Não são fogos

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Por Mel Gadelha

Ninguém Fala Moro em Copa há exatos 10 anos. É um dos poucos bairros no Rio que definitivamente não param. É sempre aquela movimentação durante a semana e nos finais de semana. Sempre gente na rua ou na orla, muitos lugares abertos e também tem a questão do metrô, que colabora para esse "tumulto" todo, como alguns definem o bairro (eu adoro!). Moro praticamente na quadra da praia, numa das ruas mais tranquilas.

 

No entanto, para minha surpresa, no último domingo, um dia tranqüilo e que sempre passamos com a família, foi um dos dias mais barulhentos para quem mora na região. Confesso que sou meio distraída e sempre confundi o barulho dos tiros com o dos fogos. Ok, podem rir à vontade. Mas no último domingo, na hora do almoço, foi impossível confundir. Era muito tiro. Muito mesmo! De assustar. E volto a dizer: moro quase na praia, bem longe da Ladeira dos Tabajaras. Por isso nem imagino o desespero que passaram os moradores que residem ali perto.

No dia seguinte, segunda-feira, o clima era de tensão. Por sorte, entrei, saí e voltei ao bairro antes dos tiroteios que fecharam as ruas Santa Clara e Figueiredo de Magalhães, fora o fechamento do Túnel Velho na hora do almoço. À noite, Copa estava esquisita demais. Quase não tinha gente na rua. Todo mundo com medo, olhando para os lados e estes poucos pedestres andavam rápido para casa. Um silêncio jamais visto nas redondezas e que só era interrompido com tiros.

 

Assisti aos telejornais da noite, li os jornais de hoje de manhã e só existe uma coisa que me surpreende mais do que tamanha violência que tomou o bairro nestes dois últimos dias: o silêncio das autoridades. E pior: a imprensa não cobra absolutamente nada. Ninguém fala e parece, também, que ninguém vê o tanto que esta cidade está entregue. E ninguém nem ouve mais os tiros. Devem achar que são fogos. E depois a distraída sou eu.

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