Santos Dumont: O Patrono das Cataratas do Iguaçu e pioneiro na defesa do meio ambiente

Santos Dumont, além de ser pioneiro na aviação, teve um papel crucial na preservação das Cataratas do Iguaçu, ajudando a transformar essa maravilha natural em patrimônio público

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A trajetória de Santos Dumont é amplamente conhecida por suas contribuições à aviação, mas sua atuação em defesa do meio ambiente, especialmente no caso das Cataratas do Iguaçu, merece destaque. Além de ser pioneiro na aviação, Dumont desempenhou um papel crucial na preservação de um dos maiores patrimônios naturais do Brasil. Em 1916, durante uma visita histórica, ele se dedicou à proteção das Cataratas do Iguaçu, sendo fundamental na transformação da área em um bem público.

A decisão de pesquisar sobre esse tema surgiu após receber um comentário de um competente colega que leu meu artigo Santos-Dumont em Paris: um encontro emocionante na Champs-Élysées.

Aquele colega me disse: “Ano passado, aos pés das Cataratas do Iguaçu, vi a estátua de Santos Dumont.” Intrigado, resolvi me aprofundar mais no assunto e compartilhar as descobertas sobre esse lado ambientalista de Dumont.

Ao contrário do que muitos acreditam, Santos Dumont não sobrevoou as Cataratas do Iguaçu em sua aeronave. A visita do aviador às cataratas foi uma jornada desafiadora em terra firme. Em abril de 1916, ele viajou centenas de quilômetros a cavalo, de automóvel e por trilhos de trem, saindo de Buenos Aires, passando pela fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Chegou à região de Puerto Aguirre (hoje Puerto Iguazu), já sendo uma celebridade mundial após provar, em 1906, que era possível voar com o 14-Bis.

Sua chegada despertou entusiasmo, especialmente em Frederico Engel, um hoteleiro de Foz do Iguaçu. Movido por um sentimento patriótico, Engel organizou uma comissão para receber Santos Dumont. O aviador foi hospedado no Hotel Brasil, onde sua assinatura ainda está preservada no livro de hóspedes, datada de 24 de abril de 1916.

Em sua visita, Santos Dumont ficou deslumbrado com a paisagem das Cataratas do Iguaçu. Acompanhado por Frederico Engel e seu filho, ele percorreu 18 quilômetros de mata virgem a cavalo até chegar às quedas d’água. A beleza natural e a força das quedas deixaram Dumont sem palavras, conforme relatou ao Jornal Estado de São Paulo em maio de 1916:

“Imagine uma imensa queda d’água oferecendo o mais bizarro pitoresco deste mundo: cachoeiras numerosas e variadíssimas ilhas espalhadas por ali, e a vegetação, e uma infinidade de aspectos belíssimos.”

Porém, a maior surpresa de Dumont foi saber que as terras das cataratas pertenciam a um estrangeiro, Jesus Val, que havia arrendado a área. Esse fato incomodou profundamente o aviador, que acreditava que tal maravilha natural deveria ser de propriedade pública.

Decidido a mudar o status das Cataratas do Iguaçu, Santos Dumont embarcou em uma missão pessoal para desapropriar a área. Ele viajou até Curitiba para se encontrar com o presidente do estado do Paraná, Affonso Camargo. Três meses depois, em resposta ao apelo de Dumont, o governo estadual emitiu um decreto de desapropriação, declarando a área de utilidade pública. Essa ação culminou na criação do Parque Nacional do Iguaçu, oficializado em 1939, garantindo a proteção das cataratas.

O papel de Santos Dumont na preservação das Cataratas do Iguaçu foi finalmente reconhecido em 1979, quando uma estátua de bronze foi erguida no Parque Nacional. A mobilização para a instalação da estátua foi liderada por Elfrida Engel Nunes Rios, filha de Frederico Engel, que, aos 16 anos, conheceu Santos Dumont em sua histórica visita às cataratas.

A estátua, em tamanho real, simboliza a visão de Santos Dumont não apenas como aviador, mas também como um pioneiro da preservação ambiental. A frase que ficou eternizada em sua visita reforça esse papel:

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“Esta maravilha não pode continuar a pertencer a um particular” – Santos Dumont, 25 de abril de 1916.

Santos Dumont não apenas mudou a história da aviação, mas também demonstrou uma profunda consciência ambiental ao lutar pela preservação das Cataratas do Iguaçu. Sua defesa das cataratas antecipou debates sobre sustentabilidade e conservação da natureza que só ganhariam força muitos anos depois.

Graças à sua visão e persistência, milhões de turistas podem visitar hoje uma das maiores maravilhas naturais do Brasil. No entanto, muitos desses visitantes desconhecem que foi o Pai da Aviação quem deu os primeiros passos para a preservação das Cataratas do Iguaçu, transformando-as em patrimônio público.

Para aqueles que desejam saber mais sobre essa parte fascinante da história de Santos Dumont, convido-os a ler o texto que venceu o concurso cultural “Santos Dumont e suas obras”, promovido em 2020 pela prefeitura da cidade de Santos Dumont, em Minas Gerais, onde Santos Dumont nasceu.

Na realidade, na época, o município tinha outro nome. Em 31 de julho de 1932, o município de Palmyra recebeu o nome de Santos Dumont, porque o célebre inventor nasceu na Fazenda Cabangu, localizada a 16 quilômetros da então vila de João Gomes. Isto deu muito prestígio ao município e, para homenageá-lo, mudou-se o nome.

O texto premiado foi escrito pela jornalista Izabelle Ferrari, que documentou em detalhes a visita de Dumont e seu impacto nas Cataratas do Iguaçu.

Esse texto está disponível no seguinte sítio.

Essa faceta ambientalista de Santos Dumont reforça seu legado não apenas como o Pai da Aviação, mas também como um pioneiro na defesa do meio ambiente, que lutou pela preservação de uma das maiores maravilhas naturais do Brasil.

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