História da expressão ‘abalou Bangu’

Existem expressões que ficam marcadas e entram para a cultura popular. Uma delas é a "Abalou Bangu", que embora já tenha mais de meio século, ainda é usada nos dias atuais

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Existem expressões que ficam marcadas e entram para a cultura popular. Uma delas é a “abalou Bangu”, que embora já tenha mais de meio século, ainda é usada nos dias atuais. A expressão é divertida, usada de forma bastante irreverente, mas o que motivou o nascimento da máxima foi um fato que assustou bastante a população na época.

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Em 2 de agosto 1958, houve uma grande explosão no paiol das forças armadas no bairro de Deodoro. Como foi algo de muito impacto, as pessoas diziam que o estrondo foi tão grande que “abalou de Deodoro até Bangu”. Com o tempo o “abalou até Bangu”, virou apenas “abalou Bangu”.

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“O Estado ainda vivia o clima de euforia gerado pela conquista da Copa do Mundo disputada pouco antes na Suécia, quando, perto da meia-noite, uma grandiosa explosão na direção da serra do Gericinó fez iluminar todo o céu, tremer chão, rachar paredes, além de quebrar vidros, fazendo com que os moradores de Bangu e bairros adjacentes, muito assustados, abandonassem correndo suas casas, e sem saber ao certo o que estava ocorrendo, caminhassem, desesperados, com seus filhos e os poucos pertences que conseguissem amealhar, na direção oposta àquela espetacular e barulhenta tragédia. Outras explosões logo se fizeram sentir, gerando mais comoção popular e aumentando o desespero de todos. Perguntavam entre si… Seria uma nova guerra? Uma revolução? Um acidente nuclear? Ou mesmo o fim dos tempos? Somente no dia seguinte, quando os jornais do Estado noticiaram, é que todos iriam saber. O paiol ou Depósito Central de Armamento e Munição do Exército, localizado na serra do Gericinó, Bairro de Deodoro, havia explodido”, conta o pesquisador Romario Melo.

O complexo de Deodoro, o maior da América Latina à época, era formado por dez paióis e 60 depósitos de armamento bélico. Relatos dizem que sepulturas foram arrasadas no cemitério de Ricardo de Albuquerque, que ficava ao lado do paiol, e restos mortais dos defuntos apareceram boiando na Praia de Ramos, que fica a alguns quilômetros do local.

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Tempos depois, Mauro Rasi escreveu a peça teatral “Abalou Bangu”, que conta a história de moradores de Bangu que se mudam para Copacabana. A obra, que ganhou adaptação mais recente de Flávio Marinho, fez muito sucesso, o que ajudou a popularizar ainda mais a expressão.

A frase “Abalou Bangu” também já esteve na TV. O falecido ator Luiz Carlos de Castro Tourinho usava a frase com o personagem Edilberto, o desastrado assistente de Uálber Cañedo (Diogo Vilela), na novela Suave Veneno, em 1999.

Apesar de vir de uma situação bem tensa, a expressão “abalou Bangu”, segundo pesquisadores e usuários da mesma, quer dizer que alguém fez bonito, arrasou, mandou bem.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Eu tinha 7 anos de idade quando aconteceu a explosão em Gerecino. Eu morava em Nilópolis, no bairro dos Cabuis, exatamente na Rua dos Expedicionários. Lembro dos extrondos e a claridade e todos saímos desorientados realmente assustador. Grande hectare do campo de Gericinó pertence ao Município de Nilópolis, o Exército se apossou da área não quer devolver. Já havia me esquecido desse episódio.

  2. Minha mãe tinha dez anos na época da explosão do paiol de Gericinó. Ela contava exatamente o que foi descrito! Ela morava perto do Gericinó, não sei se era em Realengo ou Ricardo de Albuquerque. Dizia ela que: “O céu se iluminou como se fosse dia e depois um enorme estrondo seguido abalo em toda a casa!” Minha mãe dizia que todos correram, sem saber o que estava acontecendo, na direção contrária ao clarão e às explosões que ainda aconteciam. Por fim, minha mãe adquiriu um enorme trauma em relação à explosões e grandes barulhos, tanto que quando chovia e havia trovoadas, ela entrava em pânico total. Escondia-se e ficava encolhida em um canto da casa, devido às memórias ainda vivas daquele episódio. Minha mãe faleceu em 2016, libertando-se, talvez, do seu trauma. Esta reportagem me fez lembrar da minha querida mãe e não pude deixar de relatar essa estória.

  3. Hoje em dia o Depósito Central de Munição fica na RJ-127 em Paracambi, as margens do Ribeirão das Lages, que depois vira o Rio Guandu. Bem afastado da população, pode assustar se explodir, mas sem risco. É uma área gigante e bem preservada, com presença de capivaras e onças pardas.

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