A Revista Cruzeiro em 1928 fez algumas previsões para o futuro do Rio de Janeiro, um futuro que já é um passado distante para nós, como seria nossa cidade em 1950. As previsões seriam do Professor Agache, que teria viajado no tempo e visto o “Rio de Janeiro do Amanhã”.
Veja algums trechos que acertaram e outros que erraram. Leiam todo o artigo no Blog do Guilherme:
Eis porque o projecto em elaboração cogita já das ligações que um dia terão de ser feitas entre o Rio e Nictheroy, entre o Rio e a Ilha do Governador, ligações intelligentemente articuladas, que com as avenidas largas, verdadeiras arterias, que se estenderão até aos suburbios extremos da cidade e as grandes ruas que communicarão os arrabaldes e bairros entre si.
Em frente á barra da Guanabara, no terreno que se conquistará ao mar pela rectificação do incongruente sacco da Glória, ficará a praça monumental – vestibulo sumptuoso da cidade – reservado ao desembarque das grandes personalidades que aqui aportarem e naturalmente destinado ás manifestações, comicios e demonstrações do povo por se tornar o logradouro de maior area e o principal centro da metropole.
Maravilha de architectura, banhada na luz de projectores occultos, esta praça terá a forma de U retangular com a abertura voltada para o Oceano, descortinando e ao mesmo tempo compondo as mais variadas e encantadoras perspectivas.
Tomando o centro da linha do fundo, a avenida Rio Branco dahi partirá, imponente, com exacto prolongamento do eixo da praça.
Uma nova e larguissima rua, formada pelo prolongamento do actual canal do Mangue, cortará perpendicularmente a Avenida Rio Branco, indo até ao mar, no cáes da antiga Alfandega. E se estenderá no seu sentido opposto, transpondo, sempre com a mesma largura, os bairros e suburbios que ficam além da Praça da Bandeira, para penetrar nas regiões aonde a cidade, livre do contraforte das montanhas e da barreira do mar, rapidamente se despeja e se desenvolve.
Essa rua passará deante da Estação Monumental a se construir nas proximidades da Praça da Bandeira, e que colherá, em um só feixe, todas as estradas de ferro que servem ao Rio: Auxiliar, Rio d’Ouro, Leopoldina e Central do Brasil.
Será a mais larga, a mais longa e mais movimentada avenida de nossa Capital, rasgada do mar até á zona dos suburbios, pondo assim estes em communicação directa com o centro da cidade.
Correndo quasi parallelamente é actual Avenida Mem de Sá, e prolongando-se além desta uma outra ampla e bella avenida virá entroncar-se com a precedente, no ponto fronteiro á referida Estação Monumental.
Receberá deste modo o centro ferroviario uma via publica de grande proporção, ligando-o aos bairros de Botafogo, Leme, Copacabana, Ipanema, Gavea e Laranjeiras.
Encurtando as distancias entre os bairros, varias outras ruas serão abertas, algumas transpondo pequenos tunneis ou cortando fraldas de montanhas, inteiramente desimpedidas para o trafego rapido e frequentemente offerecendo seductores aspectos da privilegiada natureza que é o orgulho e a alegria de nossa gente.
Mas o Rio de Janeiro de amanhã será tambem o recreio e a ventura dos forasteiros que desejem nutrir o espírito e encher o coração.
Será o grande orgulho do Brasil e a mais linda metropole do mundo.