Alessandro Valentim: Na Umbanda, o Dia das Bruxas também é Dia das Pombagiras

As Pombagiras representam a sabedoria ancestral que sobreviveu ao tempo e à opressão

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O Dia das Bruxas, 31 de outubro, é visto por muitos como uma data para festas e fantasias, mas para a Umbanda, essa é também uma oportunidade de louvar e reconhecer figuras importantes na espiritualidade afro-brasileira, como as Pombagiras, senhoras que, assim como as bruxas de tempos passados, carregavam o conhecimento das ervas e da magia. No entanto, o preconceito as queimou na fogueira, e o mesmo estigma construiu uma imagem distorcida dessas mulheres e de todos que, hoje, seguem a espiritualidade e a magia.

As Pombagiras representam a sabedoria ancestral que sobreviveu ao tempo e à opressão. Assim como as bruxas na Europa medieval eram conhecedoras das plantas, dos ciclos da natureza e dos rituais de cura, as Pombagiras detêm um saber que liga o sagrado feminino à resistência cultural e religiosa. Elas são guardiãs de uma linhagem que nos ensina sobre proteção, autoconhecimento e o poder da palavra. Apesar da aura de mistério, esses conhecimentos eram, na verdade, expressões da sabedoria popular e da relação íntima com a natureza.

O preconceito, no entanto, transformou o entendimento da espiritualidade afro-brasileira e da magia em algo temível. “Bruxa” passou a ser uma palavra associada ao mal, assim como “macumba” e “macumbeiro” ainda enfrentam estigmas na sociedade atual. Essa imagem não é apenas uma falácia histórica, mas também uma forma de silenciar vozes que, por gerações, se mantiveram fiéis a um conhecimento que o tempo e a repressão nunca conseguiram apagar.

Hoje, o macumbeiro é, sim, um bruxo, mas em um sentido mais autêntico. Ser macumbeiro é manter viva a herança dos nossos ancestrais, é saber que os rituais e oferendas são fé nos Orixás e que as práticas sagradas como o uso das ervas e dos pontos cantados são fontes de cura e resistência. O macumbeiro é aquele que, apesar dos preconceitos e das fogueiras modernas que ainda tentam queimá-lo, continua a exercer sua fé com orgulho e respeito.

Neste 31 de outubro, que seja um parabéns para todos nós macumbeiros, bruxos, filhos e filhas das Pombagiras e de todos aqueles que ainda mantêm viva a chama da espiritualidade afro-brasileira.

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