A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta quinta-feira (14/11) o Projeto de Lei 1950/23, de autoria dos deputados Profº Josemar (Psol) e Vinicius Cozzolino (União), que declara o Estádio de São Januário, sede do Clube de Regatas Vasco da Gama, um patrimônio histórico, cultural e turístico do Estado do Rio de Janeiro. O projeto segue agora para sanção do governador, que tem até 15 dias para decidir.
“O Estádio de São Januário é um símbolo para os vascaínos e um marco da história do futebol no Brasil. Antes mesmo do Maracanã, ele já era o principal estádio do Rio de Janeiro. Com esse reconhecimento, esperamos reforçar sua atratividade como destino turístico, atraindo visitantes nacionais e internacionais interessados em vivenciar o futebol e conhecer a história cultural fluminense”, destacou Cozzolino.
Segundo os autores, São Januário foi palco de momentos marcantes na história do país, especialmente nas décadas de 1930 e 1940. Em 1940, o então presidente Getúlio Vargas anunciou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) durante um comício realizado no estádio, marcando um divisor de águas para os direitos dos trabalhadores no Brasil. No mesmo ano, o estádio recebeu uma apresentação histórica de um coral de 40 mil estudantes regidos por Heitor Villa-Lobos. Em 1945, durante a redemocratização, o estádio sediou um comício de Luis Carlos Prestes, com mais de 100 mil pessoas, que foi determinante para a legalização do Partido Comunista. No mesmo ano, São Januário também foi palco do desfile das escolas de samba, com a Portela saindo vencedora.
“Além do valor cultural, a declaração como patrimônio fortalece o valor turístico de São Januário. Vale ressaltar que o reconhecimento previsto no projeto não impõe restrições ao uso do imóvel”, explicou Vinicius Cozzolino.
A importância de São Januário está ligada também à história do Vasco, um clube que sempre enfrentou preconceitos e perseguições políticas devido à sua inclusão e pioneirismo social. Em 1924, após sucessivas vitórias, jogadores do Vasco, a maioria negros e operários, passaram a ser investigados por atividades profissionais fora dos gramados. Essa fiscalização, de caráter racista, buscava associar as atividades dos jogadores a práticas ilegais. Desde então, o clube se consolidou como um ícone da luta contra a discriminação e pela valorização da diversidade no esporte brasileiro.