internas e, mesmo após o episódio da queda de três prédios na Rua 13 de Maio – por causa de uma reforma em uma das salas, o órgão acionou a Defesa Civil somente em fevereiro e ainda não foi ao imóvel. “Estavam esperando cair? Uma nova tragédia? Só foram se preocupar por causa da imprensa, pois estamos em busca de ação há tempos. Obras internas, por obras internas, três edifícios caíram na 13 de Maio por causa de uma parede. Quem garante que não mexeram em algo assim lá também?“, questiona uma das moradoras, que avista da janela a lateral do vizinho ainda no cimento.
De acordo com o CREA-RJ, o responsável da obra não é engenheiro e, sim, arquiteto, o que impede o Conselho de Engenharia de tomar providências sobre o profissional. O CAU-RJ é que fiscaliza os arquitetos, desde a separação dos órgãos.
Já a SMDU diz, em nota, que acionou a Defesa Civil, mas não respondeu aos questionamentos sobre ter engenheiros no quadro da Secretaria para atender demandas sobre demolições irregulares.
Já o jurídico da rede de franquias Shogun Team deve processar os proprietários do imóvel por uso indevido da imagem do ex-atleta, já que até hoje, segundo a rede, o nome do consagrado lutador e embaixador de marcas como a automobilística BMW, continua na fachada, alegadamente sem ter nada a ver com o assunto.
“Os fiscais não querem mais saber de trabalhar. Há pouco tempo, já bem depois da pandemia, tivemos que pegar um em casa para fazer a fiscalização de um imóvel em Santa Teresa. Ele alegava que não tem como se locomover”, diz Wilton Alves, da Sergio Castro Imóveis, conhecida administradora de imóveis.