Atualmente é difícil associar imediatamente o nome do bairro de Inhaúma ao mar. Contudo, em outra e antiga configuração da cidade do Rio de Janeiro existiu uma micro-baía chamada assim. Inclusive com rota regular de barcas de passageiros. Tudo mudou com a construção da Cidade Universitária, iniciada pela Ilha do Fundão.
Antes de tudo, precisamos frisar que a cidade do Rio de Janeiro foi bastante aterrada ao longo dos séculos e muitas mudanças surgiram disso. Já publicamos aqui no DIÁRIO DO RIO uma matéria nesta coluna de história sobre as praias extintas.
O portal Rio Memórias fala sobre as mudanças que levaram ao fim da Baía de Inhaúma: “A Planta da Cidade do Rio de Janeiro, elaborada pela Diretoria Geral de Obras e Viação da Prefeitura, em 1913, mostra o litoral norte da cidade (parte inferior da imagem). É possível identificar as ilhas dos Ferreiros, da Sapucaia, dos Pinheiros, de Bom Jesus e do Fundão, que nos anos 1940 foram unidas por aterros para abrigar a Cidade Universitária. A obra acarretou no impedimento de uma melhor circulação da água, causando o assoreamento e a poluição da baía. Bem antes disso, essas ilhas eram margeadas por águas limpas, mangues e florestas que compunham a micro-baía de Inhaúma – também chamada de Saco de Inhaúma – e que foi desconfigurada, após sucessivos aterros”.
Planta da Cidade do Rio de Janeiro, 1913. Fundação Biblioteca Nacional
Existem muitos casos de praias da Zona Norte ou do Centro da cidade que foram aterradas e sumiram do mapa. Também contamos aqui a história da praia de Maria Angu, que desapareceu para a construção da Avenida Brasil e abrangia toda a faixa desde a altura da Avenida Lobo Júnior na Penha Circular até Ramos.
Antes do aterro, existiam barcas regulares para Inhaúma. A partir de 1852, a Companhia Nictheroy & Inhomerim (que era responsável pelas barcas no Rio de Janeiro) passou a ter as linhas ligando o Largo do Paço até a Praia de Botafogo (na altura da Rua São Clemente) e os bairros da Ilha do Governador, Paquetá, Catete e Inhaúma. Nesta época, havia nove embarcações realizando as travessias: Santa Cruz; Restauração; São Clemente; Botafogo; Petrópolis; Ponta d’Areia; Inhomerim; Nictheroy e São Domingos.
Cidade Universitária
Sobre a Cidade Universitária, a atual Ilha do Fundão foi criada a partir da aplicação de aterro a um arquipélago de oito ilhas durante a construção do campus entre 1949 e 1952.
Vista aérea da Cidade Universitária do Rio de Janeiro, 1968. Arquivo Nacional
As ilhas, que ficavam na micro-baía de Inhaúma, eram Ilha do Bom Jesus da Coluna, Ilha do Fundão e Ilha da Sapucaia. Além de ilhas menores, como a do Catalão, Ilhas do Baiacu e das Cabras, Ilhas do Pindaí do Ferreira e o Pindaí do França, situadas entre as do Fundão e do Bom Jesus da Coluna.
Da Baía de Inhaúma só ficaram os mapas e as memórias.
A ilha do catalão ainda existe como área de proteção ambiental, porém perdeu a característica de uma ilha. Está conectada a um extremo da cidade universitária
É interessante fazer uma visita a ilha de Bom Jesus e fazer uma matéria de lá. Pois existe uma vila militar e uma igreja do Brasil colônia tombada lá.
Ótima matéria! Fiz uma longa pesquisa sobre esse processo de construção da Cidade Universitária nessa região, cujas ilhas eram descritas em meados no século XX como rurais e paradisíacas. Quem tiver interesse em saber mais sobre os efeitos sociais desse processo, pode baixar gratuitamente o livro “Próximo do saber, longe do progresso: histórias de uma vila residencial no campus universitário da Ilha do Fundão, RJ” no site da editora da UFF.
Belíssima matéria,educativa esclarecedora e informativa
Parabéns.