Aqueles que são do Rio de Janeiro sabem que as três regiões mais bairristas são: Tijuca, com os tijucanos, a Ilha do Governador, com os insulanos (como eu), e Niterói, com os niteroienses.
Na prática, tanto os niteroienses quanto nós, os insulanos, caminhamos de uma mesma origem por conta desse sentimento característico e uma marca muito interessante, que é se sentir um grupo bastante diferenciado por costumes, pensamentos e até pela forma como se sentem integrados dentro da sua região.
É óbvio que nós, Insulanos, para matar os niteroienses de inveja, dizemos, de forma provocativa, que eles não têm Aeroporto Internacional, que não têm o Miguel Falabella e o Renato Russo, que a Universidade deles (UFF) é menor que a nossa (UFRJ), que não têm um time de futebol no Campeonato Carioca (Portuguesa da Ilha) e que até o melhor restaurante deles é uma filial da nossa Churrascaria Mocellin! Para fazer a umbilical ligação, até criaram a primeira linha de ônibus, pela ponte Rio-Niterói, que foi a clássica 998 (pela CTC) que ligava Niterói com a ilha. Já os sambistas insulanos lembram que não temos os títulos da Viradouro, mas temos seis entre os dez antológicos sambas da história pela União da Ilha. Na defesa, eles têm um belo Forte em Niterói que virou museu, e a Ilha tem o Batalhão dos Fuzileiros Navais e a Base da Aeronáutica, ambas ativas e como o centro de gravidade do poderio bélico regional, certamente inspirado na energia do personagem que vamos relatar, que é Arariboia.
Poucos sabem que Arariboia, símbolo da cidade de Niterói e dos niteroienses, não nasceu em Niterói, e vejo que muitos são incrédulos com essa afirmação. O grande líder indígena do século XVI, na realidade, nasceu na Ilha do Governador. Alguns até brincam que a estátua de Arariboia que olha para a Baía de Guanabara foi inspirada no sentimento de ele estar olhando para o Rio com saudade da sua terra insulana.
Existem diversas publicações que falam de Arariboia, mas a que acho mais completa foi a do livro do escritor Rafael Freitas da Silva, que reconstruiu com detalhes o perfil e a vida de Arariboia na biografia sobre essa figura dos nossos povos originários, bastante diferenciada da nossa história!
Arariboia era da tribo dos Temiminós, que tinha grande presença na Ilha do Governador, mas que ocupava parte da Baía de Guanabara, onde está a paradisíaca Ilha do Governador, mas que estendeu seus domínios até parte do litoral do Espírito Santo. Sua história é cercada de lendas muito interessantes! Inclusive, a forma como morreu, pois, segundo registros, foi nadando na Baía de Guanabara, talvez saindo de Niterói e indo para a Ilha do Governador, sua terra de topografia Paranapuã.
Na Ilha do Governador, as lendas que prosperam são muitas! Aliás, uma das múltiplas versões existentes sobre o monumento da Pedra da Onça, onde fica na realidade a escultura de um Gato Maracajá, e não uma Onça, como supõe o nome, conta que representa um felino que sempre o acompanhava e que aguardava a volta de Arariboia quando saía para nadar nas lindas águas da Baía, o que não mais aconteceu e ele petrificado está lá até hoje no aguardo.
Na construção do seu perfil, Arariboia, que foi catequizado e recebeu o nome de Martin Afonso de Souza, tinha hábitos diferenciados. Era católico e foi fundamental para a expulsão dos franceses, apoiando os portugueses na épica jornada militar à época. Era um mutante em seu visual, que ora usava as roupas fornecidas pelo Rei, e ora usava um grande cocar de pena de arara e de papagaio, segundo relatos que marcam sua figura.
No seu trabalho de apoiar as forças portuguesas, que à ocasião enfrentavam as forças francesas, com o apoio da tribo dos tamoios, recebeu em troca um conjunto de terras que fez parte da sua consolidação como o fundador da cidade de Niterói e da fundação da Cidade do Rio de Janeiro.
Estranhamente, apesar de ser visto como referência e colocado como homenageado em diversos locais de Niterói, Arariboia não possui grandes referências, como nomes em ruas e monumentos em sua homenagem na Ilha do Governador, seu berço de nascimento e o lugar onde, segundo alguns dizem, desenvolveu toda a sua característica de guerreiro e herdou de seu pai o título cacique indígena totalmente diferenciado.
