Neste final de semana, o Centro do Rio vai receber uma cerimônia católica que foi criada no Século XIII, pela quase milenar Ordem de São Domingos. Trata-se da Missa em Rito Dominicano, que vai ser celebrada pelo Frei José Almy Gomes, que há mais de 20 anos integra a Ordem, na Igreja da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, na rua do Ouvidor, próxima ao Arco do Teles. A celebração eucarística, que ocorrerá às 10h15 da manhã de domingo (28/4), vai ser acompanhada pelo histórico órgão de fole da irmandade – que data de 1873 – e por três cantores sacros no templo elíptico que foi restaurado e reinaugurado no ano passado. O maestro e cantor Thiago Debossan, que toca e canta, vai ser o responsável pelo canto gregoriano durante a Santa Missa. O evento deve lotar a região da praça XV e tem patrocínio do espaço Diário do Rio de Cultura, um dos projetos do Reviver Cultural.
A igrejinha barroca construída entre 1743 e 1750 tem ficado lotada todos os finais de semana com suas Missas Solenes, sempre celebradas com Coral e Grande Orquestra, ao meio-dia. Logo após a Missa do Frei José Almy no histórico rito, ocorrerá normalmente a já tradicional Missa Solene celebrada no Rito de São Paulo VI, em latim, acompanhada pelo Coral Astorga, da cantora lírica Juliana Sucupira. Será a primeira vez, provavelmente em mais de um século, que o tradicional rito dominicano será rezado naquele altar, logo antes da tradicional celebração do Meio-dia. A Irmandade dos Mercadores tem se especializado em realizar cerimônias tradicionais e enaltecer devoções populares, como a bênção do giz na cerimônia da Epifania do Senhor, ou a bênção de São Brás às gargantas dos fiéis, ocasiões em que não cabia mais gente dentro do pequeno templo com apenas 125 lugares. A procissão de Ramos realizada através do histórico e antológico Arco do Teles, que terminou com a solene abertura das portas do templo que foi atingido por uma bala de canhão em 1893, foi outro destaque.
Presidente do Conselho da Associação Comercial (ACRJ) para a Renovação do Centro do Rio, o provedor da Igreja, Cláudio André de Castro, vem ajudando a promover eventos culturais e religiosos na região central. “É mais que vital que as pessoas voltem seus olhares ao Centro para o lazer, para a cultura, para o comércio e sim, por que não, para a fé. Temos as Igrejas mais lindas do país. Assim é que vamos recuperando a centralidade e o protagonismo do nosso Centro”, afirma.
A região é lotada de restaurantes, bares e muita alegria, sem contar os diversos Museus e Centros Culturais que cercam a localidade, que é um importante berço da cultura Carioca. Após a Missa, há muito o que fazer, e deliciosos quitutes para provar – desde o torresmo da Dona Dora, ao lado da Igreja, no Bar Sampaio, até a inigualável feijoada do Sobrado da Cidade, pouco mais adiante ali na Rua do Rosário, que ganhou recentemente a loja Tucum, especializada em lindo artesanato indígena.
O Rito e seus Diferenciais
O rito dos dominicanos é parecido com o que se convencionou chamar de “missa tridentina“, mas tem diferenças pontuais e é raro de ser visto aqui no Rio; nos Estados Unidos, tem crescido e vem sendo executado em diversas igrejas. Existem muitas diferenças entre a liturgia dominicana e a liturgia romana fixada por São Pio V – a chamada “tridentina”, hoje tratada como Rito Extraordinário dentro do catolicismo. A principal diferença entre o Rito Dominicano e o Romano é na maneira como é celebrada uma Missa baixa (aquelas que não são ‘solenes’). No Rito Dominicano, o celebrante usa o amito sobre a cabeça até o início da Missa e prepara o cálice assim que chega ao altar. Ele não diz nem o “Introibo ad altare Dei” nem o Salmo “Judica me Deus”, em vez disso, diz “Confitemini Domino quoniam bonus”, com o coroinha respondendo “Quoniam in saeculum misericordia ejus” (“Louvai ao Senhor, pois Ele é bom; Pois a Sua misericórdia dura para sempre.“). O Confiteor é muito mais curto do que o Romano e contém o nome de São Domingos, fundador da Ordem.
O Glória e o Credo começam no centro do altar e terminam no Missal ou na sede do presidente. No Ofertório, há uma oferta simultânea da Hóstia e do cálice e apenas uma oração, o “Suscipe Sancta Trinitas”. O Cânon da Missa é o mesmo que o do Rito Romano, mas o padre mantém e gesticula com as mãos e os braços de maneira diferente — para algumas partes do Cânon, suas mãos estão dobradas e imediatamente após a consagração, ele mantém os braços em posição de crucifixo. As palavras da Consagração são diferentes das do equivalente Romano.
O celebrante dominicano também diz o “Agnus Dei” imediatamente após o “Pax Domini” e então recita as orações “Hæc sacrosancta commixtio”, “Domine Iesu Christe” e “Corpus et sanguis”, após as quais segue a Comunhão, o padre recebendo a Hóstia de sua mão esquerda. Nenhuma oração é dita no consumo do Precioso Sangue, a primeira oração após o “Corpus et Sanguis” sendo a Comunhão.
Em uma Missa solene, o cálice é trazido em procissão até o altar durante o Glória, e o corporal é desdobrado pelo diácono durante o canto do Epístola. O cálice é preparado logo após o subdiácono ter cantado a Epístola, com os ministros sentados no lado da Epístola do santuário. O cálice é trazido do altar para o lugar onde o celebrante está sentado pelo subdiácono, que derramou o vinho e a água nele e o substituiu no altar. Durante festas importantes, ocorre uma procissão para oferecer os dons ao diácono durante o ofertório — um gesto não encontrado no Missal Tridentino, mas que foi feito pelos primeiros rituais litúrgicos e foi restaurado nas reformas mais recentes do Rito Romano pelo Papa São Paulo VI. O incenso dos ministros ocorre durante o canto da Prefácio. Ao longo do rito, os ministros também ficam em pé ou se movem em padrões diversos, bastante diferentes dos da antiga Liturgia Romana.
