O Rio e o mundo: os suíços de Friburgo

Foi a primeira migração do mundo acordada entre governos. Os 2.006 suíços vinham de vários locais como Friburgo, Berna, Valais, Vaud, Neuchâtel, Genebra, Aargau, Solothurn, Lucerna e Schwyz

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Casa Suíça, inaugurada em 1º de agosto de 1987, está localizado o Memorial da Colonização Suíça como também uma queijaria e uma pequena fábrica de chocolate. © Flickr Marcusrg

A série de matérias “O Rio e o mundo“, produzida pelo DIÁRIO DO RIO, vai contar a história de suíços em Nova Friburgo. Esse nome, inclusive, tem a ver com o local de onde muitos desses europeus vieram.

No século XIX, a Europa viveu uma grande crise econômica que afetou mais fortemente alguns países. A Suíça foi um deles, que ainda sofreu com a erupção no Monte Tambora, em 1815. Sem conseguir competir com países industrializados e após sequências de colheitas fracas, cerca de 2 mil suíços emigraram para o Brasil entre 1818 e 1819.

“Longas negociações entre o governo português e o cantão de Friburgo definiram os detalhes da chegada desse primeiro grande grupo. Ficou decidido que a colônia se chamaria Nova Friburgo e os imigrantes perderiam a cidadania suíça, tornando-se ‘súditos do rei de Portugal”, informa o portal Suíços do Brasil.

Foi a primeira migração do mundo acordada entre governos. Os 2.006 suíços vinham de vários locais como Friburgo, Berna, Valais, Vaud, Neuchâtel, Genebra, Aargau, Solothurn, Lucerna e Schwyz.

“As condições da viagem foram tão precárias que apenas 1.617 chegaram (e 14 bebês nasceram durante a viagem). A região era assolada pela malária. Foi nesse cenário que os suíços pioneiros fundaram a primeira colônia de europeus não portugueses no Brasil“, detalha o texto publicado no Suíços do Brasil.

Após a travessia, veio o encantamento. O mineralogista John Mawe, ainda em 1809, descreveu a terra onde seus compatriotas viriam a viver: “Esta fazenda, nas mãos de um agricultor experimentado e hábil, poderia produzir resultados maravilhosamente compensadores. O solo é úmido, adaptável ao plantio, não só do milho, como do trigo, cevada, batatas etc., e tão bem irrigado por numerosas correntes provindas das montanhas que as pastagens estão sempre verdejantes. Aqui existem magníficas quedas d’água e a terra é abundante em excelente madeira. Assim, moendas de milho poderiam ser construídas com menor despesa do que a necessária para a compra de moinhos de pedra. Se estivesse ligado à fazenda das freiras mais abaixo, este estabelecimento transformar-se-ia num dos mais completos e lucrativos do Brasil.”

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Nova Friburgo durante sua colonização 1820-1830. Imagem: House of Switzerland

Contudo, se de um lado as condições climáticas favoreciam a adaptação dos suíços, por outro, a presença da selva era um desafio. “A propriedade é infestada de vez em quando por onças”, relatou Mawe.

O local escolhido, a uma altitude de cerca de 1.000 m, estava imerso na Mata Atlântica, onde a pujança das matas se manifestava em árvores de elevado porte, como o jequitibá. Mawe, em sua curta passagem, identifica algumas: vinhático, cedro, óleo, peroba, cabiúna, jacarandá, jacaratinga, ubatã, palmeiras, grafuana“, frisou o portal Suíços do Brasil.

Além das dificuldades de cultivo por conta da mata fechada, os suíços foram acometidos por um surto de malária, conhecida como “febres de Macacu”. Só no primeiro ano, 146 pessoas do grupo morreram da doença.

Os grandes problemas iniciais passaram e os suíços, aos poucos, se instalaram na Nova Friburgo e construíram uma cidade que até hoje cultiva tradições desse passado. O último navio vindo da Suíça para o Rio de Janeiro chegou em 1820.

Em 1977 aconteceu uma reaproximação da Suíça com Nova Friburgo. No citado ano, o engenheiro Ariosto Bento de Melo esteve no país. Lá, ele conheceu um estudo sobre a imigração dos suíços para a cidade.

Dois anos depois surgiu a Associação Nova Friburgo – Fribourg que trabalha em conjunto com a “Fribourg-Nova Friburgo”, na Suíça. Essa parceria resultou em muitos projetos, como as construções da Queijaria e Chocolataria Escola (1987), da Escola Municipal Vevey la Jolie (1990), da Casa Suíça de Nova Friburgo (1996), da Escola Estadual Mário Calderaro (1996) e da Associação Friburguense de Pais e Amigos do Educando (Afape), também em 1996.

Hoje em dia, Nova Friburgo mantém viva a presença suíça na cidade com a realização, por exemplo, do Agosto Suíço. Durante todo este mês, acontecem ações que resgatam a presença e história dos europeus. Em 2017, a cidade ganhou o título de “Suíça Brasileira”.

A próxima mateira da série O Rio e o mundo será sobre os japoneses em Itaguaí.

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