Álvaro Tàllarico: Dia da Consciência Negra é arte em movimento; confira

O Dia da Consciência Negra é mais do que uma celebração e convida à reflexão. Confira algumas dicas culturias para engrandecer seu conhecimento e gratidão.

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consciência negra com o jornalista alvaro tallarico
André Ramiro e Isabel Filardis em 'Madame Durocher' (divulgação)

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, cresce no calendário nacional ao ser oficializado como feriado em todo o Brasil. A data homenageia Zumbi dos Palmares e destaca a luta histórica contra a escravidão e o racismo estrutural que ainda persiste. Mais do que uma celebração, este dia convida à reflexão sobre o legado e a resistência das populações negras no país.

Pessoalmente, a partir de pesquisas, consegui descobrir que sou descendente de angolanos, nigerianos e do norte da África. E com muito orgulho! Pode me chamar de pardo, de preto, de brasileiro. Enquanto isso, o movimento pela valorização da cultura afro-brasileira ganha força em diversas frentes: literatura, cinema, música e eventos culturais. Confira alguma dicas que separei a seguir.

Usando a Língua ao vivo

Para quem busca uma experiência vibrante e interativa, o programa Usando a Língua AO VIVO será realizado no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) no dia 26 de novembro. Sob direção e apresentação da atriz Jana Guinond, o evento reunirá nomes como Dom Filó, o filósofo Renato Noguera e a jornalista Kiratiana Freelon para um debate dinâmico sobre amor, cultura e resistência. Com entrada gratuita, é uma oportunidade de se conectar com temas urgentes de forma leve e engajada. Faz parte da Mostra Cultural Consciência Negra do CCJF.

Programa Usando a Língua na Cultne TV vai aonde o povo está, ou melhor, convida geral para assistir de perto, no Centro Cultural Justiça Federal, o Usando a Língua AO VIVO

Madame Durocher: histórias apagadas ganhando voz

No cinema, o lançamento de Madame Durocher ilumina as histórias de personagens históricos negros que enfrentaram o preconceito no Brasil imperial. Dirigido por Dida Andrade e Andradina Azevedo, o filme retrata Marie Josephine Mathilde Durocher, primeira mulher a integrar a Academia Nacional de Medicina, além de outros personagens igualmente marcantes, como Clara, interpretada por Isabel Fillardis. Com pesquisa histórica detalhada, a obra desafia o apagamento histórico e nos convida a refletir sobre o papel das mulheres negras no passado e no presente.

Arte e resistência: Porta do Cruzeiro

A música também tem papel fundamental na celebração da consciência negra. O clipe Porta do Cruzeiro, do Duo Rosa Amarela, é uma dica imperdível. Tem tudo a ver com o mês da Consciência Negra. O vídeo traz uma poesia visual e musical que reverencia as tradições afro-brasileiras, com destaque para elementos da cultura negra como resistência e ressignificação. É uma obra que convida o espectador a se emocionar e refletir sobre a força das heranças culturais. Assista abaixo.

Agenda dos Orixás e a conexão espiritual

Entre os lançamentos que fortalecem a ancestralidade, destaque para a “Agenda dos Orixás“, que conecta espiritualidade e cultura. A iniciativa aborda a identidade afro-brasileira, sendo um convite para redescobrir e respeitar as raízes africanas. Essa agenda é um lembrete vivo de que o diálogo com a ancestralidade pode transformar a forma como enxergamos a espiritualidade.

Convite à reflexão

Para quem busca aprofundar sua compreensão sobre racismo, resistência e empoderamento, a literatura oferece caminhos ricos e transformadores. Obras como Ás de Espadas, que aborda racismo estrutural e homofobia em uma narrativa de suspense, e A (des)educação do negro, um manual antirracista clássico de 1933, são leituras essenciais. Negros Gigantes, de Alê Garcia, explora trajetórias de personalidades inspiradoras, enquanto Vamos Falar de Racismo incentiva diálogos com perguntas reflexivas. Já 1968: Centelhas sob Palha Seca entrelaça protestos na França e resistência à ditadura no Brasil, oferecendo um olhar histórico poderoso. Essas e outras obras, como Ana Preta, que resgata a história de uma heroína anônima da Guerra do Paraguai, são convites para reflexões profundas e ações transformadoras.

Porém, o Dia da Consciência Negra não se limita a um único dia no calendário. É um movimento contínuo de valorização da cultura, resgate histórico e transformação social. Seja nas páginas de livros que revelam as cicatrizes do racismo, na música que ecoa resistência ou no cinema que dá voz a histórias silenciadas, cada iniciativa é um passo na construção de um futuro mais igualitário.

Em novembro, o Brasil respira luta, reflexão e arte. Vamos juntos celebrar, aprender e transformar. Afinal, “a liberdade é construída por mãos e mentes livres”.

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