Enquanto especialista e colunista em saúde mental, é essencial abordar o Dia Nacional do Combate às Drogas e Alcoolismo, temas intrinsecamente conectados. No Brasil, quase 30 milhões de pessoas têm um membro da família lutando contra a dependência química.
Dados recentes do UNODC revelam um aumento alarmante: cerca de 284 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos usaram drogas em 2020, representando um aumento de 26% em relação à década anterior. Além disso, uma pesquisa recente destaca que 1 em cada 6 brasileiros consome medicamentos psiquiátricos, com 77,7% deles mantendo esse padrão por mais de um ano.
O álcool também apresenta uma preocupação significativa. Estudos da OPAS/OMS apontam que cerca de 85 mil mortes anualmente nas Américas são diretamente atribuídas ao seu consumo.
A OMS estima que mais de 12 milhões de pessoas são dependentes químicas em todo o mundo, reforçando que o uso de drogas, sejam ilícitas ou lícitas, é um problema de saúde pública.
Essas estatísticas refletem um quadro complexo de saúde mental no Brasil, onde se destaca como o país mais ansioso do mundo, o quinto em casos de depressão e o segundo em diagnósticos de burnout.
Por trás desse cenário, surgem perguntas cruciais: Como as pessoas buscam aliviar suas dores? O consumo é uma tentativa de anestesiar, esquecer, alegrar-se, expressar-se ou preencher um vazio? É uma fuga da realidade ou busca por prazer?
É importante compreender que qualquer comportamento, mesmo aparentemente inofensivo como uma taça de vinho diária, pode evoluir para uma dependência física, originando-se de uma necessidade interior, seja mental ou emocional.
Questionar as motivações por trás desses comportamentos é fundamental. Como disse Caetano Veloso, “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. O convite é para a reflexão, pois as consequências recaem sobre cada um de nós, sem possibilidade de terceirização.
A vida é feita de escolhas. Que escolhas você tem feito? Buscar conscientização e compreender as motivações por trás de nossas ações pode ser o primeiro passo para uma mudança significativa.
Se essa mensagem não se aplica a você diretamente, é provável que você conheça alguém que vive essa realidade. Seja a luz do conhecimento para quem você ama. Afinal, a conscientização é o primeiro passo para a transformação.