Fora as diferenças da Missa, também o Breviário Dominicano difere um pouco do Romano. Os Ofícios celebrados são de sete classes: do tempo (de tempore), dos santos (de sanctis), das vigílias, das oitavas, ofícios votivos, Ofício da Santíssima Virgem e Ofício dos Mortos. A ordem dos salmos é diferente do uso Romano nas horas canônicas, tendo uma seleção diferente de salmos em Prime, e no tempo Pascal fornecendo apenas três salmos e três lições em vez dos nove salmos e nove lições costumeiros. O Ofício da Santíssima Virgem é dito em todos os dias em que não são celebradas festas do grau de duplex ou “totum duplex”. Os Salmos Graduais são ditos em todos os sábados em que o ofício votivo da Santíssima Virgem é dito e foram adicionados aos salmos de Prime durante a Quaresma. O Ofício dos Mortos é dito uma vez por semana, exceto durante a semana seguinte à Páscoa e a semana seguinte ao Pentecostes. Outros pontos menores de diferença são a maneira de fazer as comemorações, o texto dos hinos, as antífonas, as lições dos Ofícios comuns e as inserções de festas especiais da ordem.
O sacerdote possui graduação em Filosofia pela Universidade São Francisco (1993), Teologia pela Escola Dominicana de Teologia (1999) e mestrado em Teologia e Ciências Patrísticas – Instituto Patristico Augustinianum (2007). Atualmente, o padre é professor de Patrística (estudo dos chamados “pais da Igreja”), de introdução à línguas clássicas, História da Igreja Medieval da Escola Dominicana de Teologia. Professor de Teologia Fundamental, Teologia da Criação dos cursos oferecidos pela Escola de Teologia Nossa Senhora do Carmo – Itaquera. Teologia Patrística na EDT- Sagrada Família e de curso livre sobre São Paulo nos padres da Igreja na EDT – Perdizes.
Serviço
MISSA SOLENE NO RITO DOMINICANO
Com Canto Gregoriano e Órgão – Maestro Thiago Debossan
Celebrante: Frei José Almy, OP
Domingo, 28/4 – 10h15min
(A missa seguinte, com Coral e Orquestra, às 12h, está mantida e ocorrerá às 12h20)
Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores
Rua do Ouvidor, 35 (esquina com Travessa do Comércio)
Não é necessário reservar
Estacionamentos próximos: Terminal Menezes Córtes, e no entorno do Edifício da Bolsa de Valores (Praça XV)
Transporte: Metrô Carioca, ou saltar do carro/ônibus na Primeiro de Março e caminhar pela rua do Ouvidor até a Igreja, na direção do mar
Parabéns ao DIÁRIO DO RIO pela matéria. Excelente.
Mas que tal uma reportagem pela aparentemente ABANDONADO TOAL igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Boa Morte – fechada a 04 (quatro) anos…desde a PANDEMIA?
Igreja Histórica com mais de 250 anos, no encontro da RUA DO ROSÁRIO com AVENIDA RIO BRANCO, no centro do Rio.
Os senhores talvez, olhem e digam, sei lá, mais uma “denúncia” a respeito de uma igrejinha velha do centro da cidade, pois desde o ano passado tenho “denunciado”.
Tudo bem…eu só ficaria triste se esse PATRIMÓNIO HISTÓRICO que talvez seja tombado…venha a tombar de vez! Se continuar no abandono, os próprios moradores de rua, inclusive cracudos, pivetes e até marginais irão aos poucos tomar conta. Isso não é impossível não!
E cade você DUDU PAES? E DOM ORANI TEMPESTA? ou – se for o caso – a ORDEM TERCEIRA RESPONSÁVEL?
De qualquer forma, já fiz esta sugestão antes…de esse JORNAL DEMOCRÁTICO e BOM JORNAL fazerem uma reportagem a respeito. Só sobre o problema dessa igrejinha.
Fica mais um convite e mais um alerta – neste caso entre muitos.
Pax.
Parabéns ao DIÁRIO DO RIO pela matéria. Excelente.
Mas que tal uma reportagem pela aparentemente ABANDONADO TOAL igreja de Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Boa Morte – fechada a 04 (quatro) anos…desde a PANDEMIA?
Igreja Histórica com mais de 250 anos, no encontro da RUA DO ROSÁRIO com AVENIDA RIO BRANCO, no centro.
Os senhores talvez, olhem e digam, sei lá, mais uma “denúncia” a respeito de uma igrejinha velha do centro da cidade, pois desde o ano passado tenho “denunciado”.
Tudo bem…eu só ficaria triste se esse PATRIMÓNIO HISTÓRICO que talvez seja tombado…venha a tombar de vez! Se continuar no abandono, os próprios moradores de rua, inclusive cracudos, pivetes e até marginais irão aos poucos tomar conta. Isso não é impossível não!
E cade você DUDU PAES? E DOM ORANI TEMPESTA? ou – se for o caso – a ORDEM TERCEIRA RESPONSÁVEL?
De qualquer forma, já fiz esta sugestão antes…de esse JORNAL DEMOCRÁTICO e BOM JORNAL fazerem uma reportagem a respeito. Só sobre o problema dessa igrejinha.
Fica mais um convite e mais um alerta – neste caso entre muitos.
Pax.
século 13, alta idade média. esse culto mostra a riqueza da igreja. amém.