A Cidade do Rio de Janeiro foi palco, em 04 de junho de 2024, de uma relevante iniciativa com a promoção de evento que oportunizou a apresentação do projeto para a revitalização do Jardim de Alah e diálogos entre palestrantes, autoridades e especialistas na área do meio ambiente, patrimônio, urbanismo, arquitetura e sustentabilidade.
O seminário “A democratização do espaço público e a função social do patrimônio”, realizado no Museu do Amanhã, significou importante passo na trajetória, cada dia mais pujante, em relação aos pilares do essencial debate e incremento de iniciativas para compreensão e para ações pautadas para a sustentabilidade.
O conhecido Jardim de Alah, um parque localizado entre os bairros de Leblon e Ipanema, criado com a função primeira de renovar as águas da Lagoa Rodrigo de Freitas promovendo maior salubridade e como mecanismo a combater possíveis enchentes na região em vista de fortes temporais, ao logo das décadas do século XX, reuniu projetos com pretensões importantes, iniciativas modernas e pouca realização longevas.
Os projetos, que usavam verbos como requalificação e revitalização, visavam providenciar meios para uma nova percepção e transformação do Jardim de Alah, enquanto profícuo espaço público a ser resgatado, proporcionando novas possibilidades e vivências. O antigo a ser resgatado, em uma memória afetiva em que até gôndolas realizavam a travessia do canal em uma romântica paisagem, como já aludiram a imagem de uma Veneza carioca, não fora negligenciado, mas abre caminho para o novo, em uma proposta comprometida com o tempo, o espaço, as vivências, os desafios e os encantos da Cidade do Rio de Janeiro.
O Parque Jardim de Alah, que já teve, em outrora, outras nomeações, como Praça Grécia, Praça Couto Abel e Praça Saldanha da Gama, teve o nome atual legitimado com o nome pela potência da economia criativa unida à interlocução com o público e com a coletividade, em virtude de uma produção cinematográfica, o filme Jardim de Alá, uma das primeiras películas coloridas. O prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth, em homenagem a tal produção cultural, datada de 1936, consagrou o parque que, combinando em sua paisagem um canal aquífero casando lagoa e orla marítima, embeleza e encanta os olhos de quem conhece a Cidade do Rio de Janeiro.
A narrativa de que o Jardim de Alah já nasce degradado é uma crítica que reúne a percepção contraditória entre o estado em que se encontra o parque e a insuficiência em enxergar toda sua vocação e potencial para a Cidade, conforme explicam Miguel Pinto Guimarães e Sergio Conde Caldas. Distintos projetos foram realizados com o intuito de ativar o valoroso espaço do parque, ao longo da História do Rio de Janeiro e dos projetos de política pública preocupados com a revitalização.
O Parque Jardim de Alah, esteve dentro de diferentes cenários e contextos históricos, e reconhecida sua importância para a memória e identidade carioca, como parte do entorno da Lagoa, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2000. O tombamento municipal do Parque Jardim de Alah, pela legítima relevância para a Cidade do Rio de Janeiro aconteceu no ano seguinte, na gestão do Prefeito César Maia.
A região de relevância histórica, cultural e paisagística recebeu projetos com iniciativa de revitalização e também de mobilidade, com a implantação da estação do metrô Jardim de Alah, visando a ativação da área, dado seu atestado potencial em diferentes esferas do incremento da socialização, da circulação e mobilidade, do comércio, do lazer e do turismo.
O Consórcio Rio + Verde, realizado na atual gestão do Prefeito Eduardo Paes, apresenta uma proposta que reúne o antigo e o novo, em consonância com o contexto atual e com a pauta da sustentabilidade. A proposta para o Parque, sem negligenciar sua importância histórica e as iniciativas realizadas no passado, propõe a percepção ampliada pautada nos pilares da Cultura e Arte, da Educação, da qualidade de vida e longevidade, da Educação Ambiental, do Esporte e do Espaço para Educação Infantil.
A visão ampliada foi possível em diálogo com as associações de moradores da região. Buscando interatividade e compreensão assertiva sobre os desafios, os desejos, as necessidades e o potencial do Parque Jardim de Alah para reunir ações distintas que sejam potentes para realizar uma verdadeira e inédita transformação, ao reunir questões importantes e garantir protagonistas da região no diálogo para elaboração de um projeto comprometido com a democratização do uso do espaço público aliado à percepção de partes que se conjugam no todo.
A proposta do projeto para o Jardim de Alah funda-se na sustentabilidade que consagra o social, o econômico e o bem-estar da população carioca. Significando usar ferramentas do Urbanismo social para atender diferentes demandas locais e da Cidade. Neste propósito legítimo, pautado na democracia dos espaços públicos e garantias cidadãs, o projeto articulou parceiros de arte, cultura, esporte e educação da região.
O projeto do Parque Jardim de Alah, que possui em seu espaço a Escola Municipal Henrique Dodsworth, possui dentre as ações o compromisso com a fundação de uma creche municipal que não prevê inserção de recurso público para sua criação, mas que será de gestão da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, garantindo vagas para crianças, dada a percepção desta demanda na região. A creche, na elaboração deste projeto comprometido com a sustentabilidade, possui em seu desenho horta comunitária que corrobora para educação ambiental, economia local e enfrentamento aos efeitos do aumento de temperatura no contexto de aquecimento global e mudanças climáticas.
