A história da política do Rio de Janeiro

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Cesar Maia e o tucano Ser político é conhecer a história e bem. Assim como para entender da política hoje tem de se entender de história. Hoje o ex-prefeito Cesar Maia através de seu ex-blog dá uma ajuda a quem quer entender a política carioca.

 

Maia vai do início da República, passando pelo Governo Militar, Lacerda, Chagas, Brizola, ele mesmo até chegar a Eduardo Paes. Vale a leitura atenta:

1. Desde o início da República a política carioca é polarizada entre dois vetores. De um lado, os que entendem que a questão social passa pela informalidade, do trabalho ao solo. No lado oposto, os que entendem que o progresso passa pela estrita observância da ordem e da propriedade. No primeiro, estiveram sempre os populistas sociais, trabalhistas, o populismo de clientela, os socialistas, os comunistas e recentemente, os populistas evangélicos. No início dos anos 30 constituiu-se um amplo arco de convergências entre todos estes grupos, e o partido autonomista obteve 70% dos votos em 1934. Em 1947 o partido comunista venceu as eleições no Rio com 34% dos votos e afirmou uma sólida base nas associações de melhoramentos nas favelas. Colocado na ilegalidade, avançaram sobre suas bases um setor católico, o ademarismo lastreado no jornal popular (A Notícia) e o trabalhismo de Vargas.

 

Carlos Lacerda 2. O vetor oposto, ordem e propriedade, se afirmou principalmente com a convergência entre o setor imobiliário/construção, o higienismo, a direita católica e a classe média dos bairros mais valorizados. O setor imobiliário/construção alterna seus empresários como dirigentes municipais por toda a República Velha. Mas sobrepõe a lógica do lucro imobiliário, focalizando a ordem e propriedade na dinâmica espacial que lhe interessa. A moradia/transporte da mão-de-obra mais barata (favelas) não incomodava enquanto cumpria alguma distância. No início dos anos 60, com Lacerda, afirma sua hegemonia na cidade. Mas este caminha ao centro, priorizando a administração pública ao lado da ordem no solo dos bairros valorizados. A eleição de 60 havia ensinado.

 

3. Esses processos constituem bases de voto ou opinião pública em torno de 30% para cada lado. A direita com uma dificuldade extrema de avançar além disso. O próprio Lacerda vence a eleição nessa faixa de voto. E, apesar de um governo com atuação exemplar na infraestrutura urbana e na administração pública, não consegue levar seu sucesso para fora desse patamar. Vence a oposição com Negrão de Lima, que realiza um governo híbrido, concluindo as ações de infraestrutura e a política de remoções de Lacerda, e mantendo a plasticidade exigida pelos setores populares.

 

4. O regime autoritário procura o caminho de menor atrito, numa cidade/estado com forte mobilização popular. Entrega o poder ao ademarismo renovado com Chagas, o populismo de clientela com base em um jornal popular. A fusão dos estados apenas retarda cinco anos este processo, que retorna crismado pelo regime autoritário. O debilitamento completo da direita política dá sequência ao vetor que se apóia na informalidade, com Brizola, com características socialmente mais orgânicas.

 

5. Do início dos anos 90 ao ano passado, assume a hegemonia política um vetor intermediário, mas não híbrido, que faz convergir políticas urbanas nos bairros e favelas (nestas, com apoio do BID) e destaca a administração pública. Afasta-se das posições polares e, em 2004, chega à maioria absoluta na maior votação distribuída espacialmente de todos os tempos.

 

 

6. Neste ano, um novo poder municipal é assumido a partir do voto popular. Mas perigosamente se afasta do eleitor e passa a governar na fórmula mais extrema da radicalidade. Retorna o higienismo e a expectativa imobiliária. Se vale a história política carioca, retorna a um nicho minoritário como nos anos 60. Provavelmente menor, pelo uso da repressão como forma de se exaltar a si mesmo, num modelo europeu dos anos 20 e 30 e pelo desprezo ao servidor público. Acompanhemos

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