Me chamo Sebastião, mas a maioria me conhece como Cidade Maravilhosa, ou Rio. Os mais íntimos costumam me chamar de “casa”, “errejota”, “021” e quetais. Apesar de já ter sido chamada de Paris dos trópicos, parece que hoje estou mais para Bagdá tupiniquim.
Brother, na boa, eu tenho praia, tenho sol, tenho gente bonita, gente guerreira, tenho simpatia, tenho tudo para fazer sucesso no mundo e ser muito melhor que Barcelona, Paris e essas cidadezinhas por aí. Mas, apesar de tudo isso, também tenho um monte de governante foda. Hoje, a minha praia tá poluída, meu sol não atrai mais tanto turista, e a gente bonita e guerreira está desempregada e sofrendo com uma crise bizarra que eu nunca tinha visto antes.
Tem um tal de Pezão, que tinha como função colocar dinheiro no cofre e o que o maluco me faz? Uma licitação pra serviço de taxi aéreo! Na boa, só pode estar de sacanagem. Antes dele veio o Serginho Maland… digo, Cabral – talvez o Malandro tivesse sido melhor. Esse já tá vendo o sol nascer quadrado. Nada mais justo, depois de ter sacaneado a gente.
E isso que eu tô falando de estado. Município, camarada, a bola não anda tão cheia também não…
Tem pouco tempo que foi eleito um bispo pra ser Prefeito (onde já se viu, né? Só nessa terra de jabuticaba), que tem sido visto nas dependências do Engenhão, sempre que tem jogo do Botafogo. Vai ver é pra isso que se elegeu: pegar um camarote 0800. Malandro é malandro, mané é mané.
Antes desse camarada veio o tal de Dudu, Eduardo Paes. Mermão, não lembro de ter visto um cara tão malandro com ele em todos os meus 450 anos de história. Ficava por aê soltando a goma de que “era o Prefeito mais feliz do mundo”. No início até acreditei, achei simpático e tal. Mas e agora, que dois secretários do cara já foram presos por roubar a nossa grana? PQP, hein, seu Duda. Parece que carioca nasceu pra ser feito de otário. Ou pede, pq quem coloca esses caras lá não sou eu.
Mas a verdade, meu querido, é que daqui a pouco vai dar pra mudar uma parte disso daí e, na boa, não sou eu que vou decidir essa parada, não. Acho que já deu de ficar levando bala perdida no meio da rua, ter de ficar fazendo toque de recolher a qualquer instante porque traficante tá trocando bala com PM, já deu de ter que ficar carregando o celular do bandido, só pra não perder o Galaxy que tu comprou em 12 vezes nas Casas Bahia e ainda tá só na terceira parcela.
Mano, a gente merece mais, muito mais. A gente merece ter salário em dia, obra honesta, rua limpa, povo empregado. Acho que não é pedir muito, né não? Na verdade, até aí, é pedir o básico. Mais do que isso é pedir pros clubes de futebol não terem dívidas – só que isso é pedir milagre.
Mas enfim, não sou eu que voto nessa bagaça, pra mim só resta aguentar esses caras que vocês insistem em escolher – só que vou contar um negócio, papo reto: já deu dessas porras, meu camarada. Outubro de 2018 tá logo aí, mete as caras no Google e vai ver o que essa galera tá propondo pra mim. Se não, depois, não quero mais saber de mimimi, de que a rua alaga, de que o PM não tem viatura, de que o hospital tá fechando. Não tenho nada a ver com isso, a culpa é de vocês. Beleza?
Então é isso, a gente se vê por aí, batendo palma no Arpex, pegando uma onda na Barra, ouvindo culto na SuperVia ou comendo a batata de Marechal. Fechou? E depois vamos ver de marcar aquele chopp que você sempre fura. ?
[…] O texto original completo (e sensacional!) do cientista político e colaborador do site, Antônio Mariano, você encontra aqui. […]