A análise do projeto permite a compreensão da elaboração de uma comprometida iniciativa com ampla capacidade de percepção sobre as demandas da região, buscando meios de atender diferentes áreas de atuação, abraçando como aliadas a Educação, o Esporte, a Cultura, a preservação ambiental, o lazer e o incremento da economia, em prontidão com o compromisso de promover um espaço sustentável atento ao bem-estar social.
Há a preocupação com o atendimento de diferentes demandas que permitem a percepção de um projeto engajado com os desafios da Cidade do Rio de Janeiro na esfera social, ambiental, cultural e econômica, o que torna o projeto uma iniciativa articulada com as necessidades e soluções possíveis em uma iniciativa transformadora que promete longevidade.
A iniciativa assertiva, pelos caminhos trilhados em sua elaboração e em diálogo com a população, já garante grande expectativa dos cariocas, possui apoio das associações de moradores e enlaces com a confiança institucional. O projeto Parque Jardim de Alah é a realização de uma proposta comprometida com a democratização do espaço público, com a valorização da memória e da interlocução com os cidadãos, com a preservação ambiental e com o incremento da economia, em atendimento às demandas sociais e em reconhecimento do potencial deste espaço para a Cidade do Rio de Janeiro. É o exemplo do bom uso das ferramentas do urbanismo comprometido com a realidade e com a sustentabilidade em sua compreensão ampla.
Engraçado como tem gente que prefere a desordem e o abandono do que qualquer coisa que possa agregar valor à região, mas que potencialmente trará retorno financeiro a alguém. Pois é, bom mesmo é o Jardim dos mendigos e assaltantes (que nada se assemelha ao canal de outrora), às Praças dos Pivetes, aos terrenos baldios…
É como sempre acontece, se é um cidadão que paga seus impostos fazendo uma obra em sua casa, logo aparece tudo quanto é fiscalização, mas nas tantas favelas em nossa volta, pode construir o que quiser.
Ou também quando temos um cidadão sendo furtado e ninguém faz nada, mas basta a polícia fazer seu trabalho que inúmeros cinegrafistas amadores surgem para acompanhar o coitado do trabalhador informal sendo aviltado (e famoso dane-se à verdadeira vítima).
Quem é contra esse tipo de projeto merece todos os contratempos que sofre e deveria se abster de fazer qualquer tipo de reclamação, afinal, o estado atual das coisas está ótimo e não tem porque melhorar.
O projeto prevê um shopping de 20.000 metros de lojas (55), restaurantes (8), 2.000 metros de área para shows e eventos, ocupando 40% da área dos jardins públicos de uso comum do povo. Se fossem comprar uma área dessas no Leblon (que tem centenas de lojas fechadas), talvez custasse mais de 600 milhões. Um grande negócio, sob o pretexto de recuperar uma área verde, mudar as vias em Ipanema e Lagoa, e fazer prédios definitivos em uma área de aterro de parte da Lagoa Rodrigo de Freitas! Enquanto isso, a área comercial da Cobal do Leblon segue abandonada, bem como a tal solução privada das lojas e comércio do Estádio de Remo! Será que a cidade não tem capacidade nem de manter uma pequena área verde entre sua icônica paisagem histórica do estuário da Lagoa para o mar? Que pobreza!
As lojas e restaurantes estarão abaixo do parque e da área verde. Ess infraestrutura é necessária para atrair pessoas ao parque. Não há parque sem visitantes.
Hoje o parque somente é visitado por pessoas com cães, é sua única função social. Isso é inaceitável. E não é somente culpa da prefeitura, a população não tem interesse neste parque do jeito que é.
As áreas necessárias não estão sendo vendidas, é uma concessão, continua sendo propriedade pública. Tudo pago pela iniciativa privada.
Portanto é um “win-win”, todos ganham.
Parabéns aos envolvidos, o Leblon merece. Pena que o mesmo interesse não exista para a revitalização do resto da cidade. Para a fortuna, croissants e mel, para a escumalha, restos e ossos.
Quem está deixando o parque um lixo é a própria Prefeitura Municipal que é a única responsável pela conservação do Parque
Lamentável que a Administração municipal , permita a transformação de um parque público , cuja conservação é de sua responsabilidade , na execução de um espaço de vivendas , para viabilizar os investimentos privados , em detrimento da verdadeira vocação de uma praça pública .. este artigo usa a palavra sustentabilidade por diversas vezes para iludir o publico de uma obra comercial junto ao Shopping Leblon existente adjacente ao local
Esta história da restauração do Jardim de Alah é realmente muito complexa e polêmica, e se parece muito com a polêmica da construção do Memorial às Vítimas do Holocausto, no Morro do Pasmado…
Disseram que o tal mastro do prédio atrapalharia a bela visão que se tem de nossa cidade lá do alto – o que não aconteceu, se falou mundos e fundos do projeto, pois muitos preferiam que o Morro dos Pasmado não tivesse serventia para ninguém, que continuasse sendo o banheiro privativo dos taxistas.
E eis que hoje o referido Memorial e o Morro do Pasmado ficaram um espetáculo à parte, um local digno de primeiro mundo, aberto à visitação de todos, totalmente grátis, com food-trucks e lindas áreas verdes ao ar livre, um ótimo lugar para se tomar um café apreciando a belíssima vista do local.
Com certeza cada um tem na sua cabeça o que seria o melhor projeto para a recuperação do Jardim de Alah, pois aqui não existe unanimidade de opinião.
O que é melhor – deixar este Jardim de Alah o lixo que ele está hoje -abandonado às traças e às baratas, sem serventia alguma ao povo carioca, ou transformá-lo num belo espaço a céu aberto ?
Vamos combinar que este projeto é espetacular !!!
Fica aí a grande questão…