Arariboia era realmente um ser diferente e, obviamente, teria que ser, pois era da Ilha do Governador e que emprestamos aos irmãos vizinhos de Niterói!
ARARIBOIA REALMENTE NASCEU NA ILHA DOS MARACAJAS EM1524 ! ERA FILHO DO CACIQUE MARACAJA AÇÚ !
A ILHA DEPOIS DO.NOME MARACAJAS, PASSOU A SE CHAMAR PARANAPUÃ E FINALMENTE ILHA DO GOVERNADOR,.DOADA PELO GOVERNADOR GERAL MEM DE SÁ A SEU SOBRINHO SALVADOR CORREA E SÁ, IRMÃO DE ESTACIO DE SÁ E GOVERNADOR DA CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO FE JANEIRO ! EM 1555 VILLEGAGHON VEIO COM 600 COLONOS PARA FUNDAR A FRANÇA ! O FORTE COLIGNY ( hoje Ilha de Villegaghon onde está a Escola.Naval ) o sonho acabou em 1559 com a morte do Rei da França Henri II ! Villegaghon volta para a França e com ele a maioria dos colonos. O Forte Coligny ficou apenas com pouco mais de 40 homens ! Portanto, quando os portugueses vieram expulsar os franceses em 1567 eles já haviam ido embora há muito tempo !
Acredito que essa historia deveria ser mais estudada pois existe muito disse me disse , aguardo mais esclarecimentos sobre os fatos de pessoas que realmente conheçam os fatos e estudaram a historia correta.
Os esquerdinhas já chegaram aqui com seu pensamento dicotômico: oprimido x opressor, versão pé de chinelo da luta de classes? Desculpe, mas os índios COLABORARAM com a tal da “invasão”. Principalmente nos séculos XVI e XVII. Muitos índios receberam terras, mercês, postos, títulos por seus serviços prestados à “causa” dos portugueses. Entregavam suas filhas voluntariamente para casarem e terem algum grau de parentesco com os brancos portugueses, pois enxergavam, logicamente, vantagens nisso. Em todas as batalhas contra “invasores”, fossem franceses ou holandeses, estavam os indígenas a engrossar o contingente de soldados. Do outro lado, quando Estácio de Sá chegou aqui, em fevereiro de 1560, antes da fundação, o forte Coligny era guardado por 60 franceses e 800 tamoios. Quanto ao comércio, a tal da “exploração”, do pau-brasil, os indígenas também foram ativos, em troca de ferramentas e vantagens, faziam estoque de toras para serem despachadas pra Europa pelos europeus. Pouco se lixando pra natureza. Os indígenas fizeram parte do que vocês chamam de “invasão”. Fato.
Fizeram tambem com os Índios do Mato Grosso, na guerra do Paraguai!
Por que lembrar rivalidades históricas, quando o mais humano, satisfatório e melhor para todos é construir um futuro como irmãos, amigos e bons vizinhos?
Nada de rivalidade . É uma crônica com ironia é aspas.
Parabéns pela postagem. Nós, nativos de Niterói e da Ilha do Governador, temos QI muito elevado, sem desmerecer os nativos de outras localidade.
Não consigo entender esse deslumbramento por Araribóia na cidade de Niterói por algumas pessoas. Como bem dito, ele nem era daqui (falo de Niterói). O guerreiro teve suas terras tomadas, uniu-se aos portugueses para derrotar a França e com a promessa que lhe seria devolvida a Ilha do Governador. Mas, tomou um “golpe” e contentou-se com Niterói e fez o mesmo que os europeus, exterminou os indígenas que aqui viviam. No meu entendimento, tão saqueador qdo os demais.
Enfim, como dizia Freire: “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor!”. Ele não deveria ser um símbolo da cidade de Niterói!
O que li e ouvi até hoje dá conta de que as terras dadas ao grupo de Araribóia, onde hoje é o Centro de Niterói, eram desabitadas, então não houve expulsão de outras comunidades. Não sei se o mesmo se aplicava a outras áreas de Niterói ao longo da baía (Icaraí, São Francisco, Charitas, etc) e ao logo da costa oceânica (Piratininga, Itaipu, etc). Para ser sincero, o único extermínio indígena que ouvi falar que tenha ocorrido em Niterói foi o da própria comunidade de Araribóia, pois os colonizadores não estavam (e estão) aqui para dar vida mansa pra nenhum dos locais. Deram uma enroladinha no povo do cacique, e depois passaram o rodo. Típico de europeu imundo.