Nova biblioteca no Rio homenageia primeira romancista brasileira

Espaço destaca a obra e a importância de Maria Firmina dos Reis, pioneira na crítica antiescravista da literatura nacional

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Biblioteca inaugura na sede da Prefeitura do Rio leva o nome da primeira romancista brasileira, Maria Firmina dos Reis. Reprodução: Secretaria Municipal de Cultura.

Na última sexta-feira (28), a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou, em sua sede na Cidade Nova, uma nova biblioteca. O espaço homenageia a maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917), reconhecida como a primeira mulher romancista brasileira. Pioneira na crítica antiescravista da literatura nacional, ela lançou “Úrsula” em 1859, como um instrumento de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens escravizados. A homenageada também foi a primeira mulher aprovada em um concurso público no Maranhão para ser professora de escola pública.

A biblioteca conta com cerca de 2,5 mil títulos literários disponíveis para empréstimo, além de oferecer internet e uma programação cultural frequente.

“A crueldade do racismo que existe nesse país é um projeto que infelizmente deu certo. Maria Firmina sofreu esse processo de apagamento de modo que nós não temos nem uma foto dela. Muitas pessoas não sabem que Maria Firmina era uma mulher negra, filha de uma mãe branca de um pai negro. Então, dentro desse contexto também que o prefeito Eduardo Paes sempre fala, me permito aqui como homem branco militar na luta antirracista. Nós precisamos ficar atentos a isso. Por isso nós fizemos questão de colocar a imagem da Maria Filina aqui para que todos possam ver”, afirmou o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero.

Na literatura de Maria Firmina, os escravizados são retratados como nobres e em igualdade com os brancos. A autora dá voz a esses personagens, permitindo que eles próprios narrem suas tragédias e vivências.

O contato da autora com a literatura começou em 1830, quando mudou-se para a casa de uma tia rica, na vila de São José de Guimarães. Aos poucos, a jovem teve contato com referências culturais e com outros parentes ligados ao meio cultural, como Sotero dos Reis, um popular gramático da época. Foi a partir disso, e do autodidatismo, que veio o gosto pelas letras.

Esquecida por décadas, sua obra foi recuperada em 1962 pelo historiador paraibano Horácio de Almeida em um sebo no Rio. Ainda hoje, o rosto da romancista permanece desconhecido. Se na época em que viveu era impossível para uma mulher expor sua opinião contra a escravidão, a situação era ainda mais desafiadora sendo uma mulher negra.

Foi a estabilidade e o respeito alcançados como professora que abriram espaço para o lançamento de “Úrsula”, no qual abordaria seu ponto de vista sobre o tema. A obra foi o primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão a partir do ponto de vista dos escravizados, antes mesmo de “Navio Negreiro”, de Castro Alves (1880), e “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães (1875).

Pouco se sabe sobre outros possíveis textos de Firmina, bem como os detalhes de sua vida ou como uma mulher negra de origem pobre alcançou tanto sucesso em pleno regime escravocrata. A única certeza é de que seu nome continua rendendo frutos, sendo perpetuado na história e abrindo portas.

Serviço

Biblioteca Maria Firmina dos Reis

Funcionamento: De segunda a sexta

Horário: Das 9h às 17h

Local: Rua Afonso Cavalcanti, 455 – térreo da Prefeitura do Rio – Cidade Nova

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