A nova comédia nacional, Chocante, é daquelas que você assiste ao trailer e pensa: “lá vem mais um besteirol brasileiro”. Acho que estou levemente traumatizada da safra Leandro Hassum, Porta dos Fundos & Cia. Para nossa sorte, esse não é um filme que trata o telespectador como irracional, pelo contrário, possui ótimas tiradas cômicas e atuações hilariantes como a do monstro da TV Tony Ramos.
A história se passa vinte anos depois do sucesso meteórico da ‘boy band’ Chocante que terminou ao vivo no Programa do Gugu por motivos que só descobrimos no final e mostra a atual rotina – sem graça e medíocre – de Téo, Tim, Tony e Clay que se reencontram no velório do amigo de banda, Tarcísio.
Apesar do “suspense” em torno do motivo pelo qual a banda terminou, o roteiro é previsível e não suscita muita curiosidade, a intenção é conduzir ao telespectador em uma trama leve e sem muitas amarras. Embora também tenha um tom melodramático em algumas cenas, não há interesse em passar qualquer lição mais profunda sobre nada. O filme é aquilo que se propõe ser: entretenimento despretensioso para família.
Dentre os pontos altos não posso deixar de citar a caricatura de empresário musical de Lessa, personagem de Tony Ramos. A caracterização está impecável com tudo aquilo que se preza um homem rico sem nenhum gosto refinado: colares enormes de ouro e prata, roupões e vestimentas com estampas de bicho (onça e gato sempre muito em alta nessa ‘tendência’) e o copo de uísque sempre na mão. Um clichê que nem todo mundo entende.
Outra cena que não passará despercebida é a pequena participação de Sônia Abraão, apresentadora da RedeTv conhecida pelo sensacionalismo. O filme começou a me ganhar nesse momento.
Marcus Majella continua provando com maestria que já saiu da sombra de Paulo Gustavo há muito tempo e caminha muito bem, obrigado com as próprias pernas e talento. É impossível não querer apertar as bochechas de Débora Lamm que interpreta a fanática, e fofa, Quézia, a única fã remanescente dos áureos tempos do grupo.
Com o preço dos ingressos lá no alto, talvez esse seja o típico filme que dê para esperar passar na televisão, ou no Telecine Play como foi mostrado em uma cena sem nenhuma sutileza, mas como sou uma enorme incentivadora das salas de cinema, posso pelo menos garantir que não é uma ida frustrante. E até a música Choque de Amor que parece que irá ficar gravada na mente durante muito tempo é facilmente esquecida 20 minutos depois. Ufa!
Direção: Johnny Araujo e Gustavo Bonafé
Coprodução: Casé Filmes, Globo Filmes, Orion Pictures e RioFilme
Roteiro: Bruno Mazzeo, Luciana Fregolente, Pedro Henrique Neschling e Rosana Ferrão
Elenco: Bruno Mazzeo (Téo), Lúcio Mauro Filho (Tim), Bruno Garcia (Tony), Marcus Majella (Clay), Débora Lamm (Quézia), Tony Ramos (Lessa), Pedro Neschling (Rod), Klara Castanho (Dora).