Verão 2025: dias quentes e pancadas de chuva aumentam a proliferação do mosquito causador da dengue

Além do clima mais abafado e úmido, maior circulação dos diversos sorotipos do vírus pode aumentar ainda mais os casos de arboviroses no país

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De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, foram registrados mais de 6,5 milhões de casos prováveis de dengue em 2024 e 5.881 óbitos confirmados. Apenas no Rio de Janeiro, segundo o Ministério da Saúde, foram quase 300 mil casos prováveis, com 227 que evoluíram para óbito – fazendo com que a cidade ficasse em 8º lugar entre as que registraram números elevados. Com a chegada do verão, em dezembro, que traz pancadas de chuva frequentes e dias mais quentes, a tendência é que haja um aumento de casos de dengue e outras arboviroses, como a Zika, a Chikungunya e o Oropouche.

“A dengue, a Zika e a Chikungunya são transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti, que tem a sua reprodução favorecida, principalmente, por ambientes com acúmulo de água parada e temperaturas mais elevadas. Como os verões no Rio de Janeiro têm sido cada vez mais intensos e com temperaturas além dos 40ºC, é esperado que os casos tenham um grande aumento no início de 2025, já que o tempo que o mosquito leva para se desenvolver totalmente é bem menor em épocas quentes se comparado com dias mais amenos”, explica a dra. Luisa Chebabo, infectologista dos laboratórios Sérgio Franco e do Bronstein, que fazem parte da Dasa. “E esse aumento não está ocorrendo apenas no Brasil. As mudanças climáticas dos últimos anos desempenharam um papel essencial na disseminação de arboviroses no mundo, fazendo com que elas estejam mais presentes em países que não têm um clima tropical, como Portugal, Espanha e outros locais da Europa.”

A dengue é a doença mais comum transmitida pelo mosquito, com sintomas como febre alta, dor atrás dos olhos, dor no corpo, cansaço e manchas vermelhas na pele. Em casos mais sérios, pode evoluir para a forma grave, que leva a sangramentos e até ao óbito caso não seja tratada de maneira adequada. Atualmente, o Brasil registra a presença dos quatro sorotipos da doença: DENV-1 e DENV-4, considerados menos virulentos, e DENV-2 e DENV-3, geralmente associados aos casos mais graves.

A Chikungunya, por sua vez, é caracterizada, principalmente, por dores intensas nas articulações, que podem durar semanas ou até meses, além de febre e mal-estar. Já a Zika, que tende a ser assintomática na maioria dos casos, pode levar a quadros de febre baixa, erupções cutâneas e dor nas articulações, sendo ainda mais preocupante para as gestantes, já que aumenta as chances de desenvolvimento de microcefalia nos bebês.

Apesar de ser relacionado, na maioria das vezes, com o Culicoides paraensis, também conhecido como mosquito-pólvora, o vírus Oropouche também pode ser transmitido pelo Culex quinquefasciatus, popularmente chamado de pernilongo, e deve ser outro ponto de atenção durante o verão. Seus principais sintomas incluem febre, dores musculares, dor de cabeça, dor retro-orbital (atrás dos olhos), calafrios, náuseas, vômitos e erupções cutâneas. Em alguns casos, pode haver também inflamação nas articulações e conjuntivite.

“Existem diversas ações que podem prevenir essas arboviroses. Uma delas é a vacina da dengue, que deve ser tomada em duas doses e com três meses de intervalo entre elas. No dia a dia, a principal medida é eliminar os locais de reprodução do mosquito, como pneus, garrafas, caixas-d’água e vasilhas destampadas e qualquer recipiente que possa acumular água. Durante temporadas de calor ou chuvas mais frequentes, essas ações devem ser feitas ao menos uma vez por semana por conta, principalmente, do ciclo de reprodução mais acelerado do mosquito. Além disso, o uso de repelente e de roupas de mangas longas, além da instalação de mosquiteiros em portas e janelas, também são recomendações adicionais para reduzir o risco de infecção”, detalha a especialista.

Caso um ou mais sintomas de dengue, Zika, Chikungunya ou Oropouche seja identificado, é importante que o paciente busque atendimento médico especializado o quanto antes para evitar a evolução para quadros graves da doença.

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Renata Granchi
Renata Granchi é jornalista e publicitária com mestrado em psicologia. Passou pela TV Manchete, TV Globo, Record TV, TV Escola e Jornal do Brasil. Escreveu dois livros didáticos e atualmente é diretora do Diário do Rio. Em paralelo, presta consultoria em comunicação e marketing para empresas do trade.

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