O coletivo En La Barca apresenta uma nova produção intitulada “Um homem sem importância”, que explora a vida e obra de dois ícones do teatro brasileiro, Plínio Marcos e Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha). Inspirado na carta que Leo Lama escreveu para seu pai, Plínio Marcos, no dia de sua morte, o espetáculo propõe uma reflexão sobre o impacto da ditadura civil-militar de 1964 na vida de dois artistas cuja trajetória foi marcada pela censura e pela resistência. Com Bruno Peixoto na direção e atuação solo, a peça fica em cartaz até 10 de novembro, no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro.
“A peça resgata a luta de Plínio Marcos, um dramaturgo que enfrentou a censura por mais de duas décadas,” explica Peixoto. “Com uma abordagem documental, a encenação revela o Plínio além do ‘autor maldito’, mostrando um homem que buscava um propósito mais profundo em sua vida e obra.”
A peça e seu contexto
O coletivo En La Barca traz uma montagem minimalista, onde objetos como uma maleta, banquinhos e flores amarelas recriam os cenários e memórias do universo de Plínio Marcos. Segundo Peixoto, a figura do palhaço desempenha um papel essencial na encenação, refletindo o início da carreira de Plínio como Palhaço Frajola no circo. “O palhaço representa o fracasso, mas com um sorriso no rosto. Ele incorpora as contradições do próprio Plínio, que enfrentava as durezas da vida sem perder a compaixão,” comenta o ator e diretor.
Além das memórias de Plínio, a dramaturgia documental inclui manuscritos de Vianinha, conhecido por seu compromisso com uma dramaturgia crítica e pela defesa de um teatro que refletisse as lutas e contradições sociais brasileiras. “Vianinha buscava um teatro radicalmente crítico, que não perdesse a ternura ou o bom humor. Esses elementos estão presentes no espetáculo e mostram a afinidade entre os dois dramaturgos,” destaca Peixoto.
Um tributo à “geração interrompida” do teatro brasileiro
En La Barca comemora seus dez anos de atividades artísticas em 2024 e aproveita a montagem de “Um homem sem importância” para homenagear o legado de Plínio e Vianinha, que faleceram há 25 e 50 anos, respectivamente. “Ao preservar a memória desses autores, o teatro assume um papel no ajuste de contas com a História que nossa sociedade ainda precisa fazer,” reforça o coletivo.
O espetáculo é uma realização da Jacuba Produções Artísticas e conta com consultoria artística de João Raphael Alves, Kailany Guimarães e Marcelo Valle. Em paralelo às apresentações, o coletivo também mantém o Laboratório de Estudos Documentais nas Artes Cênicas (LEDAC), onde promove a formação de atores na tradição do teatro documental.
Serviço
- Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto – Rua Visconde de Silva s/n, Humaitá, Rio de Janeiro
- Data: 1 a 10 de novembro de 2024
- Horário: Sextas e sábados às 20h; domingos às 19h
- Ingressos: R$ 40,00 (inteira); R$ 20,00 (meia) – Link para compra
Ficha Técnica
- Direção e atuação: Bruno Peixoto
- Dramaturgia e criação: Anna Fernanda e Bruno Peixoto
- Figurinos e objetos: Anna Fernanda
- Iluminação: Bruno Peixoto e Thiago Gouvêa
- Produção: Jacuba Produções Artísticas