Prefeitura embarga academia de ex-UFC na Tijuca por causa de ‘puxadinho’ irregular

Uma grande construção irregular está sendo feita ilegalmente numa academia de ginástica na Rua Pareto e preocupa moradores. Vizinhos já sofreram danos e sequer existe placa de responsável técnico pela obra, que está aumentando a altura da edificação

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De academia que leva nome de lutador premiado a puxadinho que faz de uma pacata vizinhança da Tijuca lembrar Muzema. É assim que moradores passaram a ver a Shogun Team, na Rua Pareto, número 5, se transformar, em menos de um mês. As obras na franquia tijucana da academia que leva o nome do ex-campeão de UFC, Maurício Rua, mais conhecido como Shogun, tem tirado o sono de vizinhos, em especial idosos, que acompanham os fundos da academia crescer de forma indiscriminada, sem autorização da Prefeitura, sem placa com nome do engenheiro responsável pela obra, e ouvindo mentiras dos pedreiros que trabalham no local.

O aumento irregular tem direito a construção de mais um andar, e acontece em cima de um muro, de mais ou menos três metros, situado em um dos apartamentos de um edifício da Praça Hilda, que faz esquina com o início da Pareto. O ponto, bem localizado, concentra prédios tradicionais, mas antigos. Tanto o prédio de sete andares quanto uma casa tiveram a estrutura invadida por vigas e muitos tijolos. A situação é caótica.

Na tarde desta quinta-feira (dia 25.01), após ser procurada pelo DIÁRIO DO RIO, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico embargou a obra por falta de licença. “São abusados. Falaram que era reforma, mas a parede subiu até onde deu. Usaram maçarico perto do gás, removeram a grade de proteção do nosso condomínio, mas temo que esteja sendo feito de qualquer jeito. Fora isso, estamos preocupados com quem vai morar ali. Falaram em quitinetes, mas se a obra está feita deste jeito, imagina para quem vão alugar?”, reclama uma vizinha., que não quis se identificar.

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Após vizinhos irem à Prefeitura denunciar obra, antiga academia de artes marciais mudou a fachada junto à porta para dificultar a visibilidade da movimentação de funcionários

Uma outra moradora tem ficado preocupada e buscou ajuda até na Defesa Civil, pois após o embargo, há ainda preocupação que a estrutura construída de forma irregular pudesse ruir. “Queremos resolver o quanto antes. Tenho medo que termine em tragédia, pois foi feito de forma muito imprudente. E recebi informação na Prefeitura de que ele não tinham engenheiro para ver a obra”, relata.

Outra entidade acionada para o caso foi o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ), que tem o poder de fiscalizar a atividade profissional de uma obra. Além de necessitar ter um profissional responsável, a construção precisa ter a a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), além das licenças, como dos Bombeiros.

Há 12 anos exatamente, o desabamento de três prédios na Avenida 13 de Maio, que resultou em 11 mortos, foi considerada uma tragédia que poderia ter sido evitada se a obra tivesse sido executada por profissionais e empresas devidamente qualificados e registrados. Após esse episódio, foi criada a Lei nº 6.400, de 2013, que implantou a autovistoria predial obrigatória, que certamente reduziu o risco de desmoronamentos na cidade do Rio de Janeiro.

Procurado pela reportagem do DDR, o CREA-RJ informou que a presidência do Conselho já solicitou à Superintendência Técnica para que providencie a fiscalização do exercício profissional nas obras em questão e, caso não esteja regularizado, vai agir com o poder de polícia que tem por determinação legal para notificar as autoridades e impedir o prosseguimento das obras. “A ausência de placa numa obra é a menor das irregularidades. A mais grave é a ausência de empresas e de profissionais registrados e qualificados para executar o serviço de forma adequada e segura”, afirma o presidente do CREA-RJ, Miguel Fernández.

Nas redes sociais, o perfil da Shogun Team Tijuca continua ativo até o fechamento desta matéria, mas o responsável “Murilo Ninja”, irmão mais velho de Shogun, Murilo Rua, não retornou às mensagens enviadas via instagram, mesmo com link para o perfil dele na página da academia. A Shogun Team é especializada em artes marciais e possui franqueadas pelo país. Curitibano, Shogun ganhou os ringues, mas se aposentou em uma última luta, aqui no Rio de Janeiro, quando foi derrotado.

Após a publicação da denúncia, o jurídico da marca Shogun Team afirmou, em nota, que as instalações eram uma franquia, cujo contrato vigorou até maio de 2023 e que a obra é de total responsabilidade do proprietário do imóvel, estando a franqueadora à disposição das autoridades para mais esclarecimentos.

Em uma busca simples pela internet, o CNPJ com nome fantasia de Shogun Team, vinculado ao endereço, segue ativo. O jurídico ainda esclareceu que moverá uma ação por uso indevido da imagem contra os antigos fraqueados e reforçou que não tinha ciência da permanência do letreiro com o fim da parceria.

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VIAAmanda Raiter
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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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