O Memorial do Holocausto vai virar realidade. Ontem pela manhã, o prefeito Marcelo Crivella e a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Bergher descerraram a placa da Pedra Fundamental do Monumento às Vítimas do Holocausto, no Parque Yitzhak Rabin, em Botafogo.
A construção do memorial insere a cidade do Rio de Janeiro entre as grandes metrópoles do planeta que rendem homenagens às vítimas do genocídio nazista, como Paris, Berlim, Nova York, Washington e Londres. Em seu discurso, Crivella lembrou do idealizador do Memorial, o deputado Gerson Bergher, morto em 2016. Para o prefeito, a execução da obra sob sua gestão, depois da recusa de seus antecessores em tocar o projeto, simboliza o compromisso da Prefeitura com a igualdade e o respeito aos povos.
– A maior homenagem que podemos prestar aos seis milhões de judeus mortos pelo nazismo é bradar ao mundo: Holocausto, nunca mais!, afirmou Crivella.
O monumento terá 22 metros de altura. Na sua base estará escrito um dos Dez Mandamentos: “
– O Memorial é um marco de resistência contra o esquecimento, porque, sete décadas depois, o mundo continua matando inocentes e deixando muitas crianças órfãs, disse Teresa Bergher.
Quando o arquiteto André Orioli apresentou o projeto vencedor do concurso promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, em 1988, jamais poderia imaginar que hoje esta frase seria tão atual. A obra rende homenagens às vítimas do massacre nazista contra judeus e outras minorias durante a Segunda Guerra Mundial, mas serve sobretudo para nos lembrar da importância de uma cultura de paz e tolerância.
Financiado exclusivamente com recursos privados, o Memorial do Holocausto será construído no alto do Mirante do Pasmado, e contará com anfiteatro, galeria para exposição e sala de mídia digital. A construção do memorial está prevista na lei 4665, promulgada em 2007, de autoria de Teresa Bergher. O local terá rampas de acesso, área para solenidades, galeria circular com três divisões, abrigando a galeria da Memória, com 300 m², espaço de mídias interativas de 182 m², auditório para 130 pessoas, copa, administração e sala de reuniões.
– Quando idealizamos o projeto, fomos ao Museu do Holocausto, em Jerusalém. Eles apoiaram a iniciativa e ficaram de nos enviar objetos das vítimas para o acervo, como roupas e sapatos. Vou tentar trazer também um vagão de um dos trens que levavam as vítimas para os campos de concentração. Este monumento é uma luta antiga. O massacre de seis milhões de judeus não pode ser esquecido. É como se matassem todos os habitantes da cidade do Rio de Janeiro, sem contar vítimas de outras minorias”, afirmou Teresa Bergher.
Além do prefeito Marcelo Crivella e da secretária Teresa Bergher, a cerimônia contou com a presença de crianças da rede municipal de ensino e das escolas judaicas, sobreviventes do Holocausto, judeus e outras minorias vítimas da perseguição do Nazismo, como homossexuais, ciganos, deficientes físicos e testemunhas de Jeová.
Presente ao evento, o embaixador de Israel, Yossi Shelly, se disse bastante emocionado com a cerimônia:
– Devemos lembrar sempre o Holocausto. Só assim, o mundo vai evitar repetir esse horror no futuro.
Durante a cerimônia, o arquiteto André Orioli apresentou o projeto, com exibição de vídeo com depoimentos de sobreviventes do Holocausto e a leitura do manifesto dos combatentes do Gueto de Varsóvia. A banda da Guarda Municipal encerrou a solenidade.